A) “Onde morri, existo” (L. 2). B) “E das peles que visto / muitas há que não vi” (L. 3‐4). C) “Desisto / de tudo quanto é misto / e que odiei ou...
Carlos Drummond de Andrade.
Claro Enigma.
Ulisses
O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo ‐
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo.
Este, que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.
Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade,
E a fecundá‐la decorre.
Em baixo, a vida, metade
De nada, morre.
Fernando Pessoa. Mensagem.
*conversa íntima entre casais.
A) As noções de que a identidade do poeta independe de sua existência biográfica, no “Sonetilho”, e de que o mito se perpetua para além da vida, em “Ulisses”, produzem uma analogia entre os poemas.
B) As referências a Mefisto (“diabo”, na lenda alemã de Fausto) e a Deus no “Sonetilho” e em “Ulisses”, respectivamente, associadas ao polo de opostos “morte” e “vida”, revelam uma perspectiva cristã comum aos poemas.
C) O resgate da forma clássica, no “Sonetilho”, e a referência à primeira pessoa do plural, em “Ulisses”, denotam um mesmo espírito agregador e comunitário.
D) O eu lírico de cada poema se identifica, respectivamente, com seus títulos. No poema de Drummond, trata‐se de alguém referido como “falso Fernando Pessoa”, já no poema de Pessoa, o eu lírico é “Ulisses”.
E) Os versos “As coisas tangíveis / tornam‐se insensíveis / à palma da mão. // Mas as coisas findas, / muito mais que lindas, / essas ficarão”, de outro poema de Claro Enigma, sugerem uma relação de contraste com os poemas citados.
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