“Que Stendhal confessasse haver escrito um de seus livro...

“Que Stendhal confessasse haver escrito um de seus livros para cem leitores, é coisa que admira e consterna. O que não admira e nem provavelmente constern...

UNICENTRO - Português - 2018 - Vestibular - PAC - 2ª Etapa

“Que Stendhal confessasse haver escrito um de seus livros para cem leitores, é coisa que admira e consterna. O que não admira e nem provavelmente consterna é se este outro livro não tiver os cem leitores de Stendhal, nem cinquenta, nem vinte e, quanto muito dez. Dez? Talvez cinco. Trata-se de uma obra difusa, na qual eu, Brás Cubas, se adotei a forma livre de um Sterne ou de um Xavier de Maistre, não sei se lhe meti alguma rabugem de pessimismo. Pode ser. Obra de finado. Escrevi-a com a penada galhofa e a tinta da melancolia, e não é difícil antever o que poderá sair desse conúbio.”(ASSIS, Machado. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Edições de Ouro, Rio de Janeiro, 1983. p. 29)



Quando Brás Cubas afirma que escreveu esse romance “com a pena da galhofa e a tinta da melancolia” quis dar a entender que assim o fez para

A) estabelecer a diferença entre um autor-defunto e um defunto-autor, para justificar as suas memórias póstumas.

B) o leitor entender que sua obra não teria muitos leitores, a exemplo de Sterne e de Xavier de Maistre.

C) poder exibir, sem censura, por sua condição póstuma, os despojos, o cinismo e a indiferença com se via montada a história dos homens.

D) mostrar as Memórias Póstumas de Brás Cubas sob a ótica de um narrador plenamente onisciente de um personagem diferente de todos os demais.

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