Entre quatro paredes Saí para dar uma volta, outro dia, e...

Entre quatro paredes Saí para dar uma volta, outro dia, e notei uma coisa. Fazia um tempo glorioso – melhor impossível, e com toda probabilidade o último...

INEP - Português - 2018 - Exame - Linguagens e Ciências Humanas - Ensino Médio

Entre quatro paredes

Saí para dar uma volta, outro dia, e notei uma coisa. Fazia um tempo glorioso – melhor impossível, e com toda probabilidade o último do gênero a se ver por estas bandas durante muitos meses gelados, no entanto, quase todos os carros que passavam estavam com os vidros fechados.

Todos aqueles motoristas tinham ajustado o controle de temperatura de seus veículos hermeticamente fechados para criar um clima interno idêntico ao que já existia no mundo exterior, e me ocorreu então que, no que se refere a ar fresco, os americanos perderam de vez a cabeça, ou o senso de proporção, ou alguma outra coisa.

Ah, sim, de vez em quando eles saem para experimentar a novidade de estar ao ar livre – fazem um piquenique, digamos, ou passam o dia na praia, ou num parque de diversões, mas esses são acontecimentos excepcionais. De maneira geral, boa parte dos americanos acostumou-se de tal forma à ideia de passar o grosso da vida numa série de ambientes com clima controlado que a possibilidade de uma alternativa não lhes passa mais pela cabeça.

BRYSON, B. Crônicas de um país bem grande. São Paulo: Cia. das Letras, 2001.


Analisando os procedimentos argumentativos utilizados nesse texto, em especial o relato pessoal baseado em observação, infere-se que o enunciador

A) analisa o comportamento dos motoristas após o inverno.

B) ridiculariza a atitude das pessoas que viajam com os vidros fechados.

C) critica o comportamento de uma população em razão de um costume adquirido.

D) problematiza a falta de perspectiva de um povo acostumado a clima controlado.

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