Questões de Literatura para Vestibular

cód. #9948

COPESE - UFJF - Literatura - 2018 - Vestibular - 2º Dia - Módulo II

TEXTO 1:

Chiquinho Azevedo

(Gilberto Gil)


Chiquinho Azevedo

Garoto de Ipanema

Já salvou um menino

Na Praia, no Recife

Nesse dia Momó também estava com a gente


Levou-se o menino

Pra uma clínica em frente

E o médico não quis

Vir atender a gente

Nessa hora nosso sangue ficou bem quente


Menino morrendo

Era aquela agonia

E o doutor só queria

Mediante dinheiro

Nessa hora vi quanto o mundo está doente


Discutiu-se muito

Ameaçou-se briga

Doze litros de água

Tiraram da barriga

Do menino que sobreviveu finalmente


Muita gente me pergunta

Se essa estória aconteceu

Aconteceu minha gente

Quem está contando sou eu

Aconteceu e acontece

Todo dia por aí

Aconteceu e acontece

Que esse mundo é mesmo assim


(GIL, Gilberto. Quanta. CD Warner Music, 1997. Faixa 6.) 


TEXTO 2

A experiência da cidade

(Fernando Sabino)

A coisa que mais o impressionou no Rio foram os bondes. Não pode ver um bonde, fica maravilhado: nunca pensou que existisse algo de tão fantástico.

Se ele quiser andar de fasto, ele pode?

Andar de fasto, na sua linguagem de menino do interior de Minas, é andar para trás. Tem outras expressões esquisitas: sungar é levantar; pra riba é pra cima; pramode é para, por causa, etc. Mas eu também sou mineiro:

Pramode o bonde andar de fasto tem que sungar os bancos e tocar para riba. Ele fica olhando. Olha tudo com atenção. Tem oito anos mas bem podia ter cinco ou seis, de tal maneira é pequenino. Bem que a cozinheira dizia: Tenho um filho que é deste tamaninho.

E levava a mão à altura do joelho. Chama-se Valdecir. Ninguém acerta com seu nome, nem ele próprio: Vardici, diz, mostrando os dentes. No dia em que chegou fiquei sabendo que nunca tivera ao menos notícia da existência de uma cidade, além do arraial onde nascera. Nunca vira luz elétrica ou água corrente, ainda mais telefone ou elevador. Abria a torneira e ficava olhando. Quando tinha água era capaz de inundar o edifício. Quando não tinha, divertia-se tocando a campainha da porta da rua – e para alcançá-la precisava arrastar uma cadeira. As da sala de estar têm a marca de seus pés até hoje. A cozinheira atendia ao chamado, dava-lhe um safanão, arrastava-o para a cozinha. Ele ficava olhando: nunca vira um fogão a gás.

[...]

Arranjei-lhe um lugar num colégio interno, a pedido da mãe. Ele concordou em ir, desde que fosse de bonde. E lá se foi, certa manhã, na beirada do banco, descobrindo maravilhas em cada esquina.

[...]

Não sei por quê, saiu do colégio; acabou indo morar com os tios em Santa Teresa, numa casa de cômodos. Um dia, abro o jornal e leio a notícia: um homem matara o vizinho do quarto, que tentara violentar um menino. Foi arrolado como testemunha! Voltou para minha casa e já trazia nos olhos a perplexidade dos escandalizados pela vida.

Agora regressa à sua terra. Vai crescer, tornar-se homem como os que aqui conheceu, ou apenas envelhecer e morrer apoiado no cabo de uma enxada, como seus ancestrais. Leva da cidade a notícia de meia dúzia de coisas fantásticas – bonde, televisão, elevador, telefone – cuja lembrança irá talvez se apagando com o tempo. Esquecerá depressa este homem que aqui viu, cercado de mecanismos, moderno e civilizado, que o abrigou alguns dias e a quem devolveu a infância. Apenas não esquecerá tão cedo seu primeiro conhecimento do homem, animal feroz.

(SABINO, Fernando. A companheira de viagem. Rio de Janeiro: Record, 1984. p. 71-74.)

Analisando comparativamente os desfechos do Texto 1 e do Texto 2, pode-se concluir que a visão que eles apresentam sobre o ser humano é:

A) Idealista.

B) Resignada.

C) Revoltada.

D) Confiante.

E) Otimista.

