Entre quatro paredes
Saí para dar uma volta, outro dia, e notei uma coisa. Fazia um tempo glorioso – melhor impossível, e com toda probabilidade o último do gênero a se ver por estas bandas durante muitos meses gelados, no entanto, quase todos os carros que passavam estavam com os vidros fechados.
Todos aqueles motoristas tinham ajustado o controle de temperatura de seus veículos hermeticamente fechados para criar um clima interno idêntico ao que já existia no mundo exterior, e me ocorreu então que, no que se refere a ar fresco, os americanos perderam de vez a cabeça, ou o senso de proporção, ou alguma outra coisa.
Ah, sim, de vez em quando eles saem para experimentar a novidade de estar ao ar livre – fazem um piquenique, digamos, ou passam o dia na praia, ou num parque de diversões, mas esses são acontecimentos excepcionais. De maneira geral, boa parte dos americanos acostumou-se de tal forma à ideia de passar o grosso da vida numa série de ambientes com clima controlado que a possibilidade de uma alternativa não lhes passa mais pela cabeça.
BRYSON, B. Crônicas de um país bem grande. São Paulo: Cia. das Letras, 2001.
Analisando os procedimentos argumentativos utilizados nesse texto, em especial o relato pessoal baseado em observação, infere-se que o enunciador
A) analisa o comportamento dos motoristas após o inverno.
B) ridiculariza a atitude das pessoas que viajam com os vidros fechados.
C) critica o comportamento de uma população em razão de um costume adquirido.
D) problematiza a falta de perspectiva de um povo acostumado a clima controlado.
TEXTO I
Se queremos combater a violência, temos que lidar também com suas causas, e uma delas pode ser esse tipo de jogo eletrônico. Por propiciar uma participação ativa do jogador na criação da violência, a influência que ele exerce sobre as pessoas é muito maior que a de filmes ou programas de televisão, por exemplo (...), como crianças que assistem ao desenho do Homem-Aranha e depois agem como se realmente fossem o super-herói. Existem pessoas que são mais suscetíveis a essa influência. Aquelas com personalidade limítrofe ou compreensão limitada podem confundir jogo e realidade.
Içami Tiba - Psiquiatra e educador.
TEXTO II
A forma lúdica de lidar com a violência, brincadeiras que envolvem uma dicotomia entre bem e mal são anteriores à era eletrônica. Há muito tempo que as crianças brincam de polícia e ladrão e o fato de uma pessoa interpretar um bandido não quer dizer que ela seja má ou vá se tornar má. (...). É verdade que o jogo eletrônico desperta uma série de sensações no usuário (...) é quase como vivenciar aquilo na vida real. Além disso, a proibição contribui para despertar a curiosidade e tornar o proibido ainda mais atrativo.
Erick Itakura, Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática da PUC-SP. O Estado de São Paulo, 27 jan. 2008.
Os posicionamentos revelados nos Textos I e II têm em comum a defesa do(a)
A) possibilidade de as crianças rejeitarem a realidade.
B) idealização das crianças em personificar seus heróis.
C) impedimento de jogos eletrônicos violentos para crianças.
D) impacto dos jogos eletrônicos no comportamento das crianças.
Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo. Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.
ALVES, R. Gaiolas ou asas. A arte do voo ou a busca da alegria de aprender. Porto: Edições Asa, 2004.
No texto, há uma voz que relaciona referências concretas a outras de sentido figurado para difundir seu pensamento, recorrendo à
A) descrição objetiva da situação dos alunos na escola.
B) expressão emotiva de ideias sobre a função da escola.
C) mudança de ponto de vista do leitor sobre o papel da escola.
D) recomendação de um comportamento esperado na escola.
ARIONAURO. Disponível em: http://humortadela.bol.uol.com.br. Acesso em: 31 jul. 2014.
A charge tem o objetivo de criticar algum acontecimento atual. Ao empregar recursos verbais e não verbais, o texto alerta o leitor para o(a)
A) percurso escolhido para se livrar da Lei Seca.
B) precaução necessária para dirigir um carro.
C) perigo de o motorista ser abordado pela polícia.
D) imprudência da mistura de bebida e direção.
