Questões de Português para Vestibular

cód. #140

COMVEST - UNICAMP - Português - 2021 - Vestibular - Primeira Fase - Provas Q e Z - Biológicas e Saúde

O conto “O espelho”, de Machado de Assis, apresenta o esboço de uma teoria sobre a alma humana. A tese apresentada defende a existência de duas almas (interior e exterior), que completam o homem. Contudo, o narrador faz uma distinção entre as almas que mudam de natureza e estado e aquelas que são enérgicas. Escolha a alternativa que ilustra, no conto, a mutabilidade da alma exterior.

A) A liderança é a força sem a qual o poder político de Oliver Cromwell se extingue.

B) A patente é a marca de distinção, sem a qual Jacobina se extingue.

C) Os versos de Luís de Camões são uma declaração de amor à pátria, pela qual o poeta se dispõe a morrer.

D) As moedas de ouro são o valor visível sem o qual Shylock prefere morrer.

A B C D E

cód. #139

COMVEST - UNICAMP - Português - 2021 - Vestibular - Primeira Fase - Provas Q e Z - Biológicas e Saúde

“ O vento da vida, por mais que cresça, nunca pode chegar a ser bonança; o vento da fortuna pode chegar a ser tempestade, e tão grande tempestade, que se afogue nela o mesmo vento da vida.”
(Antônio Vieira, “Sermão de quarta-feira de cinza do ano de 1672”, em A Arte de Morrer. São Paulo: Nova Alexandria, 1994, p. 56.)
No sermão proferido na Igreja de Santo Antônio dos Portugueses, em Roma, Vieira recorre a uma metáfora para chamar a atenção dos fiéis sobre a morte. Assinale a alternativa que expressa a mensagem veiculada pela imagem do vento.

A) A vida dos fiéis é comparável à tranquilidade da brisa em alto-mar.

B) A fortuna dos fiéis é comparável à força das intempéries marítimas.

C) A fortuna dos fiéis é comparável à felicidade eterna.

D) A vida dos fiéis é comparável à ventura dos navegadores.

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cód. #138

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“─ Reputação! Ora, mamãe, e é a senhora quem me fala nisso! Camila estacou, sem atinar com a resposta, compreendendo o alcance das palavras do filho. A surpresa paralisou-lhe a língua; o sangue arrefeceu-se-lhe nas veias; mas, de repente, a reação sacudiu-a e então, num desatino, ferida no coração, ela achou para o Mário admoestações mais ásperas. Percebeu que a língua mais dizia que a sua vontade; mas não poderia contê-la. A dor atirava-a para diante, contra aquele filho, até então poupado.” (Júlia Lopes de Almeida, A falência. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p. 123.)
A passagem apresenta a reação de Camila às palavras de seu filho. Assinale a alternativa que explica corretamente o comentário de Mário.

A) Mário contrapõe-se à censura materna com sentimento de compaixão.

B) Mário rejeita as reservas maternas com censura moral.

C) Mário contrapõe-se à censura materna com desdém pela família.

D) Mário rejeita as reservas maternas com vergonha pelas dívidas acumuladas.

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cód. #137

COMVEST - UNICAMP - Português - 2021 - Vestibular - Primeira Fase - Provas Q e Z - Biológicas e Saúde

Num mundo dominado por homens, a mulher é tratada como um ser diferenciado, que merece uma designação especial. Enquanto a expressão “o homem” pode equivaler a “o ser humano”, como na frase “O homem é mortal”, a expressão “a mulher” só se refere aos seres humanos do gênero feminino. A língua também revela um tratamento diferente dado à mulher na sociedade ao conter designações específicas para ela, inexistentes para o homem. Assim, a mulher de um chefe de governo é chamada de “primeira-dama”, mas o marido de uma mulher que desempenha aquele cargo não é chamado de “primeiro-cavalheiro”. Conta-se que Cecília Meireles recusava a designação de “poetisa”, por achar que esse termo não tinha a mesma conotação de “poeta” (usado para os homens), ao contrário, soava até pejorativo. Por outro lado, Dilma Rousseff exigia que a tratassem por “presidenta” para enfatizar que quem ocupava o cargo de chefe da nação brasileira era finalmente uma mulher.
(Adaptado de Francisco Jardes Nobre de Araújo, O machismo na linguagem. Disponível em https://www.parabolablog.com.br/index.php/ blogs/o-machismona-linguagem?fbclid=IwAR0n7sVvu2mNioWa1Gpp0BZL4TP6Uo-hGK7DKyltgIxk d tRfoOaI6OEPCZE. Acessado em 05/06/2020.)
Segundo o autor de “O machismo na linguagem”,

A) o hábito de usar “o homem” para representar a humanidade faz com que o feminino se torne um gênero subalterno.

B) a prática da designação do gênero feminino na língua portuguesa leva ao fim do privilégio do masculino na linguagem.

C) o emprego de palavras no feminino evita o viés machista e incentiva uma menor diferenciação entre os gêneros.

