Questões de Filosofia para Vestibular

cód. #2027

UECE-CEV - Filosofia - 2019 - Vestibular - Filosofia e Sociologia 2° Dia

A dialética não é um mero método que organiza, mentalmente, na cabeça do filósofo, a realidade que lhe é exterior. Ao contrário, a dialética é, para autores como Hegel e Marx, a única forma de ler a realidade sem traí-la ou distorcê-la, pois é na própria realidade que se situam as contradições dialéticas. Ciente dessa compreensão, assinale a opção que exprime corretamente essa identificação da contradição do real com a forma de pensar.

A) O filósofo, ao olhar para o real, identifica-o como um mundo ausente de negações, fixo e imóvel, como o ser no poema de Parmênides.

B) Como pensou Platão, o devir dos entes finitos lhes permite participar de ideias contraditórias, mas estas próprias ideias não devêm.

C) Como pensou Heráclito, a própria realidade é repleta de mudanças e conflitualidades, o que faz com que o filósofo a pense mutável e contraditória.

D) A realidade, como pensou Demócrito, é um turbilhão de átomos agregando-se e desagregando-se em uma queda perpétua no vazio.

A B C D E

cód. #2028

UECE-CEV - Filosofia - 2019 - Vestibular - Filosofia e Sociologia 2° Dia

“A solidariedade que constatamos entre o nascimento do filósofo e o aparecimento do cidadão não é para nos surpreender. Na verdade, a cidade realiza no plano das formas sociais esta separação da natureza e da sociedade que pressupõe, no plano das formas mentais, o exercício de um pensamento racional. Com a Cidade, a ordem política destacou da organização cósmica; aparece como uma instituição humana que é o objeto de uma indagação inquieta, de uma discussão apaixonada. Nesse debate, que não é somente teórico, mas no qual se afronta a violência de grupos inimigos, a filosofia nascente intervém com plena competência.”
VERNANT, Jean-Pierre. As origens da filosofia. In: Mito e pensamento entre os gregos. Tradução de Haiganuch Sarian. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990, p. 365.


Segundo essa célebre passagem, Jean-Pierre Vernant considera que o surgimento da Filosofia se deve

A) à emergência de um pensamento racional, próprio à separação entre natureza e sociedade humana e, nesta, aos debates da Cidade grega.

B) à separação entre os homens e a Cidade grega, devido à violência dos debates políticos, o que levou o filósofo a retirar-se da Cidade.

C) à identidade entre a Cidade e a natureza, que fez os homens saberem-se parte dela e, portanto, a debaterem na Cidade sobre a organização do cosmo.

D) ao abandono da prática dos discursos e dos argumentos, o que levou a filosofia a ser a única atividade discursiva argumentativa na Cidade grega.

A B C D E

cód. #2029

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Dos parágrafos XLI ao XLIV de seu Novum Organon: instauratio Magna, o inglês Francis Bacon (1561-1621), considerado o fundador da ciência moderna, enumera os quatro ídolos da sua famosa doutrina dos ídolos. São eles: tribo, caverna, mercado e tetro. Com essa doutrina, Bacon pretende dar meios de depuração da razão para que possamos confiar nos sentidos como meios de conhecimento do mundo. Com isso, podemos nos livrar de falsas compreensões, ideias ilusórias, expectativas individuais e tradições enganosas, para extrair da natureza, através da ciência experimental e da verdadeira indução, as suas leis.

A corrente de pensamento inaugurada por Bacon, com essa doutrina, é denominada

A) Empirismo.

B) Idealismo.

C) Racionalismo.

D) Positivismo.

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cód. #2030

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“Como a composição das tragédias mais belas não é simples, mas complexa, e, além disso, deve imitar casos que suscitam o terror e a piedade (porque tal é o próprio fim desta imitação), evidentemente se segue que [nelas] não devem ser representados nem homens muito bons que passem da boa para a má fortuna – caso que não suscita terror nem piedade, mas repugnância – nem homens muito maus, que passem da má para a boa fortuna, pois não há coisa menos trágica, faltando-lhe todos os requisitos para tal efeito; não é conforme aos sentimentos humanos, nem desperta terror ou piedade.”