Que importa que uns falem mole descansado
Que os cariocas arranhem os erres na garganta
Que os capixabas e paroaras escancarem as vogais
Que tem se os quinhentos réis meridional
Vira cinco tostões do Rio pro Norte?
Juntos formamos este assombro de misérias e grandezas,
Brasil, nome de vegetal!
ANDRADE, M. Poesias completas. São Paulo: Martins Fontes, 1980.
O poema de Mário de Andrade apresenta características do falar de algumas regiões, posicionando-se criticamente ao enfatizar que
A) a pronúncia exagerada causa malefícios à saúde no Rio de Janeiro.
B) o discurso cadenciado permite a compreensão das pessoas no país.
C) o sotaque local deve ser evitado nas conversas pelo país afora.
D) a diversidade linguística faz parte da riqueza brasileira.
WATTERSON, B. Calvin e Haroldo. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br. Acesso em: 5 ago. 2015.
A expressão “isso”, que aparece no segundo e no quarto quadrinhos, refere-se, respectivamente, às seguintes ideias:
A) “morte por fome” e “incapacidade de matar a fome”.
B) “dificuldade de acreditar” e “existência de pessoas”.
C) “países desenvolvidos” e “consciência de algo”.
D) "existência de fome no mundo” e “consequência de algo”
Leia o texto a seguir para responder à questão.
A) ensaístico, pois apresenta de maneira aprofundada o ponto de vista de um autor, sem levar em conta outras opiniões.
B) metalinguístico, porque faz referência a elementos da própria linguagem, tomando-os como objeto de seu dizer.
C) poético, porque seu interesse principal está no modo como os significantes da língua se organizam.
D) narrativo, pois é figurativo e mostra mudanças de situação, num tempo e num espaço demarcados.
E) jornalístico, porque seu objetivo é informar as pessoas sobre fatos relevantes ocorridos em sociedade.
Ou isto ou aquilo
O dono da usina, entrevistado, explicou ao repórter que a situação é grave. Há excedente de leite no país, e o consumo não dá pra absorver a produção intensiva:
— Uma calamidade. Imagine o senhor que o jornal aqui do município reclama contra a poluição do rio, que está coberto por uma camada alvacenta. Não é nenhum corpo estranho não, é leite. Estão jogando leite no rio porque não têm mais onde jogar. Os bueiros estão entupidos. A população, como o senhor deve saber, é insuficiente para beber toda essa leitalhada ou comê-la em forma de queijo, requeijão, manteiga e coisinhas.
— Insuficiente? Parece que a produção de crianças ainda é maior que a produção de leite.
— Numericamente sim, mas não têm capacidade econômica para beber leite. Têm apenas boca, entende? Então nada feito. Se falta dinheiro aos pais dos garotos para adquirir o produto, ainda bem que se joga leite fora, em vez de jogar os garotos.
ANDRADE, C. D. O sorvete e outras histórias. São Paulo: Ática, 1994.
Explorando o recurso do diálogo no discurso ficcional, a narrativa remete a um significado que
A) reforça o senso comum a respeito do interior.
B) recorre ao humor como canal de crítica social.
C) questiona a credibilidade das notícias do jornal.
D) ironiza as práticas tradicionais da produção leiteira.
Leia o texto a seguir para responder à questão.
A) a norma-padrão escrita da língua é confrontada com os significados das palavras nos dicionários.
B) uma pessoa sussurra em frente ao espelho, observando os movimentos do próprio corpo.
C) alguém utiliza a norma-padrão prescrita pela parte da fonética na gramática normativa.
D) falantes de variedades linguísticas diferentes conversam entre si de forma espontânea.
E) o indivíduo começa a frequentar a escola, principalmente se isso ocorrer na fase adulta.
Disponível em: www.cejam.org.br. Acesso em: 30 ago. 2015.
A Galeria Tátil de Esculturas Brasileiras é um recurso multissensorial desenvolvido pelo Programa Educativo para Públicos Especiais (PEPE) da Pinacoteca do Estado de São Paulo. Nela, a pessoa com deficiência encontra uma possibilidade autônoma de
A) ler a arte.
B) fazer arte.
C) interferir na obra.
D) moldar a escultura.
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