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A) apresentar uma série de traços definidores do termo “curiosidade”. B) apontar uma série de metáforas que rementem à palavra “vida”. C) conferi...

UEG - Português - 2018 - Vestibular - Direito

Leia o texto a seguir para responder à questão.

Não há para mim uma ruptura entre o saber empírico e o saber científico, mas uma superação. Essa superação se dá na medida em que a curiosidade ingênua, sem deixar de ser curiosidade, se torna crítica. Ao se fazer crítica, tornando-se então curiosidade epistemológica, metodicamente rigorosa na sua aproximação com o objeto, promove achados de maior exatidão.

Na verdade, a curiosidade ingênua está associada ao saber do senso comum. É a mesma curiosidade que, se tornando crítica, passa a ser curiosidade epistemológica. Muda de qualidade, mas não de essência. A curiosidade de camponeses com quem tenho dialogado ao longo de minha experiência político-pedagógica é a mesma curiosidade com que cientistas ou filósofos acadêmicos admiram o mundo. Porém, os cientistas e os filósofos superam a ingenuidade da curiosidade do camponês ao aplicarem rigor metódico à sua curiosidade.

A curiosidade como inquietação indagadora, como inclinação ao desvelamento de algo, como pergunta, como procura de esclarecimento, faz parte da vida. Não haveria criatividade sem a curiosidade que nos move e que nos põe pacientemente impacientes diante do mundo que não fizemos, acrescentando a ele algo que fazemos.

Como manifestação da vida, a curiosidade humana vem sendo histórica e socialmente construída e reconstruída, precisamente porque a passagem da ingenuidade para a criticidade não se dá automaticamente. Uma das tarefas precípuas da prática educativa-progressista é exatamente o desenvolvimento da curiosidade crítica, insatisfeita, indócil. Curiosidade com que podemos nos defender dos "irracionalismos" decorrentes do ou produzidos pelo excesso de "racionalidade" de nosso tempo altamente tecnologizado.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 55. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2017. p. 32-33. (Adaptado). 
Defende-se no texto a tese segundo a qual

A) a curiosidade crítica é essencialmente oposta à curiosidade ingênua do senso comum, razão pela qual o conhecimento científico deve substituir o senso comum.

B) os conhecimentos filosófico e científico são construídos a partir das respostas que o ser humano encontra para os grandes mistérios da natureza.

C) a curiosidade, sendo parte constituinte da vida humana, está presente nos diversos modos de conhecimento, do senso comum ao saber científico.

D) a prática educativa-progressista tem como finalidade levar o ser humano a aplicar cotidianamente o saber escolar tradicional e o saber tecnológico.

E) a passagem da curiosidade ingênua para a curiosidade crítica se dá por meio de um salto qualitativo do ponto de vista epistemológico.

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