D) a escolha de algumas palavras para marcar o gênero feminino pode se relacionar com a valorização social da mulher.

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cód. #136

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A Amazônia em chamas, a censura voltando, a economia estagnada, e a pessoa quer falar de quê? Dos cafonas. Do império da cafonice que nos domina. O cafona fala alto e se orgulha de ser grosseiro e sem compostura. Acha que pode tudo. Não há ética que caiba a ele. Enganar é ok. Agredir é ok. Gentileza, educação, delicadeza, para um convicto e ruidoso cafona, é tudo coisa de maricas. O cafona fura filas, canta pneus e passa sermões. Despreza a ciência, porque ninguém pode ser mais sabido que ele. O cafona quer ser autoridade, para poder dar carteiradas. Quer bajular o poderoso e debochar do necessitado. Quer andar armado. Quer tirar vantagem em tudo. Unidos, os cafonas fazem passeatas de apoio e protestos a favor. Atacam como hienas e se escondem como ratos. Existe algo mais brega do que um rico roubando? Algo mais chique do que um pobre honesto? É sobre isso que a pessoa quer falar, apesar de tudo que está acontecendo. Porque só o bom gosto pode salvar este país.
(Adaptado de Fernanda Young, Bando de cafonas. Publicado em https: //oglobo.globo.com/cultura/em-sua-ultima-coluna-fernanda-young-sent enciacafonice-detesta-arte-23903168. Acessado em 27/05/2020.)
*cafona: quem tem ou revela mau gosto (roupa cafona); que revela gosto ou atitude vulgares. (Adaptado de aulete.com.br.)
Essa releitura do significado de “cafona” salienta

A) a importância das atitudes de determinado grupo de pessoas em relação aos problemas que o país de fato enfrenta.

B) o controle do poder político nas mãos de pessoas desprovidas de ética e educação nas formas como se relacionam com o meio ambiente.

C) a incorporação de padrões de comportamento e de convivência social baseada na vulnerabilidade das classes minoritárias.

D) o privilégio de uma parcela da sociedade em relação a outras e a forma como isso determina os dilemas enfrentados pelo país.

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cód. #135

COMVEST - UNICAMP - Português - 2021 - Vestibular - Primeira Fase - Provas Q e Z - Biológicas e Saúde

Em relação aos recursos de coesão usados na construção do texto, é correto afirmar que:

A) a “economia estagnada” é retomada no uso da expressão “dar carteiradas”.

B) o uso de “isso”, no final do texto, retoma as ideias de cafonice e honestidade.

C) “apesar de tudo”, na penúltima linha, retoma o que a autora denomina “império da cafonice”.

D) o “porque”, na última linha, explica que o país precisa do bom gosto dos cafonas.

A B C D E

cód. #134

COMVEST - UNICAMP - Português - 2021 - Vestibular - Primeira Fase - Provas Q e Z - Biológicas e Saúde

Texto 1

“Algumas vozes nacionais estão tentando atualmente encaminhar a discussão em torno da identidade ‘mestiça’, capaz de reunir todos os brasileiros (brancos, negros e mestiços). Vejo nesta proposta uma nova sutileza ideológica para recuperar a ideia da unidade nacional não alcançada pelo fracassado branqueamento físico. Essa proposta de uma nova identidade mestiça, única, vai na contramão dos movimentos negros e de outras chamadas minorias, que lutam pela construção de uma sociedade plural e de identidades múltiplas.”

(Kabengele Munanga, Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: Identidade Nacional versus Identidade Negra. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 16.)


Texto 2

“Os meus olhos coloridos/ Me fazem refletir/ Eu estou sempre na minha/ E não posso mais fugir/ Meu cabelo enrolado/ Todos querem imitar/ Eles estão baratinados/ Também querem enrolar/ Você ri da minha roupa/ Você ri do meu cabelo/ Você ri da minha pele/ Você ri do meu sorriso/ A verdade é que você,/ (Todo brasileiro tem!)/ Tem sangue crioulo/ Tem cabelo duro/ Sarará crioulo.”

(Macau, “Olhos Coloridos”, 1981, gravada por Sandra de Sá. Álbum: “Sandra de Sá”. RCA.)


Considerando o alerta de Munanga em relação a algumas “vozes nacionais”, a canção de Macau

A) resgata o antigo ideal da identidade nacional única.

B) aponta a possibilidade de uma identidade múltipla.

C) atesta que a pluralidade se opõe ao movimento negro.

D) insiste nas lutas das minorias por uma unidade.

A B C D E

cód. #133

COMVEST - UNICAMP - Português - 2021 - Vestibular - Primeira Fase - Provas Q e Z - Biológicas e Saúde

Dizer que Caetano falou "X” porque "é um leonino vaidoso" quer dizer que: a) todo leonino é vaidoso (se leonino, vaidoso), ou b) que ele pertence a um subconjunto de leoninos, os vaidosos? (o que dá, no primeiro caso, "leonino, que é vaidoso" e no segundo, "leonino que é vaidoso"). (Sírio Possenti, postagem na rede social Facebook, 8 de agosto de 2020.)
Entre os comentários à postagem, qual deles responde corretamente à pergunta do autor?

