Questões de Literatura para Vestibular

cód. #5873

UFU-MG - Literatura - 2019 - Vestibular - 1º Dia


MORICONI, Italo. Destino: poesia. 2.ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2016. p. 115. 

Sobre o poema acima, de Waly Salomão, é INCORRETO afirmar que

A) o poeta escreve, a partir de sua “alta razão”, ou seja, é a sua racionalidade que comanda a ação de compor e domina as emoções.

B) a presença de anacolutos torna a leitura mais “hermética”, ou seja, truncada e complexa.

C) o poeta cria efeitos de reforço no significado de algumas palavras com a enumeração de sinônimos.

D) os versos com recuos gráficos à direita geram um destaque de seus significados, por ficarem em evidência gráfica.

A B C D E

cód. #5874

UFU-MG - Literatura - 2019 - Vestibular - 1º Dia

Esta história poderia chamar-se "As estátuas". Outro nome possível é "O assassinato". E também "Como matar baratas". Farei então pelo menos três histórias, verdadeiras, porque nenhuma delas mente a outra. Embora uma única, seriam mil e uma, se mil e uma noites me dessem. LISPECTOR, Clarice, “A quinta história”, In: Felicidade clandestina, Rio de Janeiro: Rocco, 2013. p. 128.
O parágrafo acima inicia o conto “A quinta história”, de Clarice Lispector. Considerando-se as características peculiares à obra da escritora, presentes no conto, é correto afirmar que

A) a linguagem simbólica e as reflexões existenciais justificam por que Clarice foi considerada uma importante representante da “corrente espiritualista” do Modernismo brasileiro.

B) como é comum nas obras da escritora, o enredo desencadeado a partir de um fato banal leva suas personagens a se questionarem, repensando suas certezas estabelecidas.

C) a metalinguagem e as referências às obras literárias do passado revelam o cuidado da escritora com a forma, fruto de sua busca por uma arte pura, afastada das questões sociais.

D) a angústia da mulher com a morte das baratas pode ser vista como uma crítica ao patriarcado e ao seu domínio violento sobre os seres vulneráveis, tema central na obra de Clarice.

A B C D E

cód. #5875

UFU-MG - Literatura - 2019 - Vestibular - 1º Dia

O excerto abaixo, retirado da obra Terra sonâmbula de Mia Couto, é a reprodução do diálogo entre Kindzu e Surendra.
Antoninho, o ajudante, escutava com absurdez. Para ele eu era um traidor da raça, negro fugido das tradições africanas. Passou por entre nós dois, desdelicado provocador, só para mostrar seus desdéns. No passeio, gargalhou-se alto e mau som. Me vieram à lembrança as hienas. Surendra disse, então:
– Não gosto de pretos, Kindzu. – Como? Então gosta de quem? Dos brancos? – Também não. – Já sei: gosta de indianos, gosta da sua raça. – Não. Eu gosto de homens que não têm raça. É por isso que eu gosto de si, Kindzu.
COUTO, Mia. Terra sonâmbula, São Paulo: Companhia das Letras, 2016. p. 15.

Com base no diálogo transcrito e no enredo do romance, é correto afirmar que

A) a conversa ocorre ainda no início da guerra quando Kindzu havia impedido a destruição da loja do indiano por parte de alguns negros moçambicanos.

B) o romance mostra como o racismo que atravessa a sociedade moçambicana, devastada pelas guerras, é consequência imediata da colonização portuguesa.

C) o romance pretende apresentar os dilemas que geraram os conflitos entre negros e indianos, povos de etnias distintas que lutam pelo território moçambicano.

D) a fala de Surendra revela um desejo radical de convívio harmônico entre os diferentes, capaz de superar noções de identidade baseadas só na raça.

A B C D E

cód. #5876

UFU-MG - Literatura - 2019 - Vestibular - 1º Dia

O romance Terra Sonâmbula, de Mia Couto, é uma das mais importantes obras da literatura moçambicana após a independência do país. Sobre a elaboração dessa trama narrativa, assinale a alternativa INCORRETA.

A) Mesmo em se tratando de uma guerra, a obra não apresenta tom épico, pois não há ênfase nas cenas de batalha, estando o foco nos efeitos devastadores da guerra.

B) O romance se compõe de múltiplas narrativas que se cruzam na obra; o próprio ato de narrar aparece como essencial ao ato de permanecer vivo.

C) A combinação entre a tradição oral moçambicana e a tradição literária, de origem europeia, ocorre sempre de modo tenso, mostrando a distância entre elas.

D) A obra pode ser vista como narrativa de viagem, porém, em vários momentos, o deslocamento experimentado é mais temporal e psicológico do que espacial.

A B C D E

cód. #5877

UFU-MG - Literatura - 2019 - Vestibular - 1º Dia

As relações familiares são o tema central do romance O filho eterno, de Cristovão Tezza. Levando-se em consideração as peculiaridades da família representada pela obra, é INCORRETO afirmar que

A) a depressão pós-parto da mãe a afasta do filho, levando o pai a assumir, com dificuldade, a responsabilidade pela criação do menino.

B) em grande parte da obra, a mãe é a principal provedora do sustento financeiro da casa, pois o pai se dedica ao difícil sonho de viver como escritor literário.

C) dar-se-á a desconstrução da figura paterna, pois o pai é apresentado como um jovem egoísta e imaturo, ele mesmo em processo de amadurecimento.

D) o pai desempenha função ativa nos cuidados e na educação de Felipe desde quando esse era bebê, estando sempre presente no cotidiano da criança.

A B C D E

cód. #5878

UFU-MG - Literatura - 2019 - Vestibular - 1º Dia

A temporalidade é um elemento essencial ao gênero narrativo. Sobre a representação do tempo no romance Quincas Borba, de Machado de Assis, assinale a alternativa INCORRETA.

