Questões de Português para Vestibular

cód. #10809

FGV - Português - 2018 - Vestibular

Texto para a questão


Remissão


Tua memória, pasto de poesia,

tua poesia, pasto dos vulgares,

vão se engastando numa coisa fria

a que tu chamas: vida, e seus pesares.


Mas, pesares de quê? perguntaria,

se esse travo de angústia nos cantares,

se o que dorme na base da elegia

vai correndo e secando pelos ares,


e nada resta, mesmo, do que escreves

e te forçou ao exílio das palavras,

senão contentamento de escrever,


enquanto o tempo, em suas formas breves

ou longas, que sutil interpretavas,

se evapora no fundo de teu ser?


Carlos Drummond de Andrade, Claro enigma.

No texto, o poeta

A) questiona incisivamente o seu fazer poético, pondo em causa o sentido mesmo dessa prática.

B) interpela diretamente o leitor, instando-o a abandonar as ilusões literárias tradicionais remanescentes.

C) invoca o espectro do pai morto, para pedir-lhe que o redima de seus fracassos.

D) apostrofa a memória de Mário de Andrade, seu primeiro mestre de poesia, dedicando-lhe um canto alegórico.

E) dialoga com um escritor classicista imaginário, interrogando-o a respeito das contradições em que incorre.

A B C D E

cód. #7226

INEP - Português - 2018 - Exame - Linguagens e Ciências Humanas - Ensino Médio - PPL

Vão tirar o terminal do meu ônibus do centro da cidade, vão tirar do centro da cidade o meu ônibus, vão me tirar do centro da cidade? Vão me dar passagem entre o tapume e a pista de corridas, entre o poço e a poça de lama, ou não vão deixar mais que use as pernas e os pés por estarem definitivamente fora de moda? Vão permitir que eu siga o meu itinerário de trabalho sobre a capota dos automóveis, saltando de uma para a outra depois de treinado em academia de técnica pedestre, ou vão estatuir que eu e mais nove concidadãos de bom físico carreguemos nas costas o automóvel, a fim de que automóveis e nós possamos chegar ao destino, passando no que outrora se chamava de rua? Vão dizer quantas pessoas podem sair de casa, a quantas horas, por quanto tempo, e por onde será permitido caminhar, durante quantos minutos, para que as turmas seguintes não sejam prejudicadas na regalia de ir e vir na cidade entupida? Vão acabar com a cidade, todas as cidades, vão acabar com homem e a mulher também, vão fazer o quê, depois que eles mesmos acabarem?
ANDRADE, C. D. De notícias & não notícias faz-se a crônica (1974). Rio de Janeiro: Record, 2007.
O texto de Drummond revela que, em meados da década de 1970, época em que foi escrito, já havia, nas grandes cidades, muitos dos problemas com que nos deparamos atualmente. Essa realidade pode ser comprovada pelos autoquestionamentos de um cidadão que

A) se preocupa com a superlotação da cidade e com a grande quantidade de automóveis que ocupam suas ruas.

B) percebe a ineficácia de se mover pela cidade caminhando ou utilizando o transporte público coletivo.

C) prefere utilizar o transporte coletivo para chegar ao trabalho devido à superlotação de pedestres nas ruas.

D) se indigna com a impossibilidade de se mover pela cidade e chegar tranquilamente ao trabalho com seu automóvel.

A B C D E

cód. #7738

IF-AL - Português - 2018 - Vestibular

Leia o texto abaixo para responder à questão.


