No livro Confissões, Santo Agostinho, principal representante da Patrística medieval, trata do seguinte problema “É Deus o autor do mal?”. Desse problema advêm as seguintes indagações: “Onde está, portanto, o mal? De onde e por onde conseguiu penetrar? Qual é a sua raiz e a sua semente? Porventura não existe nenhuma? Por que recear muito, então, o que não existe?”
Fonte:(AGOSTINHO, S. Confissões. São Paulo: Nova Cultural, 1999, p. 177 (Col. Os pensadores)).
Com relação ao problema do mal em Confissões analise as afirmativas a seguir:
II.todas as coisas que se corrompem não são boas, pois são privadas de todo bem.
A) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.
B) Apenas as afirmativas I e III estão corretas.
C) Apenas as afirmativas II e IV estão corretas.
D) Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas.
Leia o texto a seguir.
Os melhores de entre nós, quando escutam Homero ou qualquer poeta trágico a imitar um herói que está aflito e se espraia numa extensa tirada cheia de gemidos, ou os que cantam e batem no peito, sabes que gostamos disso, e que nos entregamos a eles, e os seguimos, sofrendo com eles, e com toda seriedade elogiamos o poeta, como sendo bom, por nos ter provocado até o máximo, essas disposições. [. . . ] Mas quando sobrevém a qualquer de nós um luto pessoal, reparaste que nos gabamos do contrário, se formos capazes de nos mantermos tranquilos e de sermos fortes, entendendo que esta atitude é característica de um homem [. . . ]?
PLATÃO. A República. 605 d-e. Trad. Maria Helena da Rocha Pereira. 12. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2010. p. 470.
Com base no texto, nos conhecimentos sobre mimesis (imitação) e sobre o pensamento de Platão, assinale a alternativa correta:
A) A maneira como Homero constrói seus personagens retratando reações humanas deve ser imitada pelos demais poetas, pois é eticamente aprovada na Cidade Ideal platônica.
B) O fato de mostrar as emoções de maneira exagerada em seus personagens faz de Homero e de autores de tragédia excelentes formadores na Cidade Ideal pensada por Platão.
C) Reagir como os personagens homéricos e trágicos é digno de elogio, pois Platão considera que a descarga das emoções é benéfica para a formação ética dos cidadãos.
D) Poetas como Homero e autores de tragédia provocam emoções de modo exagerado em quem os lê ou assiste, não sendo bons para a formação do cidadão na Cidade Ideal platônica.
E) A imitação de Homero e dos trágicos das reações humanas difere da dos pintores, pois, segundo Platão, não estão distantes em graus da essência, por isso podem fazer parte da cidade justa.
Leia o texto a seguir.
Os corcéis que me transportam, tanto quanto o ânimo me impele, conduzem-me, depois de me terem dirigido pelo caminho famoso da divindade [...] E a deusa acolheu-me de bom grado, mão na mão direita tomando, e com estas palavras se me dirigiu: [...] Vamos, vou dizer-te – e tu escuta e fixa o relato que ouviste – quais os únicos caminhos de investigação que há para pensar, um que é, que não é para não ser, é caminho de confiança (pois acompanha a realidade): o outro que não é, que tem de não ser, esse te indico ser caminho em tudo ignoto, pois não poderás conhecer o não-ser, não é possível, nem indicá-lo [...] pois o mesmo é pensar e ser.
PARMÊNIDES. Da Natureza, frags. 1-3. Trad. José Trindade Santos. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2009. p. 13-15.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a filosofia de Parmênides, assinale a alternativa correta.
A) Pensar e ser se equivalem, por isso o pensamento só pode tratar e expressar o que é, e não o que não é – o não ser.
B) A percepção sensorial nos possibilita conhecer as coisas como elas verdadeiramente são.
C) O ser é mutável, eterno, divisível, móvel e, por isso, a razão consegue conhecê-lo e expressá-lo.
D) A linguagem pode expressar tanto o que é como o que não é, pois ela obedece aos princípios de contradição e de identidade.
E) O ser é e o não ser não é indica que a realidade sensível é passível de ser conhecida pela razão.
Leia o texto a seguir.
O programa do esclarecimento era o desencantamento do mundo. Sua meta era dissolver os mitos e substituir a imaginação pelo saber. [..] O mito converte-se em esclarecimento, e a natureza em mera objetividade. O preço que os homens pagam pelo aumento de poder é a alienação daquilo sobre o que exercem o poder. [...] Quanto mais a maquinaria do pensamento subjuga o que existe, tanto mais cegamente ela se contenta com essa reprodução. Desse modo, o esclarecimento regride à mitologia da qual jamais soube escapar.
ADORNO & HORKHEIMER. Dialética do esclarecimento. Fragmentos filosóficos. Trad. Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985. p.17; 21; 34.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a crítica à racionalidade instrumental e a relação entre mito e esclarecimento em Adorno e Horkheimer, assinale a alternativa correta.
A) O mito revela uma constituição irracional, na medida em que lhe é impossível apresentar uma explicação convincente sobre o seu modo próprio de ser.