ARISTÓTELES. Poética, XIII, 1452b 31. Trad. de Eudoro de

Souza. São Paulo: Ars Poética, 1993.


Considerando a concepção de poética de Aristóteles, assinale com V ou F conforme seja verdadeiro ou falso o que se afirma a seguir:


( ) Aristóteles concebe que toda poesia trágica é uma imitação (mimese ou mímesis).

( ) A imitação trágica deve ser tal que provoque nos espectadores terror e piedade.

( ) Para atingir seus fins, a tragédia deve ser conforme aos sentimentos humanos.

( ) A tragédia representa homens muito bons que passaram da boa para a má fortuna.


A sequência correta, de cima para baixo, é:

A) F, F, V, V.

B) V, V, V, F.

C) V, F, F, V.

D) F, V, F, F.

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cód. #2031

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Leia, abaixo, uma passagem do diálogo de Platão, intitulado Fédon, em que Sócrates expõe a Símias sua teoria da verdade:

“SÓCRATES – Quando é que a alma atinge a verdade? Temos de um lado que, quando ela deseja investigar com a ajuda do corpo qualquer questão que seja, o corpo, é claro, a engana radicalmente.
SÍMIAS – Dizes uma verdade.
SÓCRATES – Não é, pois, no ato de raciocinar, e não de outro modo, que a alma apreende, em parte, a realidade de um ser?
SÍMIAS – Sim”.

PLATÃO. Fédon, 65b-c. Tradução de Jorge Paleikat e João da Cruz Costa. São Paulo: Abril Cultural, 1972. Coleção Os Pensadores.

Com base nessa passagem do diálogo, é correto afirmar que

A) o que é verdadeiro para o pensamento é verdadeiro para a sensibilidade.

B) o que é verdadeiro para a sensibilidade é verdadeiro no real, no ser.

C) o que é verdadeiro para o pensamento é verdadeiro no real, no ser.

D) sensibilidade e pensamento atingem ambos a verdade do ser, do real.

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cód. #2032

UECE-CEV - Filosofia - 2019 - Vestibular - Filosofia e Sociologia 2° Dia

Leia com atenção a seguinte passagem:

“Diz-se livre a coisa que existe exclusivamente pela necessidade de sua natureza e que por si só é determinada a agir. E diz-se necessária, ou melhor, coagida, aquela coisa que é determinada por outra a existir e a operar de maneira definida e determinada”.
SPINOZA, Benedictus de. Ética. Tradução e Notas de Tomaz Tadeu. Belo Horizonte: Autêntica, 2007, parte I, definição 7, p. 13. – Texto adaptado.

Sobre a questão da liberdade divina e humana em Spinoza, considere as seguintes afirmações:

I. Somente Deus é livre.
II. A liberdade de Deus consiste em determinar-se por si só a operar.
III. O homem é coagido, pois é determinado por outra coisa a operar de maneira definida e determinada.

É correto o que se afirma em

A) I, II e III.

B) II e III apenas.

C) I e II apenas.

D) I e III apenas.

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cód. #2033

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Atente para o seguinte trecho de Locke sobre o pacto social:

“Se todos os homens são, como se tem dito, livres, iguais e independentes por natureza, ninguém pode ser retirado deste estado e se sujeitar ao poder político de outro sem o seu próprio consentimento. A única maneira pela qual alguém se despoja de sua liberdade natural e se coloca dentro das limitações da sociedade civil é através de acordo com outros homens para se associarem e se unirem em uma comunidade para uma vida confortável, segura e pacífica uns com os outros, desfrutando com segurança de suas propriedades e melhor protegidos contra aqueles que não são daquela comunidade”.

LOCKE, John. Dois tratados sobre o governo. Petrópolis: Vozes, 1994, p. 139. Coleção clássicos do pensamento político. – Citação adaptada.

No que diz respeito ao estabelecimento da sociedade civil em John Locke, considere as seguintes afirmações:
I. O estabelecimento da sociedade civil amplia a liberdade dos homens.
II. O estabelecimento da sociedade civil funda-se no consentimento.
III. O estabelecimento da sociedade civil funda-se na liberdade e igualdade que existe entre todos os homens.

