Questões de Português para Vestibular

cód. #10368

UENP Concursos - Português - 2018 - Vestibular - 1º Dia

Leia o texto a seguir e responda à questão.
Racismo em tempos modernos
Democracia racial costuma ser um termo utilizado no Brasil por quem, infelizmente, acredita na inexistência de preconceito de cor. Atualmente, as redes sociais são, por excelência, uma amostragem da presença dessa crença muito debatida no século anterior. Dentro da lenda da democracia racial, seus adeptos, consciente ou inconscientemente, reclamam que a ausência de preconceito é justificada pela atmosfera pacífica da convivência social, sem guerras civis, onde quem diz ter um “amigo negro” é absolvido automaticamente após qualquer piada racista ou comentário degradante. E assim foi argumentada por homens como Florestan Fernandes, décadas atrás, ao responder a muitas das questões postas hoje, mas que aparentemente são ignoradas pelos paladinos da negação do racismo sob os interesses dos mais obscuros.
No habitat virtual emerge um antigo modelo de discurso que, se antes estava reservado a lugares próprios e passíveis de camuflagens, agora está despido para quem quiser ver. Basta uma notícia de constatação de preconceito racial, que uma burricada surge para reafirmar que o racismo é uma ilusão confeccionada por elementos X ou Y. Isso, é claro, quando não sentenciam os próprios negros por sofrerem racismo. É como acusar os judeus pelo holocausto ou grupos indígenas pelo seu próprio extermínio. Mas há quem faça.
Em suas mastodônticas moralidades, acham que cotas raciais, por exemplo, legitimam o preconceito. Ignoram a estrutura das relações do pós-Abolição, que fortificou uma sociedade desigual não apenas socioeconômica, mas pela cor, como subterfúgio da manutenção das divisões sociais. Divisões que sobrevivem.
Em uma sociedade em que, segundo o IBGE (2014), mais de 53% se declaram negros ou pardos, as tentativas de destacar as exceções confirmam o grau de disparidade. Enquanto o acesso profissional e universitário não representar o cotidiano, qualquer discurso de meritocracia é vazio. Não tão distante, ainda sobrevive a frase de George Bernard Shaw: “Faz-se o negro passar a vida a engraxar sapatos e depois prova-se a inferioridade do negro pelo fato de ele ser engraxate”.
(Adaptado de: <https://oglobo.globo.com/opiniao/racismo-em-tempos-modernos-18605034. Acesso em: 22 jun. 2018.)
De acordo com o trecho “Não tão distante, ainda sobrevive a frase de Bernard Shaw: ‘Faz-se o negro passar a vida a engraxar sapatos e depois prova-se a inferioridade do negro pelo fato de ele ser engraxate”’, assinale a alternativa que apresenta, corretamente, a função dos dois pontos.

A) Sinalizar uma pausa rápida.

B) Introduzir uma citação.

C) Estabelecer uma síntese.

D) Indicar uma pausa longa.

E) Antecipar uma enumeração.

A B C D E

cód. #10880

FGV - Português - 2018 - Vestibular - Administração Pública

                       “PIMBA NA GORDUCHINHA”* DATOU


      Empolgação já não basta. Comentaristas usam cada vez mais estatísticas e termos técnicos para traduzir o que acontece em campo.

      Por tradição, a tarefa de comentar uma partida de futebol sempre foi o oposto disso. A “crônica esportiva” pontificada por lendas como Nelson Rodrigues e Armando Nogueira, entre muitos outros, evocava heróis em campo e fazia da genialidade individual, do empenho coletivo e do imponderável instituições que comandavam o jogo. O belo texto valia tanto quanto – ou mais – que a observação de treinos e jogos. “O padrão para falar de futebol no Brasil costumava abordar aspectos como a qualidade individual do jogador e fatores emocionais”, afirma Carlos Eduardo Mansur, do jornal O Globo. “O desafio hoje é estudar o jogo taticamente.” Não havia no passado, obviamente, a ideia nem os recursos técnicos para compilar dados, que hoje sustentam as análises feitas durante os 90 minutos.

      O uso de softwares que ajudam a dissecar partidas em números se difundiu nos clubes e transbordou para as redações. Crescem grupos dedicados à tabulação e análise de dados. Estatísticas individuais e coletivas, como o número de finalizações de um atacante e a média de posse de bola de uma equipe, são dados prosaicos em palestras de treinadores e programas de TV, blogs ou jornais.