A B C D E

cód. #9949

COPESE - UFJF - Literatura - 2018 - Vestibular - 2º Dia - Módulo II

TEXTO 1:

Chiquinho Azevedo

(Gilberto Gil)


Chiquinho Azevedo

Garoto de Ipanema

Já salvou um menino

Na Praia, no Recife

Nesse dia Momó também estava com a gente


Levou-se o menino

Pra uma clínica em frente

E o médico não quis

Vir atender a gente

Nessa hora nosso sangue ficou bem quente


Menino morrendo

Era aquela agonia

E o doutor só queria

Mediante dinheiro

Nessa hora vi quanto o mundo está doente


Discutiu-se muito

Ameaçou-se briga

Doze litros de água

Tiraram da barriga

Do menino que sobreviveu finalmente


Muita gente me pergunta

Se essa estória aconteceu

Aconteceu minha gente

Quem está contando sou eu

Aconteceu e acontece

Todo dia por aí

Aconteceu e acontece

Que esse mundo é mesmo assim


(GIL, Gilberto. Quanta. CD Warner Music, 1997. Faixa 6.) 


TEXTO 2

A experiência da cidade

(Fernando Sabino)

A coisa que mais o impressionou no Rio foram os bondes. Não pode ver um bonde, fica maravilhado: nunca pensou que existisse algo de tão fantástico.

Se ele quiser andar de fasto, ele pode?

Andar de fasto, na sua linguagem de menino do interior de Minas, é andar para trás. Tem outras expressões esquisitas: sungar é levantar; pra riba é pra cima; pramode é para, por causa, etc. Mas eu também sou mineiro:

Pramode o bonde andar de fasto tem que sungar os bancos e tocar para riba. Ele fica olhando. Olha tudo com atenção. Tem oito anos mas bem podia ter cinco ou seis, de tal maneira é pequenino. Bem que a cozinheira dizia: Tenho um filho que é deste tamaninho.

E levava a mão à altura do joelho. Chama-se Valdecir. Ninguém acerta com seu nome, nem ele próprio: Vardici, diz, mostrando os dentes. No dia em que chegou fiquei sabendo que nunca tivera ao menos notícia da existência de uma cidade, além do arraial onde nascera. Nunca vira luz elétrica ou água corrente, ainda mais telefone ou elevador. Abria a torneira e ficava olhando. Quando tinha água era capaz de inundar o edifício. Quando não tinha, divertia-se tocando a campainha da porta da rua – e para alcançá-la precisava arrastar uma cadeira. As da sala de estar têm a marca de seus pés até hoje. A cozinheira atendia ao chamado, dava-lhe um safanão, arrastava-o para a cozinha. Ele ficava olhando: nunca vira um fogão a gás.

[...]

Arranjei-lhe um lugar num colégio interno, a pedido da mãe. Ele concordou em ir, desde que fosse de bonde. E lá se foi, certa manhã, na beirada do banco, descobrindo maravilhas em cada esquina.

[...]

Não sei por quê, saiu do colégio; acabou indo morar com os tios em Santa Teresa, numa casa de cômodos. Um dia, abro o jornal e leio a notícia: um homem matara o vizinho do quarto, que tentara violentar um menino. Foi arrolado como testemunha! Voltou para minha casa e já trazia nos olhos a perplexidade dos escandalizados pela vida.

Agora regressa à sua terra. Vai crescer, tornar-se homem como os que aqui conheceu, ou apenas envelhecer e morrer apoiado no cabo de uma enxada, como seus ancestrais. Leva da cidade a notícia de meia dúzia de coisas fantásticas – bonde, televisão, elevador, telefone – cuja lembrança irá talvez se apagando com o tempo. Esquecerá depressa este homem que aqui viu, cercado de mecanismos, moderno e civilizado, que o abrigou alguns dias e a quem devolveu a infância. Apenas não esquecerá tão cedo seu primeiro conhecimento do homem, animal feroz.

(SABINO, Fernando. A companheira de viagem. Rio de Janeiro: Record, 1984. p. 71-74.)

De acordo com o Texto 2, os elementos que melhor evidenciam “a experiência da cidade”, mencionada no título, são

A) Romantismo e infância.

B) Tecnologia e violência.

C) Modernidade e tradição.

D) Transporte e educação

E) Deslumbramento e euforia.

