Texto 2 O CACTO Aquele cacto lembrava os gestos desesperados da estatuária: Laocoonte constrangido pelas serpentes, Ugolino e os filhos esfaimados. Evocava tam...
Texto 2
O CACTO
Aquele cacto lembrava os gestos desesperados da estatuária:
Laocoonte constrangido pelas serpentes,
Ugolino e os filhos esfaimados.
Evocava também o seco nordeste, carnaubais, caatingas...
Era enorme, mesmo para esta terra de feracidades excepcionais.
Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz.
O cacto tombou atravessando a rua,
Quebrou os beirais do casario fronteiro,
Impediu o trânsito de bonde, automóveis, carroças,
Arrebentou os cabos elétricos e durante vinte e quatro horas privou a cidade de iluminação e
energia:
— Era belo, áspero, intratável.
(BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Aguillar, 1974. p. 205.)
Texto 3
A ÁRVORE DA SERRA
— As árvores, meu filho, não têm alma!
E esta árvore me serve de empecilho...
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!
— Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pôs almas nos cedros... no junquilho...
Esta árvore, meu pai, possui minha‘alma!...
— Disse — e ajoelhou-se, numa rogativa:
―Não mate a árvore, pai, para que eu viva!‖
E quando a árvore, olhando a pátria serra,
Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!
(ANJOS, Augusto. Eu e outras poesias. São Paulo: Martins Fontes, 1994. p. 90.)
A) entes da natureza, o cacto e a árvore da serra, como representativos do drama humano.
B) construção lírica, alicerçada no verso livre e branco, apresentando uma cena narrativa.
C) exaltação de uma natureza pródiga, personificada no cacto gigante e na árvore da serra.
D) elementos da natureza, o cacto e a árvore da serra, abatidos pelas intempéries do clima.
E) os textos não possuem nenhum ponto de contato.
{TITLE}