Nomes de ruas dizem mais sobre o Brasil do que você pensa

Murilo Roncolato, Daniel Mariani, Ariel Tonglet e Wellington Freitas


    Você provavelmente não é o responsável pela escolha dos nomes do seu país, Estado, cidade ou rua, mas as motivações atreladas a todos eles, queira você ou não, fazem parte da sua identidade. O professor da USP e diretor no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, Jorge Cintra, explica que os fatores que influenciam a denominação de ruas, avenidas e praças mudam ao longo do tempo.
    Homens ainda dão nome à maior parte dos viadutos (88,2%), avenidas (87,1%), parques (86,9%) e praças (85,4%). Enquanto nomes femininos têm participação um pouco melhor, sem nunca chegar a 30%, em vilas (29,6%), passagens (27,2%), escadarias (24,3%), servidões (24,3%) e vielas (24,0%). “É estranho, mas é preciso levar em conta também que na vida pública das cidades brasileiras do passado, o homem é quem poderia se destacar. A mulher ficava em casa. Assim, é claro que mais homens serão reconhecidos como pessoas notáveis. Há mulheres como Princesa Isabel e Maria Quitéria, mas são exceções”, opina o professor.
    Por aqui, dos 30 primeiros nomes mais populares entre homens, 14 são entidades católicas, a outra parte, liderada por Tiradentes e Santos Dumont, se distribui entre escritores, políticos e militares. Já entre os 30 logradouros de nomes femininos, apenas quatro não são de caráter religioso: são elas a citada Princesa Isabel, a francesa Joana D’Arc, além de Anita Garibaldi e Cecília Meireles. Cantoras, atrizes, escritoras e heroínas militares se destacam na lista de mulheres populares, que têm a peculiaridade de carregar nomes ‘anônimos’, como Ana Maria, Maria José, Maria Helena e Maria de Lourdes.
    No Rio de Janeiro, uma lei municipal (2.906/1999) criada há 16 anos tentou acelerar o processo e tornou “obrigatória a alternância de gênero, em igual proporção, de nomes de personalidades masculinas e femininas”. De acordo com a amostra utilizada pelo Nexo, mesmo com a lei em vigor, o Rio contava, até o ano passado, com só 14,9% de seus logradouros ostentando nomes femininos.
    Para o professor Jorge Cintra, o equilíbrio entre os gêneros deve se refletir nos logradouros com o tempo, através de um “movimento natural”. “É uma discussão, mas acredito ser preferível que as pessoas possam escolher livremente os novos nomes de ruas. Regulamentar tudo pode ser algo problemático”, opina.
(https://www.nexojornal.com.br/especial/2016/02/15/Nomes-de-ruas-dizemmais-sobre-o-Brasil-do-que-voc%C3%AA-pensa. Acesso em17/9/2018. Texto adaptado) 
Assinale a alternativa que justifica corretamente a acentuação das palavras presentes no texto.

A) O vocábulo “têm” é uma palavra oxítona terminada em -em, como “também”, “ninguém” e porém”.

B) “Histórico” e “Geográfico” são duas palavras paroxítonas terminadas em -o.

C) “Notáveis” é uma palavra paroxítona terminada em ditongo oral.

D) “País” é uma oxítona terminada em -is.

E) A vogal “o”, em “anônimos”, é nasal e, portanto, deveria levar til em vez do acento circunflexo.

A B C D E

cód. #7994

INEP - Português - 2018 - Vestibular - Letras Libras

TEXTO IV




Além de considerar a fonte, verificar o autor, procurar por fontes de apoio e ler mais sobre o assunto, é importante também observar a data de publicação da notícia ou da informação. Se a data for muito antiga, talvez ela não tenha mais validade, pois o contexto pode ter mudado. Veja também se ela foi publicada em uma página de humor ou se é uma piada: é possível que o autor esteja fazendo uma brincadeira sobre o tema. Se você ainda tiver alguma dúvida, procure um especialista.


(FONTES ADAPTADAS: <https://www.ifla.org/publications/node/11174> ,

<https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4c/Como_identificar_not%C3%ADcias_falsas_%28How_To_Spot_Fake_News%29.jpg>, e <https://twitter.com/senadofederal/status/848142913670438912> Acesso em 03 Ago. 2018, às 10h57)

A notícia pode ser duvidosa, se:

A) foi publicada em uma fonte confiável.

B) tem uma data de publicação recente.

C) foi publicada em um site de humor.

D) se os links da notícia apoiam à história.

E) se o autor é identificado e existe.

A B C D E

cód. #10810

FGV - Português - 2018 - Vestibular

Texto para a questão 

    Vindos do norte, da fronteira velha-de-guerra, bem montados, bem enroupados, bem apessoados, chegaram uns oito homens, que de longe se via que eram valentões: primeiro surgiu um, dianteiro, escoteiro, que percorreu, de ponta a ponta, o povoado, pedindo água à porta de uma casa, pedindo pousada em outra, espiando muito para tudo e fazendo pergunta e pergunta; depois, então, apareceram os outros, equipados com um despropósito de armas – carabinas, novinhas quase; garruchas, de um e de dois canos; revólveres de boas marcas; facas, punhais, quicés de cabos esculpidos; porretes e facões, – e transportando um excesso de breves nos pescoços.
    O bando desfilou em formação espaçada, o chefe no meio. E o chefe – o mais forte e o mais alto de todos, com um lenço azul enrolado no chapéu de couro, com dentes brancos limados em acume, de olhar dominador e tosse rosnada, mas sorriso bonito e mansinho de moça – era o homem mais afamado dos dois sertões do rio: célebre do Jequitinhonha à Serra das Araras, da beira do Jequitaí à barra do Verde Grande, do Rio Gavião até nos Montes Claros, de Carinhanha até Paracatu; maior do que Antônio Dó ou Indalécio; o arranca-toco, o treme-terra, o come-brasa, o pega-à-unha, o fecha-treta, o tira-prosa, o parte-ferro, o rompe-racha, o rompe-e-arrasa: Seu Joãozinho Bem-Bem.