A B C D E

cód. #9950

COPESE - UFJF - Literatura - 2018 - Vestibular - 2º Dia - Módulo II

TEXTO 1:

Chiquinho Azevedo

(Gilberto Gil)


Chiquinho Azevedo

Garoto de Ipanema

Já salvou um menino

Na Praia, no Recife

Nesse dia Momó também estava com a gente


Levou-se o menino

Pra uma clínica em frente

E o médico não quis

Vir atender a gente

Nessa hora nosso sangue ficou bem quente


Menino morrendo

Era aquela agonia

E o doutor só queria

Mediante dinheiro

Nessa hora vi quanto o mundo está doente


Discutiu-se muito

Ameaçou-se briga

Doze litros de água

Tiraram da barriga

Do menino que sobreviveu finalmente


Muita gente me pergunta

Se essa estória aconteceu

Aconteceu minha gente

Quem está contando sou eu

Aconteceu e acontece

Todo dia por aí

Aconteceu e acontece

Que esse mundo é mesmo assim


(GIL, Gilberto. Quanta. CD Warner Music, 1997. Faixa 6.) 


TEXTO 2

A experiência da cidade

(Fernando Sabino)

A coisa que mais o impressionou no Rio foram os bondes. Não pode ver um bonde, fica maravilhado: nunca pensou que existisse algo de tão fantástico.

Se ele quiser andar de fasto, ele pode?

Andar de fasto, na sua linguagem de menino do interior de Minas, é andar para trás. Tem outras expressões esquisitas: sungar é levantar; pra riba é pra cima; pramode é para, por causa, etc. Mas eu também sou mineiro:

Pramode o bonde andar de fasto tem que sungar os bancos e tocar para riba. Ele fica olhando. Olha tudo com atenção. Tem oito anos mas bem podia ter cinco ou seis, de tal maneira é pequenino. Bem que a cozinheira dizia: Tenho um filho que é deste tamaninho.

E levava a mão à altura do joelho. Chama-se Valdecir. Ninguém acerta com seu nome, nem ele próprio: Vardici, diz, mostrando os dentes. No dia em que chegou fiquei sabendo que nunca tivera ao menos notícia da existência de uma cidade, além do arraial onde nascera. Nunca vira luz elétrica ou água corrente, ainda mais telefone ou elevador. Abria a torneira e ficava olhando. Quando tinha água era capaz de inundar o edifício. Quando não tinha, divertia-se tocando a campainha da porta da rua – e para alcançá-la precisava arrastar uma cadeira. As da sala de estar têm a marca de seus pés até hoje. A cozinheira atendia ao chamado, dava-lhe um safanão, arrastava-o para a cozinha. Ele ficava olhando: nunca vira um fogão a gás.

[...]

Arranjei-lhe um lugar num colégio interno, a pedido da mãe. Ele concordou em ir, desde que fosse de bonde. E lá se foi, certa manhã, na beirada do banco, descobrindo maravilhas em cada esquina.

[...]

Não sei por quê, saiu do colégio; acabou indo morar com os tios em Santa Teresa, numa casa de cômodos. Um dia, abro o jornal e leio a notícia: um homem matara o vizinho do quarto, que tentara violentar um menino. Foi arrolado como testemunha! Voltou para minha casa e já trazia nos olhos a perplexidade dos escandalizados pela vida.

Agora regressa à sua terra. Vai crescer, tornar-se homem como os que aqui conheceu, ou apenas envelhecer e morrer apoiado no cabo de uma enxada, como seus ancestrais. Leva da cidade a notícia de meia dúzia de coisas fantásticas – bonde, televisão, elevador, telefone – cuja lembrança irá talvez se apagando com o tempo. Esquecerá depressa este homem que aqui viu, cercado de mecanismos, moderno e civilizado, que o abrigou alguns dias e a quem devolveu a infância. Apenas não esquecerá tão cedo seu primeiro conhecimento do homem, animal feroz.

(SABINO, Fernando. A companheira de viagem. Rio de Janeiro: Record, 1984. p. 71-74.)

No verso “Nessa hora vi quanto o mundo está doente”, do Texto 1, pode-se inferir que a doença do mundo está relacionada à predominância de valores:

A) Humanistas.

B) Democráticos.

C) Filantrópicos.

D) Financeiros.

E) Políticos.

A B C D E

cód. #7916

CÁSPER LÍBERO - Literatura - 2018 - Vestibular

Ao invocar "Ggum, o Prometeu africano'', a dedicatória de Mayombe, de Pepetela:

A) denuncia os ódios tribais.

