Texto 01 Óbito do Autor      “Algum tempo hesitei se d...

Texto 01 Óbito do Autor      “Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu na...

UNEMAT - Português - 2018 - Vestibular - Segundo Semestre

Texto 01

Óbito do Autor


      “Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.” 


Texto 02

Origem, Nascimento e Batizado

“Era no tempo do rei. 

      Uma das quatro esquinas que formam as ruas do Ouvidor e da Quitanda, cortando-se mutuamente, chamava-se nesse tempo O canto dos meirinhos; e bem lhe assentava o nome, porque era aí o lugar de encontro favorito de todos os indivíduos dessa classe (que gozava então de não pequena consideração). Os meirinhos de hoje não são mais do que a sombra caricata dos meirinhos do tempo do rei; estes eram gente temível e temida, respeitável e respeitada; formavam um dos extremos da formidável cadeia judiciária que envolvia todo o Rio de Janeiro no tempo em que a demanda era entre nós um elemento de vida: o extremo oposto eram os desembargadores. Ora, os extremos se tocam, e estes, tocando-se, fechavam o círculo dentro do qual se passavam os terríveis combates das citações, provarás, razões principais e finais, e todos esses trejeitos judiciais que se chamava o processo. Daí sua influência moral.”

ASSIS, Machado. Memórias póstumas de Brás Cubas. 2. ed. São Paulo: Martin Claret, 2010. p. 17. (Coleção a obra-prima de cada autor).

ALMEIDA, Manuel Antônio de. Memórias de um sargento de milícias. 4. ed. São Paulo: Martin Claret, 2010. p. 13. (Coleção a obra-prima de cada autor).

Com base nos trechos dos dois romances, assinale a alternativa correta.

A) Em Machado de Assis, o narrador é um idealista; em Antônio de Almeida, um defunto.

B) O narrador de Machado de Assis quer contar suas memórias a partir do seu nascimento e o narrador de Antônio de Almeida, a partir de sua própria morte.

C) Brás Cubas e Leonardo são irônicos em tudo que fazem. O primeiro, pelo seu caráter pícaro e inocente e o segundo, pela sua perspicácia.

D) Nos dois romances (Memórias de um Sargento de Milícias e Memórias Póstumas de Brás Cubas), de acordo com os trechos citados, os narradores buscam construir memórias a partir de lugares diferentes: o primeiro começa pelo seu funeral, portanto, pela sua morte, e o segundo, vivo, por tipos da sociedade da época.

E) Tanto o narrador de Memórias de um Sargento de Milícias quanto o de Memórias Póstumas de Brás Cubas ocupam o lugar de narrador observador e onisciente.

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