Questões de Literatura para Vestibular

cód. #10930

VUNESP - Literatura - 2018 - Vestibular

É com base no mito da Arcádia que erguem suas doutrinas: destruindo a “hidra do mau gosto”, os árcades procuram realizar obra semelhante à dos clássicos antigos. Daí a imitação dos modelos greco-latinos ser a primeira característica a considerar na configuração da estética arcádica.

(Massaud Moisés. A literatura portuguesa, 1992. Adaptado.)


A “hidra do mau gosto” mencionada no texto refere-se ao estilo

A) renascentista.

B) pré-romântico.

C) neoclássico.

D) barroco.

E) medieval.

A B C D E

cód. #8377

VUNESP - Literatura - 2018 - Administração e Economia

Leia trecho do poema de Olavo Bilac.
Língua Portuguesa
Última flor do Lácio, inculta e bela, És, a um tempo, esplendor e sepultura: Ouro nativo, que na ganga impura A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amote assim, desconhecida e obscura, Tuba de alto clangor, lira singela, Que tens o trom e o silvo da procela E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma De virgens selvas e de oceano largo! Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: “meu filho!” E em que Camões chorou, no exílio amargo, O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
(Olavo Bilac, Poesias)
No poema, o eu lírico

A) define-se apaixonado pela língua portuguesa de Portugal, mas não pela do Brasil.

B) desqualifica a língua portuguesa, pois a vê como agreste e símbolo da saudade.

C) questiona se a língua portuguesa chegará a ser bela como outras nascidas do latim.

D) sugere que a língua portuguesa traz em si sentimentos ruins e, por isso, não pode ser bela.

E) enaltece a língua portuguesa, por sua riqueza capaz de expressar diferentes sentimentos.

A B C D E

cód. #9915

IFN-MG - Literatura - 2018 - Redação, Língua Portuguesa, Literatura Brasileira, Língua Estrangeira - Manhã

Leia os TEXTOS 01 e 02, "O grito" e "Gueto‖, da obra Textos Urbanos, de Toni Vargas, e responda ao que se pede.



TEXTO 01


O Grito


Uma voz se levanta do silêncio e quebra a hipnose coletiva

Na verdade é um grito de basta de ódio

Ele nasceu fraco nos quilombos

Foi gerado nas senzalas em ventres humilhados

Tentaram abortá-lo, secá-lo na garganta

Mas o grito se impôs à morte e, devagar, foi tateando a vida

Ele cresceu franzino nos cortiços, correu nas palafitas, nas favelas

E encontrou eco nas bocas vazias, sem dentes

Embriagou-se nos prostíbulos, viciou-se nas prisões

E conheceu o medo nas salas de tortura

Arriscou-se em plena rua, em passeatas,

E corajoso soou mais alto que os tiros

Invadiu palácios, subiu em palanques e falou versos de mangue ao mais seleto público

Entrou nas casas, acordou pessoas e, pela mão, levou-as aos comícios

Fortificou-se nos hospícios bebendo a valentia dos dementes

E aí ganhou o espaço e, como um braço, desceu sobre os ouvidos

Agora ninguém mais desconhece o grito

Só aqueles que por polidez não gritam

E quando a dor é grande, quando a fome atrofia todos os sentidos

O povo todo dá as mãos na rua aos gritos

E os donos do povo se assustam e fazem leis para proibir o grito


E ensinam as crianças bem pequenas

Mas como eu, existem outros adeptos do grito

Ensinando o contrário às criancinhas

Que gritam juntas e felizes nas pracinhas

Reivindicando espaço e pirulitos




TEXTO 02



Gueto



O Brasil é um imenso gueto

O Brasil é um gueto continental

No Brasil, Portugais e Áfricas

E o mundo inteiro toca berimbau

O Brasil é um moleque de rua,

Maluco de cola, que embola geral

Ameaça de caco de vidro do subnutrido

Fera de sinal

É o não do seu dedo medroso

O desprezo asqueroso, o finge que não vê

O alívio do sinal abrindo, o medo vai fugindo

Mas sobra você

Muito pouco, enfim, quase nada

Virando piada, tão fora do tom

Esbarrando na idiotice, correndo na rua atrás de Pokémon

Caçador de nada, cidadão de merda

O Brasil é sede, o Brasil que pede nos sinais do mundo

Prometendo praia, prometendo carnaval...

O Brasil é um grande gueto

O Brasil é um gueto CONTINENTAL.


Marque a opção INADEQUADA, em relação à poética de Toni Vargas, em Textos Urbanos.

A) A função do grito é tão somente uma possibilidade de expressão da dor do sujeito social que sofre em um espaço de contradições e, embora esse grito ocupe diferentes espaços, não tem força revolucionária.

B) Tanto o poema ''O grito'', quanto ''Gueto'' promovem uma leitura do espaço urbano, a partir de um passado histórico, com consequências nesse modelo social de exclusão.