      Detratores desse modelo, no entanto, consideram essa tendência um modismo, uma chatice. “Há preconceito de quem ouve e exagero de quem usa”, afirma o comentarista PVC [Paulo Vinícius Coelho]. Excessos ou modismos à parte, não há como fugir da realidade. O uso de dados e estatísticas por clubes europeus para elaborar estratégias e jogadas é antigo e há anos chegou aos brasileiros, com maior ou menor simpatia. Não existe futebol bem jogado, em alto nível, sem isso.

      A tarefa de dissecar o jogo por números e dados ajuda a entender, mas não esgota o futebol, que, por sua dinâmica, segue como um esporte dos mais imprevisíveis.

                                                                Rafael Oliveira, Época, 29.01.2018. Adaptado.

* "ripa na chulipa e pimba na gorduchinha": bordão criado pelo narrador de futebol Osmar Santos e popularizado nos anos 1980.  

Foram empregadas em sentido figurado as seguintes expressões do texto:

A) “dissecar partidas”; “transbordou para as redações”.

B) “análise de dados”; “fugir da realidade”.

C) “com maior ou menor simpatia”; “dados prosaicos”.

D) “Detratores desse modelo”; “modismos à parte”.

E) “compilar dados”; “esgota o futebol”.

A B C D E

cód. #8833

Cepros - Português - 2018 - Processo Seletivo Tradicional- 2019.1- AGRESTE

TEXTO 2

Tempos ansiosos


(1) Saber lidar com as preocupações se tornou uma característica desejada, porque a ansiedade foi relegada ao posto de vilã do mundo moderno. Apesar de ser essencial para a sobrevivência, ela ganhou o estigma de atrapalhar as relações pessoais, a competência no trabalho e todo tipo de situação delicada.

“Se o candidato não consegue dominar a ansiedade na hora da seleção de emprego, já questionamos como ele agirá no ambiente de trabalho”, diz Adriana Vilela, analista de recursos humanos da RHBrasil, empesa que recruta candidatos para o mercado de trabalho. É muito comum, aliás, as pessoas reclamarem que são ansiosas demais e os especialistas chamarem os nossos tempos de “era da ansiedade”.

(2) Mas essa noção de que vivemos numa época especialmente estressante é coisa ultrapassada, na verdade. A ideia de “era da ansiedade” nasceu antes da internet e do computador. Apareceu pela primeira vez em 1947, num poema do inglês Hugh Auden, que, desiludido com a humanidade depois da 2ª. Guerra Mundial, criticou o homem e sua busca sem sentido por significado.

Desde então, há pelo menos uma obra por década que afirma que o ser humano está passando pelos tempos mais difíceis de sua história e que, coitados de nós, sofremos demais com a ansiedade.
(Hueck, Karin. Sobre a ansiedade. Revista Superinteressante. São Paulo: Abril, nov. 2008. Adaptado)
Analisando os recursos da coesão textual no primeiro parágrafo do Texto 2, vemos que ocorreram conectivos que, respectivamente, expressam relações semânticas de:

A) concessão, finalidade e adição.

B) temporalidade, oposição e finalidade.

C) oposição, adição e causalidade.

D) causalidade, concessão e adição.

E) adição, causalidade e concessão.