B) A regressão do esclarecimento à mitologia revela um processo estratégico da razão, com o objetivo de ampliar e intensificar seus poderes explicativos.
C) A explicação da natureza, instaurada pela racionalidade instrumental, pressupõe uma compreensão holística, em que as partes são incorporadas, na sua especificidade, ao todo.
D) O esclarecimento implica a libertação humana da submissão à natureza, atestada pelo poder racional de diagnosticar, prever e corrigir as limitações naturais.
E) O esclarecimento se caracteriza por uma explicação baseada no cálculo, do que resulta uma compreensão da natureza como algo a ser conhecido e dominado.
A) o trabalhador deixou de receber um salário pelo trabalho realizado nas fábricas.
B) as máquinas aumentaram a dificuldade das tarefas a serem realizadas pelos trabalhadores.
C) o trabalho em troca de baixos salários se tornou a única opção para a maioria das pessoas.
D) as ocupações destinadas aos trabalhadores pobres exigiam maior qualificação profissional.
À hegemonia do sujeito corresponde o que se convencionou denominar em Descartes de primado da representação. Podemos dizer, em princípio, que representação é todo e qualquer conteúdo presente na mente. Para uma teoria realista do conhecimento, como era por exemplo aquela que predominava na época de Descartes, a representação é apenas o reflexo de objetos particulares ou então a transfiguração abstrata da ordenação do mundo material. Nessa perspectiva, tudo aquilo que o espírito representa já foi alguma vez objeto da percepção, pois nada poderia estar presente na mente sem que tivesse estado antes nos sentidos. Assim, a questão do conhecimento consistiria em explicar o trajeto das coisas à mente por intermédio da sensibilidade e a transformação do particular e divisível em essência universal e indivisível, presente no intelecto.
SILVA, F.L e. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo: Ed. Moderna, 1993.
René Descartes (1596-1650) é considerado o filósofo que inaugura o pensamento moderno. O que caracteriza a noção cartesiana de conhecimento é a:
A) Correção do intelecto por meio da sensibilidade;
B) Ordenação dos objetos particulares na mente;
C) Transformação do sujeito em representação;
D) Concepção de verdade como totalidade de particulares;
E) Noção de verdade universal concebida no intelecto.
A) o homem, apesar de nascer bom, puro e de posse da verdade, pode desviar-se e passar a acreditar em outro mundo mais perfeito de puras ideias.
B) não podemos confiar apenas na razão, pois somente guiados pelos sentimentos e testemunhos dos sentidos poderemos alcançar a verdade.
C) os homens devem se libertar da crença na existência em outro mundo e buscar resolver seus conflitos aprofundando-se em sua interioridade.
D) a caverna, na alegoria platônica, representa tudo aquilo que impede o surgimento da consciência filosófica, que possibilitaria uma ascensão para o mundo inteligível.
E) a razão deve submeter-se aos testemunhos dos sentidos, pois a verdade que está no mundo inteligível só será atingida mediante a sensibilidade.
A) tanto ocidentalistas quanto orientalistas negam a origem grega da filosofia, já que a reflexão filosófica estaria presente nos mitos orientais.
B) para os orientalistas, não há possibilidade de a cultura oriental ter influenciado os gregos, já que a filosofia grega é essencialmente racional e pagã.
C) aqueles que defendiam a tese do milagre grego consideravam que a filosofia tinha uma origem sobrenatural, irredutível a experiências racionais.
D) os ocidentalistas afirmam a tese do milagre grego, justificando que a filosofia é uma criação exclusiva dos gregos, sem a influência de povos orientais.
E) para os ocidentalistas, a filosofia surge devido a um milagre que não pode ser explicado pela razão sem o apoio da fé em um mundo sobrenatural.
A) produto do desenvolvimento técnico e racional, não tendo nenhuma relação com valores, com a ética ou com a sociedade.
B) social e não tem como desconsiderar as determinações sociais, incluindo os valores de que os cientistas são portadores.
C) uma forma superior de criar valores e éticas, já que esses fenômenos culturais são produtos da consciência.
D) relativo, já que o princípio do relativismo se tornou hegemônico e todos os valores e éticas são considerados equivalentes.
E) político, pois é o governo que controla e determina a produção científica, tanto das ciências naturais quanto das ciências humanas.
A) de ‘ir’ e ‘vir’, sem cerceamento de sua mobilidade física, mesmo violando, se for o caso, quaisquer entraves impostos pelas leis positivas.
B) de seguir seu livre arbítrio quando se trata de alcançar projetos individuais, independentemente de qualquer exigência societária.
C) de decidir, entre várias opções de escolha, quando pautadas por valores universais imutáveis, apreendidos em sua reta consciência.
D) de criar seu próprio conjunto de normas comportamentais, desde que essenciais para a harmonia e o bem-estar de seu grupo de relações afetivas.
E) de pautar, sempre, em qualquer circunstância, suas ações de acordo com um código de ética pessoal, consciente de sua absoluta impunidade.
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