Texto para a questão: Não há vagas Ferreira GullarO preç...

Texto para a questão: Não há vagas Ferreira GullarO preço do feijão não cabe no poema. O preço do arroz não cabe no poema. Não cabem no poema o g?...

UNICENTRO - Português - 2018 - Vestibular - Português

Texto para a questão:
Não há vagas
Ferreira Gullar
O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
 Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão

O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras

- porque o poema, senhores,
está fechado:
"não há vagas

Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço

O poema, senhores,
não fede
nem cheira

Gullar, Ferreira in 'Antologia Poética'. Disponível em Acesso em 08 de ago. 2018.
Analise, no contexto do poema, os dois procedimentos distintos utilizados para a concordância entre o verbo caber e o sujeito a ele posposto. Em relação à concordância feita na quarta estrofe, é correto afirmar que

A) o verbo está corretamente no singular, porque o núcleo do sujeito é poema.

B) a forma singular se justifica, porque o sujeito posposto é simples e denota uma singularidade em relação ao “homem sem estômago”.

C) o desrespeito à regra da concordância ocorre em função da licença poética, ou seja, o poeta se desprendeu da normatividade das regras gramaticais para destacar somente o sujeito “homem sem estômago”.

D) o verbo está corretamente no singular, porque concorda apenas com o núcleo do sujeito mais próximo, como que se referindo, implicitamente, a cada um dos demais núcleos separadamente, singularizandoos.

E) o verbo está erroneamente no singular, pois ele se refere a um sujeito composto, devendo obrigatoriamente estar no plural.

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