Remissão
Tua memória, pasto de poesia,
tua poesia, pasto dos vulgares,
vão se engastando numa coisa fria
a que tu chamas: vida, e seus pesares.
Mas, pesares de quê? perguntaria,
se esse travo de angústia nos cantares,
se o que dorme na base da elegia
vai correndo e secando pelos ares,
e nada resta, mesmo, do que escreves
e te forçou ao exílio das palavras,
senão contentamento de escrever,
enquanto o tempo, em suas formas breves
ou longas, que sutil interpretavas,
se evapora no fundo de teu ser?
Carlos Drummond de Andrade, Claro enigma.
A) questiona incisivamente o seu fazer poético, pondo em causa o sentido mesmo dessa prática.
B) interpela diretamente o leitor, instando-o a abandonar as ilusões literárias tradicionais remanescentes.
C) invoca o espectro do pai morto, para pedir-lhe que o redima de seus fracassos.
D) apostrofa a memória de Mário de Andrade, seu primeiro mestre de poesia, dedicando-lhe um canto alegórico.
E) dialoga com um escritor classicista imaginário, interrogando-o a respeito das contradições em que incorre.
Texto VI: base para a questão.
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
Sempre, e até de olhos vidrados, amar?
[...]
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.
[...]
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
(Carlos Drummond de Andrade)
Considere as seguintes afirmações sobre esse texto:
I - A leitura desses versos permite afirmar que, para o poeta, o homem não pode fugir ao amor, ainda que isto signifique sofrimento apenas.
II - Os trechos "um vaso sem flor, um chão de ferro" e "amar o inóspito, o áspero" podem ser entendidos como possibilidade de se relativizar as expectativas habituais que temos em relação ao assunto tratado no poema.
III - A presença de versos livres e de neologismos indica traços da poética modernista.
Está(ao) correto(s) o(s) item(ns):
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas I e III.
D) Apenas II e III.
E) Todos estão corretos.
A) Apesar da atitude positiva da população mundial sobre doação de órgãos, existe uma grande diferença entre o número de pessoas em lista de transplante e o número de doadores.
B) Mesmo existindo uma legislação própria para doação de órgãos, o tema é ainda um dilema para os familiares do doador.
C) É um problema que se agrava com a insuficiência de recursos materiais, o que impossibilita o maior crescimento do número de transplantes.
D) É um procedimento complexo, uma vez que envolve aspectos éticos, religiosos, sociais e legais com os quais aqueles que o defendem têm de se deparar.
E) É indispensável haver, além de informação, a profissionalização do sistema de captação de órgãos em parceria com os estados e uma política local de doações.
A) A história de Joana, personagem da música de Chico, ilustra bem a relação entre Eliane e Geraldo, comprovando-se, dessa forma, a intertextualidade temática.
B) No poema de Chico, encontra-se um retrato da relação entre Eliane e Odilon, homem ardiloso que a explora financeiramente, configurando-se, assim, a intertextualidade em nível semântico.
C) A música de Chico apresenta uma verossimilhança de estilo com o conto “O Largo de Branco”, estabelecendo uma intertextualidade contextual-histórica.
D) No que concerne à forma, há uma identidade entre os textos, isso configura também uma relação de intertextualidade.
E) A intertextualidade pode ser comprovada na medida em que os textos são engajados e apresentam crítica social e a mesma tipologia narrativa.
A) Somente as afirmativas I e II são corretas.
B) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
C) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
D) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
E) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
Vindos do norte, da fronteira velha-de-guerra, bem montados, bem enroupados, bem apessoados, chegaram uns oito homens, que de longe se via que eram valentões: primeiro surgiu um, dianteiro, escoteiro, que percorreu, de ponta a ponta, o povoado, pedindo água à porta de uma casa, pedindo pousada em outra, espiando muito para tudo e fazendo pergunta e pergunta; depois, então, apareceram os outros, equipados com um despropósito de armas – carabinas, novinhas quase; garruchas, de um e de dois canos; revólveres de boas marcas; facas, punhais, quicés de cabos esculpidos; porretes e facões, – e transportando um excesso de breves nos pescoços.