João Guimarães Rosa, “A hora e vez de Augusto Matraga”, in Sagarana.
Considerado no contexto do trecho de Guimarães Rosa, o prefixo sublinhado assume sentido intensificador, e não ideia de negação ou de oposição, na seguinte palavra do texto:

A)percorreu”.

B)despropósito”.

C)transportando”.

D)apessoados”,

E)enroupados”.

A B C D E

cód. #7227

INEP - Português - 2018 - Exame - Linguagens e Ciências Humanas - Ensino Médio - PPL

Eu escrevi um poema triste

Eu escrevi um poema triste

E belo, apenas da sua tristeza.

Não vem de ti essa tristeza

Mas das mudanças do Tempo,

Que ora nos traz esperanças,

Ora nos dá incerteza...

Nem importa, ao velho Tempo,

Que sejas fiel ou infiel...

Eu fico, junto à correnteza,

Olhando as horas tão breves...

E das cartas que me escreves

Faço barcos de papel!

QUINTANA, M. Antologia poética. Porto Alegre: L&PM, 1999.


O eu lírico faz uma reflexão sobre seu trabalho com a linguagem poética, motivado pela

A) constatação das marcas impostas pelos sofrimentos da vida.

B) percepção da condição indomável da passagem do tempo.

C) insatisfação com a experiência das desilusões amorosas.

D) desistência de buscar estímulos para uma vida alegre.

A B C D E

cód. #7739

IF-AL - Português - 2018 - Vestibular

Leia o texto abaixo para responder à questão.


Nomes de ruas dizem mais sobre o Brasil do que você pensa

Murilo Roncolato, Daniel Mariani, Ariel Tonglet e Wellington Freitas


    Você provavelmente não é o responsável pela escolha dos nomes do seu país, Estado, cidade ou rua, mas as motivações atreladas a todos eles, queira você ou não, fazem parte da sua identidade. O professor da USP e diretor no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, Jorge Cintra, explica que os fatores que influenciam a denominação de ruas, avenidas e praças mudam ao longo do tempo.
    Homens ainda dão nome à maior parte dos viadutos (88,2%), avenidas (87,1%), parques (86,9%) e praças (85,4%). Enquanto nomes femininos têm participação um pouco melhor, sem nunca chegar a 30%, em vilas (29,6%), passagens (27,2%), escadarias (24,3%), servidões (24,3%) e vielas (24,0%). “É estranho, mas é preciso levar em conta também que na vida pública das cidades brasileiras do passado, o homem é quem poderia se destacar. A mulher ficava em casa. Assim, é claro que mais homens serão reconhecidos como pessoas notáveis. Há mulheres como Princesa Isabel e Maria Quitéria, mas são exceções”, opina o professor.
    Por aqui, dos 30 primeiros nomes mais populares entre homens, 14 são entidades católicas, a outra parte, liderada por Tiradentes e Santos Dumont, se distribui entre escritores, políticos e militares. Já entre os 30 logradouros de nomes femininos, apenas quatro não são de caráter religioso: são elas a citada Princesa Isabel, a francesa Joana D’Arc, além de Anita Garibaldi e Cecília Meireles. Cantoras, atrizes, escritoras e heroínas militares se destacam na lista de mulheres populares, que têm a peculiaridade de carregar nomes ‘anônimos’, como Ana Maria, Maria José, Maria Helena e Maria de Lourdes.
    No Rio de Janeiro, uma lei municipal (2.906/1999) criada há 16 anos tentou acelerar o processo e tornou “obrigatória a alternância de gênero, em igual proporção, de nomes de personalidades masculinas e femininas”. De acordo com a amostra utilizada pelo Nexo, mesmo com a lei em vigor, o Rio contava, até o ano passado, com só 14,9% de seus logradouros ostentando nomes femininos.
    Para o professor Jorge Cintra, o equilíbrio entre os gêneros deve se refletir nos logradouros com o tempo, através de um “movimento natural”. “É uma discussão, mas acredito ser preferível que as pessoas possam escolher livremente os novos nomes de ruas. Regulamentar tudo pode ser algo problemático”, opina.
(https://www.nexojornal.com.br/especial/2016/02/15/Nomes-de-ruas-dizemmais-sobre-o-Brasil-do-que-voc%C3%AA-pensa. Acesso em17/9/2018. Texto adaptado) 
Sobre o texto acima, pode-se afirmar que:

A) Os autores minimizam a importância dos nomes de logradouros na construção de nossa identidade.

B) A religiosidade do brasileiro exerce um papel importante na designação de ruas, avenidas e praças. Tal fenômeno se pode comprovar ao perceber-se a popularidade do nome de Santos Dumont.

