A) “Para expor o painel amplo, diacrônico, das significações imaginárias que configuram as formas da identidade brasileira, a obra tem que enfrentar as se...
A) “A obra se caracteriza pela paixão de contar. O autor chega à condescendência excessiva para com ela, a ponto de quebrar a espinha das suas histórias a fim de dar relevo a narrativas secundárias, terciárias, cujo conjunto resulta mais importante do que a narrativa central. (...). Todos os meios e até a ampliação retórica são bons, desde que nos arrebatem da vida, transportando-nos para a vida mais intensa da arte”. (Antonio Candido).
B) “Estonteado pela multiplicidade dos temas, a polifonia dos tons, o formigar dos caracteres, o fervilhar de motivos, o leitor naturalmente há de, no fim do volume, tentar uma classificação das narrativas. É provável que a ordem alfabética de sua colocação dentro do livro seja apenas um despistamento e que a sucessão delas obedeça a intenções ocultas”. (Paulo Rónai).
C) “O internado pode ser o espaço onde o mal campeia; de tanto viver nesse espaço, aceitando as regras do jogo, e de um jogo tremendo que leva à morte e à danação, o sujeito como que transporta o espaço exterior para dentro de si. (...) Esse subconjunto de imagens (...) aparecem em historietas avulsas ao enredo, aparecem sob a forma de ideias gerais como o ditado e o adágio, aparecem na história de vida de personagens secundários, aparecem nos incidentes que compõem a trama do enredo, seja em discurso direto, seja em falar figurado”. (Walnice Nogueira Galvão).
D) “Se há necessidade de classificação literária para a obra, não há dúvida de que se trata de uma epopeia. (...) A intercalação de episódios convergentes com a ação principal, mas de função adjuntiva, podendo adquirir independência formal, aparece frequentemente”. (Manuel Cavalcanti Proença).
E) “A obra constitui, a nosso ver, a experiência estrutural mais arrojada de João Guimarães Rosa. O aspecto caótico daquelas páginas sugere imediatamente uma aproximação com James Joyce. (...) mas no caso presente, a descontinuidade narrativa é apenas aparente, não estando a serviço daquele propósito de simultaneidade tão indiscutível em Ulisses”. (Rui Mourão).
A) “Os homens retratados por Machado de Assis em sua ficção são filhos de mulheres, não de homens – muitas vezes ausentes. Tem sido notado que as mulheres de Machado de Assis são, com frequência, mais bem retratadas e constituem personagens maiores que os homens em suas obras. Em outras palavras, o romance forma um “panegírico de santa Mônica” das mulheres brasileiras, e de todas as mulheres”. (Helen Caldwell).
B) “Após a revelação da estrutura mítica, poder-se-ia afirmar que nesse rumo é que foi dirigido o “pensamento interior e único” de que trata o prólogo do romance? (...) Não há como dissociar qualquer dessas duas direções do núcleo interior do pensamento do romancista, notando-se que ambas contribuíram para assegurar ao romance um cunho universal, fazendo-o, por outro lado, transcender as naturais e inevitáveis limitações do tempo histórico”. (Eugênio Gomes).
C) “O tom do romance, em sua gratuidade, logo postula um ambiente de aceitação irresponsável e ironia solta, um és não és de farsa metafísica. O leitor não pode levar a sério o tom do suposto autor e logo de saída vê-se na contingência de engatilhar um sorriso divertido ou meio forçado, conforme entram a reagir os seus nervos”. (Augusto Meyer).
D) “O romance aqui é um simples acidente. O que é fundamental e orgânico é a descrição dos costumes, a filosofia social que está implícita. (...) Com efeito, vemos de um lado o ceticismo, perguntando se, atrás de um ato que desperta o entusiasmo e desafia a crítica e a malevolência, não há motivos recônditos que o reduzem a proporções de um fato qualquer banal. De outro, há a satisfação, o contentamento, que acha que tudo vai muito bem, no melhor dos mundos imagináveis”. (Capistrano de Abreu).
E) “... é muito mais rico de vida e substância humana do que o romance anterior. É o mais arejado dos seus livros, e o que apresenta a melhor dramatização. A atitude sarcástica e falsa do livro anterior cede lugar a uma severa dramaticidade, que suporta a medida do trágico. (...). A motivação psicológica da ação dos personagens é muito mais fina e sutil”. (Barreto Filho).
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