É correto o que se afirma em

A) I e II apenas.

B) II e III apenas.

C) I e III apenas.

D) I, II e III.

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cód. #2034

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“Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente, como fim e nunca como meio.”
KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Lisboa: Edições 70, 1992, p. 69.

O imperativo moral acima citado, que, nos termos da filosofia moral kantiana, deve servir “de lei prática universal”, nos indica que

A) na ação ético-moral a humanidade pode aparecer como fim ou como meio, desde que se trate sempre os indivíduos como humanos.

B) na medida em que os fins justificam os meios, o uso da pessoa humana por outra como meio é justo apenas se os fins forem justos.

C) na ação ético-moral o sujeito preserva a humanidade do outro como fim, embora temporariamente trate a si mesmo como meio.

D) a ação ético-moral, à medida que pressupõe sua universalidade, nunca pode contradizer a ideia moral da humanidade como fim.

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cód. #2035

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“Em situações de crise econômica, social, institucional, moral, aquilo que era aceito porque não havia outra possibilidade deixa de sê-lo. E aquilo que era um modelo de representação desmorona na subjetividade das pessoas. Só resta o poder descarnado de que as coisas são assim, e aqueles que não aceitarem que saiam às ruas, onde a polícia os espera. Essa é a crise de legitimidade.”
CASTELLS, Manuel. Ruptura: a crise da democracia liberal. Trad. Joana Angélica d’Avila Melo. Rio de Janeiro: Zahar, 2018, p.14.

O texto acima adverte para a crise do modelo político representativo pensado e legitimado por pensadores como Thomas Hobbes, Locke e outros. Trata-se da crise da república representativa, na qual o poder é exercido por representantes eleitos.
Considerando o texto de Castells, é correto dizer que o modelo representativo está em crise de legitimidade, o que quer dizer que

A) os eleitores passaram a acreditar que os seus representantes representam não a eles, mas sim a interesses estranhos.

B) a crise econômica, social, institucional e moral conduz a uma crise de legitimidade, que tem forçado o eleitor a votar bem.

C) os pensadores da representação estão teoricamente errados, mas as instituições representativas estão estáveis.

D) a crise da representação se resolve com uma boa conscientização política, com o povo sabendo escolher seus representantes.

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cód. #2036

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A filósofa brasileira Rosa Dias diz o seguinte sobre a filosofia da arte de Nietzsche:

“[O] ponto mais importante da estética nietzschiana do seu primeiro livro [O nascimento da tragédia] é o desenvolvimento dos aspectos apolíneo e dionisíaco na arte grega, considerados como impulsos antagônicos, como duas faculdades fundamentais do homem: a imaginação figurativa, que produz as artes da imagem (a escultura, a pintura e parte da poesia), e a potência emocional, que encontra sua voz na linguagem musical. Cada um desses impulsos manifesta-se na vida humana por meio de dois estados fisiológicos, o sonho e a embriaguez, que se opõem como o apolíneo e o dionisíaco. O sonho e a embriaguez são condições necessárias para que a arte se produza; por isso, o artista, sem entrar em um desses estados, não pode criar”.
DIAS, Rosa Maria. Arte e vida no pensamento de Nietzsche. In: Cadernos Nietzsche, São Paulo, v. 36 nº 1, p. 228, 2015.

Com base na citação acima, é correto afirmar que

A) como o apolíneo e o dionisíaco são dois impulsos antagônicos, o artista, em seu processo de criação, deve escolher apenas uma das duas vias: ou estado de sonho ou de embriaguez.

B) o impulso apolíneo expressa nossas propensões intelectuais em direção ao suprassensível e o impulso dionisíaco, nossa participação no mundo sensível, emocional.

C) ambos os impulsos se manifestam artisticamente: o apolíneo nas formas plásticas da visão, nos sonhos e na poesia escrita; o dionisíaco, na embriaguez em que repousa a música.

D) os impulsos apolíneo e dionisíaco não são potências sensíveis e criadoras da natureza e produzem estados fisiológicos diversos, porque não são adequados ao humano.

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