O bando desfilou em formação espaçada, o chefe no meio. E o chefe – o mais forte e o mais alto de todos, com um lenço azul enrolado no chapéu de couro, com dentes brancos limados em acume, de olhar dominador e tosse rosnada, mas sorriso bonito e mansinho de moça – era o homem mais afamado dos dois sertões do rio: célebre do Jequitinhonha à Serra das Araras, da beira do Jequitaí à barra do Verde Grande, do Rio Gavião até nos Montes Claros, de Carinhanha até Paracatu; maior do que Antônio Dó ou Indalécio; o arranca-toco, o treme-terra, o come-brasa, o pega-à-unha, o fecha-treta, o tira-prosa, o parte-ferro, o rompe-racha, o rompe-e-arrasa: Seu Joãozinho Bem-Bem.
João Guimarães Rosa, “A hora e vez de Augusto Matraga”, in Sagarana.
A) “percorreu”.
B) “despropósito”.
C) “transportando”.
D) “apessoados”,
E) “enroupados”.
Texto V: base para a questão.
Epitáfio para um banqueiro
NEGÓCIO
EGO
ÓCIO
CIO
O
(José Paulo Paes)
No texto há uma relação semântica (significado) do título com o conteúdo propriamente dito. Assim, da leitura do poema em destaque, podemos apreender que:
I - O eu-lírico explora, ao máximo, a decomposição do significante da palavra negócio em ego, ócio, cio, 0 (zero), porém elas não se relacionam com a ideia de epitáfio.
II - As palavras estão relacionadas com o epitáfio, ou seja, a homenagem post mortem dada a alguém, no caso o banqueiro, que sintetiza o seu estilo de vida passada.
III - Podemos entender que, para o eu-lírico, os negócios de um banqueiro são formados pelo ego (individualismo do mundo dos negócios), ócio (típicos daqueles que especulam, não produzem e se fartam nas inutilidades), cio (libertinagem sexual) e o zero (o valor do capital do banqueiro após a morte), ou seja: negócios + individualismo + ociosidade + sexo = 0.
Está(ão) correto(s) o(s) item(ns):
A) I e II, somente.
B) I e III, somente.
C) II e III, somente.
D) III, somente.
E) Todos estão corretos.
INSTRUÇÃO: Para responder à questão, considere o texto abaixo.
Disponív l m: <http://www.r vista ducacao.com.br/um-pr mio-para-todos-qu -alfab tizam/>. c sso m: 16 mar. 2018.
A) A professora Magda Soares vem conseguindo êxitos ao longo de toda sua carreira.
B) O advérbio “c rtam nt ”, qu abr o s gundo parágrafo, é uma m nção qu o autor do t xto faz ao que deve ter sido levado em consideração pelo júri para justificar a premiação.
C) Com 85 anos de carreira, essa foi a primeira vez que a professora Magda Soares conquista o cobiçado Prêmio Jabuti.
D) Um dos principais motivos da evasão escolar é a dificuldade do letramento.
E) Não há consenso no Brasil entre o método que deveria ser utilizado para a alfabetização, e essa briga já ocorre há mais de um século.
A) As questões existenciais perdem importância no desenrolar da narrativa à medida que os fatos sociais e políticos ganham relevância.
B) A crítica social e política é a tônica da narrativa, colocando o ser humano como mero coadjuvante de uma trama que é a própria vida pulsante da sociedade.
C) A degradação humana está condicionada a um contexto econômico e político cuja lógica submete a população de Junco a um processo de desumanização acentuado.
D) A desumanização das personagens ilustra a decadência da sociedade de classe capitalista.
E) A análise psicológica inexiste no romance em proveito de uma abordagem social e antropológica.
Em relação aos recursos linguístico-semânticos presentes no texto, considere as afirmativas a seguir.
I. Na oração “Os móveis para bonecas obedecem à arte vitoriana”, a presença da preposição a deve-se à exigência feita pelo verbo.
II. Em “O artesão expõe suas peças no Calçadão de Londrina, esquina com Hugo Cabral, de segunda a sexta”, não se emprega a crase porque o a é uma mera preposição.
III. Em “Dinheiro é maravilhoso, mas chega um período em que ele não é mais tão importante”, o conectivo “mas” estabelece uma relação de oposição com a ideia expressa anteriormente.
IV. Em “Então, os avós e pais construíam os brinquedos de forma artesanal” a partícula “então” estabelece uma relação de alternância.
Assinale a alternativa correta.
A) Somente as afirmativas I e II são corretas.
B) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
C) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
D) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
E) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
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