A) “Em um determinado universo de crenças, leoninos são vaidosos. Isso é um clichê, um senso comum.”

B) “‘É um leonino vaidoso’ = é como qualquer leonino, no caso, vaidoso. É vaidoso porque é vaidoso. Alternativa a.”

C) “Entendo como a opção 2. Para que eu entendesse como opção 1, deveria ser: ‘como todo leonino, é vaidoso’, ou algo do tipo.”

D) “Fico com a restritiva ‘leonino que é vaidoso’. Entendo que, ao trazer vaidoso a leonino, acentua o vaidoso já implicado em leonino.”

A B C D E

cód. #132

COMVEST - UNICAMP - Português - 2021 - Vestibular - Primeira Fase - Provas Q e Z - Biológicas e Saúde

TEXTO 1


antipoema


é preciso rasurar o cânone

distorcer as regras

as rimas as métricas


o padrão

a norma que prende a língua


os milionários que se beneficiam do nosso silêncio


do medo de se dizer poeta,


só assim será livre a palavra.


(Ma Njanu é idealizadora do “Clube de Leitoras” na periferia de Fortaleza e da “Pretarau, Sarau das Pretas”, coletivo de artistas negras. Disponível em http://recantodasletras.com.br/poesias/6903974. Acessado em 20/05/2020.)


TEXTO 2

“O povo não é estúpido quando diz ‘vou na escola’, ‘me deixe’, ‘carneirada’, ‘mapear’, ‘farra’, ‘vagão’, ‘futebol’. É antes inteligentíssimo nessa aparente ignorância porque, sofrendo as influências da terra, do clima, das ligações e contatos com outras raças, das necessidades do momento e de adaptação, e da pronúncia, do caráter, da psicologia racial, modifica aos poucos uma língua que já não lhe serve de expressão porque não expressa ou sofre essas influências e a transformará afinal numa outra língua que se adapta a essas influências.”

(Carta de Mário a Drummond, 18 de fevereiro de 1925, em Lélia Coelho Frota, Carlos e Mário: correspondência completa entre Carlos Drummond de Andrade e Mário de Andrade. Rio de Janeiro: Bem-Te-Vi, 2002, p. 101.)


Apesar de passados quase 100 anos, a carta de Mário de Andrade ecoa no poema de Ma Njanu. Ambos os textos manifestam

A) a ignorância ratificada do povo em sua luta para se expressar.

B) a necessidade de diversificar a língua segundo outros costumes.

C) a inteligência do povo e dos poetas livres de influências.

D) a ingenuidade em se crer na possibilidade de escapar às regras.

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cód. #72

COMVEST - UNICAMP - Português - 2021 - Vestibular - Primeira Fase - Provas E e G - Exatas e Tecnológicas - Humanas e Artes

Esses artifícios de montagem, mixagem e scratching dão ao rap uma variedade de formas de apropriação que parecem tão volúveis e imaginativas quanto as das artes maiores – como, digamos, as exemplificadas na “Mona Lisa de bigode” de Duchamp e nas múltiplas reduplicações de imagens comerciais pré-fabricadas de Andy Warhol. O rap também apresenta uma variedade de conteúdos. Não apenas utiliza trechos de canções populares, como também absorve ecleticamente elementos da música clássica, de apresentações de TV, de jingles de publicidade e da música eletrônica de videogames. Ele se apropria até mesmo de conteúdos não musicais, como reportagens de jornais na TV e fragmentos de discursos de Malcom X e Martin Luther King. (Richard Shusterman, Vivendo a arte. São Paulo: Editora 34, 1998, p.149.)
(Marcel Duchamp, “Mona Lisa de Bigode”, 1919.)

A emergência e a consolidação do rap como linguagem artística foram cercadas de polêmicas de natureza ética, política e cultural. Com base no excerto acima e no quadro de Marcel Duchamp, assinale a alternativa correta.

A) Os elementos poéticos do rap não podem ser comparados aos procedimentos das artes maiores, pois sua preocupação é mais política do que artística.

B) A incorporação das referências culturais nas canções dos Racionais Mc’s é comparável ao gesto de Marcel Duchamp ao pintar um bigode na Mona Lisa, de Leonardo da Vinci. Ambos são apropriações imaginativas e críticas.

C) O modernismo de Marcel Duchamp, os quadros do pintor norte-americano Andy Wahrol e as canções de rap não têm valor artístico, pois expressam a degradação e o ecletismo de uma sociedade de massas.

D) O rap dos Racionais Mc’s e as artes modernas não fazem distinção entre a cultura erudita e a de massa, misturam os seus elementos e produzem obras destituídas de crítica social.

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