C) No poema "Gueto", além da miséria, da luta pela sobrevivência, o medo é algo presente no contexto urbano brasileiro. O poeta Toni Vargas denuncia também a omissão do cidadão brasileiro.

D) O gueto colonizado brasileiro extrapola continentes porque é o efeito do Brasil Colônia, em que as marcas do opressor sobre os africanos são visíveis. No Brasil, os problemas do passado repercutem a miséria da atualidade.

A B C D E

cód. #9916

IFN-MG - Literatura - 2018 - Redação, Língua Portuguesa, Literatura Brasileira, Língua Estrangeira - Manhã

Marque a opção que NÃO se aplica à obra Olhos D’água, de Conceição Evaristo.

A) No conto Duzu-Querença, a personagem, antes de viver em mendicância, foi abusada e trabalhou em casa de prostituição.

B) A obra compõe-se de contos cujos personagens, em sua maioria, são mulheres e crianças pobres em luta pela sobrevivência. A dureza da vida e as fatalidades são elementos que compõem uma unidade temática na obra.

C) Os temas da pobreza, da violência urbana e da realidade da população afro-brasileira, sobretudo das mulheres, afiguradas nas personagens Ana Davenga, a mendiga Duzu-Querença, Natalina, Luamanda, Cida e a menina Zaíta compõem a galeria de mulheres que são excluídas socialmente.

D) As cenas de mortes, aborto, fatalidades e sexo são apresentadas de maneira sutil, leve e até poética nos contos e as personagens sempre encontram saídas para os seus dramas.

A B C D E

cód. #9917

IFN-MG - Literatura - 2018 - Redação, Língua Portuguesa, Literatura Brasileira, Língua Estrangeira - Manhã

Sobre o conto de título homônimo ao livro Olhos D’água, de Conceição Evaristo, só NÃO podemos afirmar que:

A) a narrativa é conduzida a partir da lembrança que a narradora tem dos olhos da mãe e da sua infância de privações. Portanto, o título ―Águas correntezas‖ é uma metáfora que se remete ao fluir da vida.

B) a busca pela cor dos olhos da mãe reconduz a narradora para a infância de privações e para a cidade natal. Quando do encontro entre mãe e filha, esta conclui que os olhos da mãe eram como águas correntezas.

C) para driblar a fome, a mãe da personagem narradora brincava com os filhos. Em alguns momentos era a rainha enfeitada de flores e as filhas eram as princesas.

D) a mãe ria, um riso triste e molhado, quando brincava com as crianças, inventando jogos para distraí-las da fome. Tanto a mãe, quanto a filha tinham histórias de vida que se confundiam em relação à privação e aos olhos de cor úmida.

A B C D E

cód. #9918

IFN-MG - Literatura - 2018 - Redação, Língua Portuguesa, Literatura Brasileira, Língua Estrangeira - Manhã

A obra Nossos Ossos, de Marcelino Freire, é classificada como literatura contemporânea, uma vez que traz problematizações do nosso momento, sobretudo os embates do meio urbano. Da mesma forma,Capão Pecado, de Ferréz, traz um retrato contemporâneo do espaço urbano, a partir de uma trama narrativa que tem como cenário a favela Capão Redondo. Leia as considerações que se seguem. I. A obra Nossos Ossos centraliza a narrativa na personagem protagonista Heleno, um dramaturgo. A forma como os fatos são narrados não são lineares, surgem como quadros de cenas de um teatro, reclamando um leitor que se desdobra em espectador e coautor, uma vez que lhe cabe ordenar a narrativa. II. Em Nossos Ossos, São Paulo se afigura como uma cidade marcada pela dureza, para a qual as personagens principais do livro, oriundas do nordeste brasileiro, se direcionam em busca de oportunidades. Nesse aspecto, o autor do livro empresta esse elemento autobiográfico à narrativa. III. A obra Nossos Ossos explora elementos do macabro, assassinato, suicídio, prostituição e pornografia, de modo que problematiza a relação vida e morte; esta seria equivalente ao ―baixar as cortinas de um teatro‖ e aquela corresponde ao curso da encenação. IV. Em Capão Pecado, Ferréz apresenta os desafios da cidade grande e denuncia a injusta distribuição de rendas e ainda a ineficácia do Estado que não consegue promover justiça social, sobretudo para aqueles que vivem nas favelas.
Marque a opção correta.

A) Somente I, II, III são corretas.

B) Somente I, II, IV são corretas.

C) Somente I, III, IV são corretas.

D) Todas as considerações são corretas.

A B C D E

cód. #8391

VUNESP - Literatura - 2018 - Administração e Economia

Leia os textos para responder à questão.


Texto I

Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos. Meu pai, logo que teve aragem dos onze contos, sobressaltou-se deveras; achou que o caso excedia as raias de um capricho juvenil.
– Dessa vez, disse ele, vais para Europa; vais cursar uma universidade, provavelmente Coimbra; quero-te para homem sério e não para arruador e gatuno. E como eu fizesse um gesto de espanto: — Gatuno, sim senhor; não é outra cousa um filho que me faz isto...

(Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas)


Texto II

Ela deixou um bilhete, dizendo que ia sair fora
Levou meu coração, alguns CDs e o meu livro mais da hora
Mas eu não sei qual a razão, não entendi por que ela foi embora E eu fiquei pensando em como foi e qual vai ser agora


É que pena, pra mim tava tão bom aqui
Com a nega mais teimosa e a mais linda que eu já vi
Dividindo o edredom e o filminho na TV
Chocolate quente e meus olhar era só pro cê
Mas cê não quis, eu era mó feliz e nem sabia
Beijinho de caramelo que recheava meus dia


(Luccas Carlos, Bilhete 2.0 [fragmento]. Em: https://www.letras.mus.br)

Na passagem do romance de Machado de Assis, o amor é apresentado como

A) uma negociação comercial, em que o narrador deliberadamente o compra de Marcela.

B) um sentimento idealizado pelos jovens, entretanto condenado pelo pai do narrador.

C) uma relação proibida, o que aumentava mais o sentimento entre os dois jovens.

D) um jogo, em que cada amante quer se impor e conquistar recursos financeiros.

E) uma vantagem pecuniária, que atende a apenas um dos lados da relação sentimental.

A B C D E

cód. #8393

VUNESP - Literatura - 2018 - Administração e Economia

Leia o poema de Pedro Tierra para responder à questão:

Fui assassinado.
Morri cem vezes
e cem vezes renasci
sob os golpes do açoite.

Meus olhos em sangue
Testemunharam
a dança dos algozes
em torno do meu cadáver.
Tornei-me mineral
memória da dor.
Para sobreviver,
recolhi das chagas do corpo
a lua vermelha de minha crença,
no meu sangue amanhecendo.

[...]
Porque sou o poeta
dos mortos assassinados,
dos eletrocutados, dos “suicidas”,
 dos “enforcados” e “atropelados”,
dos que “tentaram fugir”,
dos enlouquecidos.

Sou o poeta
dos torturados,
dos “desaparecidos”,
dos atirados ao mar,
sou os olhos atentos
sobre o crime.

(Pedro Tierra, Poemas do Povo da Noite)
No poema, o eu lírico

A) expressa seus sentimentos em relação à vida como submissão a um incessante sofrimento, independentemente da sociedade em que está inserido.

B) emerge como força de resistência, representando a voz daqueles que foram submetidos, em qualquer tempo, a toda sorte de violência.

C) refere-se às ações de repressão à liberdade como algo justificável, pois é inerente à cultura de todos os tempos, em circunstâncias definidas.

D) mostra-se confiante no propósito de combater toda forma de opressão, incitando o leitor a partilhar o sentimento de justiça.

E) declara que sua arte é desvinculada da denúncia de crimes e injustiça, sugerindo implicitamente que não pode desviar-se de seu propósito.

A B C D E

cód. #7882

FAG - Literatura - 2018 - Vestibular - Primeiro Semestre - Medicina

Tendo por base o poema de Olavo Bilac - “O incêndio de Roma”, assinale a alternativa correta.

A) A imagem sádica aparece encarnada pelo elemento masculino. Fiel ao requinte esteticista parnasiano decadentista, as primeiras estrofes aliam majestade à ruína, assinalando o gosto decadente pela monumentalidade que se esboroa.

B) Dentro do contexto do Arcadismo, o protagonista revela a ambição de ter uma vida simples e bucólica ao lado de sua amada.

C) A natureza torna-se, portanto, uma forte característica, a qual é descrita em diversos momentos.

D) Em um dado momento a personagem passa por um momento de epifania, que é uma súbita revelação ou compreensão de algo.

E) O protagonista parece conhecer bem o dito popular “felicidade é bom, mas dura pouco”, uma vez que ele se utiliza de todas as formas para prolongar seu sentimento de felicidade.

A B C D E

cód. #7883

FAG - Literatura - 2018 - Vestibular - Primeiro Semestre - Medicina

A obra transita num tempo de decadência espacial. Uma sociedade patriarcal onde o dono da terra é o dono do poder, o dono da família, enfim o dono da mulher. A protagonista é uma personagem redonda, sofre mudanças profundas no decorrer da história. Por conseguinte, é uma personagem encantadora, marcada pela dor e pelos gestos calculados. O espaço é redondo, transformado pela decadência rural em função da industrialização. Assinale a alternativa que corresponde à obra aludida:

A) Fogo Morto (José Lins do Rego)

B) Lavoura Arcaica (Raduan Nassar)

C) Dôra, Doralina (Rachel de Queiroz)

D) O Incêndio de Roma (Olavo Bilac)

E) O Acendedor de Lampiões (Jorge de Lima)

A B C D E

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