B) reforça os valores ocidentais.

C) busca recuperar os antigos mitos gregos.

D) identifica as raízes identitárías do povo português.

E) conclama os guerrilheiros à luta.

A B C D E

cód. #7917

CÁSPER LÍBERO - Literatura - 2018 - Vestibular

A modernidade de Mayombe, de Pepetela, reside:

A) na aprendizagem existencial do protagonista, que reflete sobre o ritual da arte.

B) no foco narrativo plural formado pelo depoimento de nove narradores que tecem um painel multífacetado da guerra colonial

C) na alegoria central da obra, que denuncia figuradamente os atos autoritários do colonialismo português.

D) na paródia que se faz à historiografia oficial portuguesa.

E) na alternância entre as pessoas do discurso, uma vez que o romance é narrado ora em P pessoa, ora em pessoa.

A B C D E

cód. #7918

CÁSPER LÍBERO - Literatura - 2018 - Vestibular

Sobre Mayombe, de Pepetela, é correto afirmar que a narrativa trata:

A) do relato de um guerrilheiro que, seguindo seu grande amigo como uma espécie de sombra, testemunha de modo onisciente todos os eventos dos quais o companheiro participa.

B) da história da rainha da Lunda, Lueji, que viveu há quatrocentos anos, e da história de Lu, sua descendente.

C) do processo de amadurecimento de um jovem guerrilheiro durante sua participação num conjunto de ações armadas.

D) da geração de estudantes angolanos que, na década de 1960, urdiram as bases para a luta contra o colonialismo.

E) de uma relação amorosa que expõe o jogo do poder e as alianças políticas marcadas pela corrupção e pelo favoritismo.

A B C D E

cód. #7919

CÁSPER LÍBERO - Literatura - 2018 - Vestibular

Assinale a opção que identifica corretamente a característica deste excerto de "O burrinho pedrês", que integra o volume Sagarana, de João Guimarães Rosa:


"As ancas haiançam, e as vagas de dorsos, das vacas e touros, batendo com as caudas, mugindo no meio, na massa embolada, com atritos de couros, estralas de guampas; estrondos e baques, e o berro queixoso do gado Junqueira, de chifres imensos, com muita tristeza, saudade dos campos, querência dos pastos de iá do sertão.''

A) As íntimas relações entre significante e significado.

B) Â transformação da fala inculta em escrita culta.

C) A cadência que remete à poesia simbolista.

D) A musicalidade da fala sertaneja.

E) A ausência de metáforas ligadas à natureza.

A B C D E

cód. #7920

CÁSPER LÍBERO - Literatura - 2018 - Vestibular

Assinale a opção que identifica correta mente uma característica de Sagarana, de Jo io Guimarães Rosa:

A) a separação entre narrativa e lírica.

B) a imersão profunda na religiosidade cristã.

C) o mimetismo entre o culto e o folclórico.

D) a modernidade que se afasta das velhas tradições.

E) o mergulho no surrealismo.

A B C D E

cód. #6641

Unichristus - Literatura - 2018 - Vestibular - Primeiro Semestre - Medicina - Conhecimentos Gerais


Torce, aprimora, alteia, lima A frase, e enfim, No verso de ouro engasta a rima Como um rubim Quero que a estrofe cristalina, Dobrada ao jeito Do ourives, sai da oficina ........................................... Assim procedo. Minha pena Segue esta norma, Por te servir, Deusa serena, Serena forma.
BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. 40a ed. Cultrix, São Paulo. p. 227.

Nesse fragmento, de Olavo Bilac, observa-se que o poeta parnasiano define a palavra como algo que não se identifica com a substância das coisas, mas veste-a de forma magnífica. Nesse fragmento, fica evidente uma das características da poesia parnasiana, no caso,

A) a idealização da natureza.

B) o erotismo latente.

C) o culto da forma.

D) a dessacralização da palavra.

E) o sentimentalismo exagerado.

A B C D E

cód. #7921

CÁSPER LÍBERO - Literatura - 2018 - Vestibular

Sobre Sagarana, de João Guimarães Rosa, é correto afirmar que a grande novidade do narrador reside no modo de ele:

A) construir frases muito cultas.

B) alternar períodos longos e curtos.

C) inventar metáforas.

D) fazer inúmeras citações literárias.

E) enfrentar a palavra.

A B C D E

{TITLE}

{CONTENT}
Precisa de ajuda? Entre em contato.