A) ao período em que valiam os ideais da Independência, corresponde o projeto literário do Romantismo, quando símbolos de fato nacionais pudessem ser cantados em prosa e em verso.
B) em sequência ao Arcadismo, teve lugar o Barroco, marcado pelos conflitos ideológicos que opunham o bem e o mal, o pecado e a virtude.
C) o interesse pelas condições de vida da população indianista favoreceu o fortalecimento do Realismo, que, por sua vez, motivou a apresentação de uma natureza exuberante.
D) o avanço das ciências, bem como a Revolução Industrial apressaram o surgimento de uma estética simbolista, quando tiveram lugar “os romances de costume.”
E) a necessidade de novos parâmetros para interpretação da realidade, condicionou a opção por um olhar formal e alheio ao cotidiano do projeto literário do Modernismo.
Os ______ haviam “civilizado” a imagem do índio, injetando nele os padrões do cavalheirismo convencional. Os _________, ao contrário, procuraram nele e no negro o primitivismo, que injetaram nos padrões da civilização dominante como renovação e quebra das convenções acadêmicas.
(Antonio Candido. Iniciação à literatura brasileira, 2010. Adaptado.)
As lacunas do texto devem ser preenchidas, respectivamente, por
A) românticos e simbolistas.
B) árcades e simbolistas.
C) árcades e modernistas.
D) românticos e modernistas.
E) simbolistas e modernistas.
Leia o poema “Inquietação”, de Helena Kolody, publicado em Viagem no espelho:
Inquietação
O ritmo febril de um sangue moço
Lateja em minhas fontes.
As tendências recalcadas
Rumorejam surdamente, Como larvas represadas, Eu não sei que perdidas regiões do inconsciente. Não possuo mais a antiga serenidade De alta montanha nevada.
O amor quis envolver-me E eu me esquivei. Essa tristeza que me oprime Tornou-se mais espessa E pesou mais o meu destino de ser só.
O esforço gasto em árdua luta Partiu não sei que amarras Que me prendiam à vida. Meu espírito, desarvorado, Deixa-se vagar ao sabor da corrente. Não quer aportar.
KOLODY, Helena. Inquietação. In: ___. Viagem no espelho. Curitiba: Ed. da UFPR, 1995. p. 231.
Assinale a alternativa INcorreta sobre o poema “Inquietação”, de Helena Kolody.
A) A metapoesia que perpassa as estrofes constitui uma alegoria da inquietude do eu-lírico.
B) Trata-se de poesia contemporânea, do modo lírico, com versos livres.
C) O texto tematiza questões subjetivas com linguagem fortemente simbólica.
D) Verifica-se a manifestação da fugacidade e da efemeridade da vida.
E) O poema expressa um conflito envolvendo tristeza, solidão, liberdade e agitação.
A) ser predominantemente culta e direta.
B) conter um grande número de neologismos.
C) expressar o sentimentalismo com exagero.
D) representar a fala do povo sem instrução.
E) romper propositalmente com a gramática normativa.
Leia o fragmento que inicia “Devaneios e embriaguez duma rapariga”, conto de Clarice Lispector, publicado em Laços de família.
Pelo quarto parecia-lhe estarem a se cruzar os eletricos, a estremecerem-lhe a imagem refletida. Estava a se pentear vagarosamente diante da penteadeira de tres espelhos, os bracos brancos e fortes arrepiavamse à frescurazita da tarde. Os olhos nao se abandonavam, os espelhos vibravam ora escuros, ora luminosos. Cá fora, duma janela mais alta, caiu à rua uma cousa pesada e fofa. Se os miudos e o marido estivessem à casa, já lhe viria à ideia que seria descuido deles. Os olhos nao se despregavam da imagem, o pente trabalhava meditativo, o roupao aberto deixava aparecerem nos espelhos os seios entrecortados de várias raparigas.
"A Noite!", gritou o jornaleiro ao vento brando da Rua do Riachuelo, e alguma cousa arrepiou-se pressagiada. Jogou o pente à penteadeira, cantou absorta: "quem viu o par-dal-zito... passou pela jane-la... voou pr'alem do Mi-nho!" — mas, colerica, fechou-se dura como um leque.
Deitou-se, abanava-se impaciente com um jornal a farfalhar no quarto. Pegou o lenco, aspirava-o a comprimir o bordado áspero com os dedos avermelhados. Punha-se de novo a abanar-se, quase a sorrir. Ai, ai, suspirou a rir. Teve a visao de seu sorriso claro de rapariga ainda nova, e sorriu mais fechando os olhos, a abanar-se mais profundamente. Ai, ai, vinha da rua como uma borboleta.
[...]
LISPECTOR, Clarice. Devaneios e embriaguez duma rapariga. In: ___. Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 5.
Assinale a alternativa correta sobre o fragmento de texto apresentado para a questão.
A) O narrador é homodiegético.
B) Há o emprego do discurso indireto livre.
C) Observa-se a ocorrência de epifania.
D) Existe o recurso da prolepse.
E) O tempo é cíclico.
A) ouve de terceiros histórias de personalidades intrigantes e as organiza por escrito.
B) relata, em forma de diário, as experiências vividas ao mesmo tempo em que escreve.
C) registra, com isenção de opinião, as aventuras das pessoas com quem conviveu.
D) investiga as vidas de quem o traiu no passado para arquitetar sua vingança.
E) conta suas memórias, com o objetivo de compreender seu passado e seu presente.
A) a narração começa in medias res.
B) o tempo do discurso coincide com o tempo da história.
C) há a utilização do recurso da analepse.
D) a perspectiva de Garcia predomina na narrativa.
E) o narrador faz uso da onisciência.
A) se limita à descrição psicológica, sem mencionar qualquer traço físico do personagem.
B) anuncia um fato de ordem coletiva como se fosse uma experiência pessoal.
C) faz comentários sobre o próprio texto e conversa diretamente com o leitor.
D) não se envolve afetivamente com a história, o que retira o teor ficcional do relato.
E) não emite juízos de valor, como se os fatos se dessem a conhecer sem intermediários.
A) haikais e poesia concreta.
B) versos simétricos e versos livres.
C) elegias e liras.
D) metapoesia e intertextualidade.
E) dedicatórias e traduções.
A) a obra é constituída por relatos de vida, análises de contexto, predominantemente como denúncia social e, também, por passagens líricas.
B) a linguagem é concisa e direta, em sintonia com a rudeza da vida da própria escritora, que manifesta consciência do processo de escrita.
C) a autora reivindica uma vida melhor para si e para a comunidade onde vive, por meio de um discurso de resistência, em face do sistema que oprime os habitantes da periferia.
D) não obstante o reconhecimento atual do seu valor, mais pelo conteúdo do que pela forma, a obra não integrou o cânone literário quando de sua publicação.
E) a obra consagrou-se como representante da literatura pós-moderna, ao fazer do gênero diário uma forma de desconstrução da subjetividade do eu-lírico.
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