A) A narrativa não segue uma linearidade temporal exata, ocorrendo algumas idas e vindas entre os diferentes momentos da vida de Rubião.

B) A obra começa num momento avançado da ação, para depois voltar ao início dos acontecimentos, procedimento conhecido como in media res.

C) O narrador em terceira pessoa é que define a ordem da narração dos acontecimentos, combinando tempo cronológico e tempo psicológico.

D) Para melhor compreender a trajetória do protagonista Murilo Rubião, a obra retoma parte da infância do professor, na cidade de Barbacena.

A B C D E

cód. #7699

Esamc - Literatura - 2018 - Vestibular - Primeiro Semestre

     E Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe toda a alma pelos olhos enamorados.
   Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras embambecidas pela saudade da terra, picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca.
  Isto era o que Jerônimo sentia, mas o que o tonto não podia conceber. De todas as impressões daquele resto de domingo só lhe ficou no espírito o entorpecimento de uma desconhecida embriaguez, não de vinho, mas de mel chuchurreado no cálice de flores americanas, dessas muito alvas, cheirosas e úmidas, que ele na fazenda via debruçadas confidencialmente sobre os limosos pântanos sombrios, onde as oiticicas trescalam um aroma que entristece de saudade.
(AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. São Paulo: Ateliê Editorial, 2012. p. 152)
Aluísio Azevedo (1857-1913) foi um dos principais nomes do Naturalismo no Brasil. Pode-se notar características da escola naturalista no trecho de O Cortiço pois

A) a personagem Rita Baiana é metaforizada em aspectos da fauna e flora brasileira;

B) Jerônimo é caracterizado como um sujeito racional;

C) a relação entre Jerônimo e Rita Baiana é desenvolvida de maneira ponderada;

D) Rita Baiana, apesar de animalizada, consegue controlar seus instintos;

E) a natureza brasileira se contrapõe às personagens.

A B C D E

cód. #10003

COPESE - UFJF - Literatura - 2018 - Vestibular - 1° - Módulo III - Econômica e Administração

TEXTO 5:

“A inconstância dos bens do mundo”, de Gregório de Matos


Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,

Depois da Luz se segue a noite escura,

Em tristes sombras morre a formosura,

Em contínuas tristezas a alegria.


Porém, se acaba o Sol, por que nascia?

Se formosa a Luz é, por que não dura?

Como a beleza assim se transfigura?

Como o gosto da pena assim se fia?


Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,

Na formosura não se dê constância,

E na alegria sinta-se tristeza.


Começa o mundo enfim pela ignorância,

E tem qualquer dos bens por natureza

A firmeza somente na inconstância.

(MATOS, Gregório de. Poesias selecionadas. São Paulo: FTD, 1998. p. 60.) 

Ainda no poema de Gregório de Matos (Texto 5), a 2ª estrofe expressa, através de perguntas retóricas, o sentimento do eu-lírico. Qual opção expressa melhor este sentimento?

A) Comoção.

B) Ressentimento.

C) Inconformismo.

D) Vulnerabilidade.

E) Alegria.

A B C D E

cód. #10004

COPESE - UFJF - Literatura - 2018 - Vestibular - 1° - Módulo III - Econômica e Administração

TEXTO 5:

“A inconstância dos bens do mundo”, de Gregório de Matos


Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,

Depois da Luz se segue a noite escura,

Em tristes sombras morre a formosura,

Em contínuas tristezas a alegria.


Porém, se acaba o Sol, por que nascia?

Se formosa a Luz é, por que não dura?

Como a beleza assim se transfigura?

Como o gosto da pena assim se fia?


Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,

Na formosura não se dê constância,

E na alegria sinta-se tristeza.


Começa o mundo enfim pela ignorância,

E tem qualquer dos bens por natureza

A firmeza somente na inconstância.

(MATOS, Gregório de. Poesias selecionadas. São Paulo: FTD, 1998. p. 60.) 

No Texto 5, poema de Gregório de Matos, podemos certificar a seguinte característica barroca:

A) o cultismo, pelos recursos da linguagem rebuscada.

B) a religiosidade medieval e o paganismo.

C) o recurso da prosopopeia na personificação do Sol e da Luz.

D) o conflito entre a idealização da alegria e a realização da tristeza.

E) a consciência da fugacidade do tempo.

A B C D E

cód. #10005

COPESE - UFJF - Literatura - 2018 - Vestibular - 1° - Módulo III - Econômica e Administração

TEXTO 4:

“Marília de Dirceu”, de Tomás Antônio Gonzaga

SONETOS - 4


Ainda que de Laura esteja ausente,

Há de a chama durar no peito amante;

Que existe retratado o seu semblante,

Se não nos olhos meus, na minha mente.


Mil vezes finjo vê-la, e eternamente

Abraço a sombra vã; só neste instante

Conheço que ela está de mim distante,

Que tudo é ilusão que esta alma sente.


Talvez que ao bem de a ver amor resista;

Porque minha paixão, que aos céus é grata

Por inocente assim melhor persista;


Pois quando só na ideia ma retrata,

Debuxa os dotes com que prende a vista,

Esconde as obras com que ofende, ingrata.

(PROENÇA FILHO, Domício (Org.). A poesia dos inconfidentes: poesia completa de Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga e Alvarenga Peixoto. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996. p. 701-702.) 

A leitura do soneto de Tomás Antônio Gonzaga, o Texto 4, apresenta o amor como tema. São atributos deste amor:

A) esperança e violência.

B) ausência e contradição.

C) apreensão e euforia.

D) saudade e hostilidade.

E) contentamento e fúria.

A B C D E

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