C) O especialista entrevistado entende que o movimento pelo equilíbrio entre os gêneros na nomeação dos logradouros é artificial, uma vez que homens são naturalmente mais reconhecidos como pessoas notáveis.

D) A lei criada no Rio de Janeiro ainda não afetou significativamente a predominância masculina nos nomes de ruas daquela cidade.

E) A proporção entre nomes de entidades religiosas e de pessoas notáveis em outros campos da atividade humana é a mesma entre homens e mulheres.

A B C D E

cód. #7995

INEP - Português - 2018 - Vestibular - Letras Libras

TEXTO IV




Além de considerar a fonte, verificar o autor, procurar por fontes de apoio e ler mais sobre o assunto, é importante também observar a data de publicação da notícia ou da informação. Se a data for muito antiga, talvez ela não tenha mais validade, pois o contexto pode ter mudado. Veja também se ela foi publicada em uma página de humor ou se é uma piada: é possível que o autor esteja fazendo uma brincadeira sobre o tema. Se você ainda tiver alguma dúvida, procure um especialista.


(FONTES ADAPTADAS: <https://www.ifla.org/publications/node/11174> ,

<https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4c/Como_identificar_not%C3%ADcias_falsas_%28How_To_Spot_Fake_News%29.jpg>, e <https://twitter.com/senadofederal/status/848142913670438912> Acesso em 03 Ago. 2018, às 10h57)

Se a notícia é de uma fonte confiável, a data de publicação é recente e ela foi publicada em outras fontes também confiáveis, então ela é provavelmente:

A) uma notícia verdadeira.

B) uma notícia falsa.

C) uma notícia duvidosa.

D) uma notícia velha.

E) Todas as alternativas estão incorretas.

A B C D E

cód. #10811

FGV - Português - 2018 - Vestibular

Texto para a questão 

    Vindos do norte, da fronteira velha-de-guerra, bem montados, bem enroupados, bem apessoados, chegaram uns oito homens, que de longe se via que eram valentões: primeiro surgiu um, dianteiro, escoteiro, que percorreu, de ponta a ponta, o povoado, pedindo água à porta de uma casa, pedindo pousada em outra, espiando muito para tudo e fazendo pergunta e pergunta; depois, então, apareceram os outros, equipados com um despropósito de armas – carabinas, novinhas quase; garruchas, de um e de dois canos; revólveres de boas marcas; facas, punhais, quicés de cabos esculpidos; porretes e facões, – e transportando um excesso de breves nos pescoços.
    O bando desfilou em formação espaçada, o chefe no meio. E o chefe – o mais forte e o mais alto de todos, com um lenço azul enrolado no chapéu de couro, com dentes brancos limados em acume, de olhar dominador e tosse rosnada, mas sorriso bonito e mansinho de moça – era o homem mais afamado dos dois sertões do rio: célebre do Jequitinhonha à Serra das Araras, da beira do Jequitaí à barra do Verde Grande, do Rio Gavião até nos Montes Claros, de Carinhanha até Paracatu; maior do que Antônio Dó ou Indalécio; o arranca-toco, o treme-terra, o come-brasa, o pega-à-unha, o fecha-treta, o tira-prosa, o parte-ferro, o rompe-racha, o rompe-e-arrasa: Seu Joãozinho Bem-Bem.

João Guimarães Rosa, “A hora e vez de Augusto Matraga”, in Sagarana.
O tipo de valentão armado, figurado no texto de Guimarães Rosa, atuando isoladamente ou em grupo, é personagem frequente na ficção brasileira – literária, cinematográfica etc. Corresponde também a esse tipo a personagem

A) Major Vidigal, de Memórias de um sargento de milícias.

B) Prudêncio, das Memórias póstumas de Brás Cubas.

C) Jão Fera, de Til.

D) Jerônimo, de O cortiço.

E) Soldado amarelo, de Vidas secas.

A B C D E

cód. #7228

INEP - Português - 2018 - Exame - Linguagens e Ciências Humanas - Ensino Médio - PPL

Bate canela

Ora, bate canela que eu quero

ver Sinhá Maria tem sete filho

Todos sete pequenininho

Panelinha, pequenininha

Todos sete querem comer.

Ora, bate canela que eu quero ver

JESUS, C. O canto dos escravos. São Paulo: Eldorado, 1982.


A letra da canção denuncia as privações a que estavam submetidos os escravos, representadas pelo emprego

A) do tratamento “Sinhá”, que exemplifica as relações hierarquizadas.

B) do verbo “quero” em dois versos, que reflete o desejo de libertação.

C) da expressão “sete filho”, o que demonstra a falta de instrução desse grupo.

D) das palavras “panelinha” e “pequenininha”, o que sugere a escassez de alimentos.

A B C D E

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