A B C D E

cód. #10369

UENP Concursos - Português - 2018 - Vestibular - 1º Dia

Leia o texto a seguir e responda à questão.
Racismo em tempos modernos
Democracia racial costuma ser um termo utilizado no Brasil por quem, infelizmente, acredita na inexistência de preconceito de cor. Atualmente, as redes sociais são, por excelência, uma amostragem da presença dessa crença muito debatida no século anterior. Dentro da lenda da democracia racial, seus adeptos, consciente ou inconscientemente, reclamam que a ausência de preconceito é justificada pela atmosfera pacífica da convivência social, sem guerras civis, onde quem diz ter um “amigo negro” é absolvido automaticamente após qualquer piada racista ou comentário degradante. E assim foi argumentada por homens como Florestan Fernandes, décadas atrás, ao responder a muitas das questões postas hoje, mas que aparentemente são ignoradas pelos paladinos da negação do racismo sob os interesses dos mais obscuros.
No habitat virtual emerge um antigo modelo de discurso que, se antes estava reservado a lugares próprios e passíveis de camuflagens, agora está despido para quem quiser ver. Basta uma notícia de constatação de preconceito racial, que uma burricada surge para reafirmar que o racismo é uma ilusão confeccionada por elementos X ou Y. Isso, é claro, quando não sentenciam os próprios negros por sofrerem racismo. É como acusar os judeus pelo holocausto ou grupos indígenas pelo seu próprio extermínio. Mas há quem faça.
Em suas mastodônticas moralidades, acham que cotas raciais, por exemplo, legitimam o preconceito. Ignoram a estrutura das relações do pós-Abolição, que fortificou uma sociedade desigual não apenas socioeconômica, mas pela cor, como subterfúgio da manutenção das divisões sociais. Divisões que sobrevivem.
Em uma sociedade em que, segundo o IBGE (2014), mais de 53% se declaram negros ou pardos, as tentativas de destacar as exceções confirmam o grau de disparidade. Enquanto o acesso profissional e universitário não representar o cotidiano, qualquer discurso de meritocracia é vazio. Não tão distante, ainda sobrevive a frase de George Bernard Shaw: “Faz-se o negro passar a vida a engraxar sapatos e depois prova-se a inferioridade do negro pelo fato de ele ser engraxate”.
(Adaptado de: <https://oglobo.globo.com/opiniao/racismo-em-tempos-modernos-18605034. Acesso em: 22 jun. 2018.)
Com base no texto, considere as afirmativas a seguir. I. Em “quem diz ter um ‘amigo negro’ é absolvido automaticamente”, as aspas empregadas em “amigo negro” indicam ironia por parte do autor do texto. II. As palavras “inexistência”, “comentário” e “próprios”, retiradas do texto, são acentuadas pela mesma razão. III. Em “É como acusar os judeus pelo holocausto ou grupos indígenas pelo seu próprio extermínio”, temos uma comparação. IV. Em “Mas há quem faça”, o verbo “haver” é impessoal e se refere a tempo passado.
Assinale a alternativa correta.

A) Somente as afirmativas I e II são corretas.

B) Somente as afirmativas I e IV são corretas.

C) Somente as afirmativas III e IV são corretas.

D) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.

E) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

A B C D E

cód. #10625

PUC - SP - Português - 2018 - Vestibular - Segundo Semestre

Leia o excerto a seguir, extraído do primeiro capítulo de A cidade e as serras, para responder a questão,


- Aqui tens tu, Zé Fernandes - começou Jacinto, encostado à janela do mirante -, a teoria que me governa, bem comprovada. Com estes olhos que recebemos da Madre natureza, lestos e sãos, nós podemos apenas distinguir além, através da Avenida, naquela loja, uma vidraça alumiada. Mais nada! Se eu porém aos meus olhos juntar os dois vidros simples dum binóculo de corridas, percebo, por trás da vidraça, presuntos, queijos, boiões de geleia e caixas de ameixa seca. Concluo portanto que é uma mercearia. Obtive uma noção: tenho sobre ti, que com os olhos desarmados vês só o luzir da vidraça, uma vantagem positiva. Se agora, em vez destes vidros simples, eu usasse os do meu telescópio, de composição mais científica, poderia avistar além, no planeta Marte, os mares, as neves, os canais, o recorte dos golfos, toda a geografia dum astro que circula a milhares de léguas dos Campos Elísios. É outra noção, e tremenda! Tens aqui pois o olho primitivo, o da Natureza, elevado pela Civilização à sua máxima potência de visão. E desde já, pelo lado do olho portanto, eu, civilizado, sou mais feliz que o incivilizado, porque descubro realidades do Universo que ele não suspeita e de que está privado. Aplica esta prova a todos os órgãos e compreenderás o meu princípio.


(Queirós, Eça de. A cidade e as serras. São Paulo: Ateliê, 2007, p. 63-64)

No fragmento em questão, ao apresentar para o amigo Zé Fernandes sua teoria a respeito da felicidade, Jacinto revela:

A) a vontade de aproximar-se da natureza, pois a vida na cidade afasta o ser humano da realidade concreta.

B) uma visão mística do mundo, explicitada pelo desejo de enxergar mais do que os olhos humanos permitem.

C) um olhar pessimista sobre a realidade urbana, caracterizado pela submissão do homem civilizado à ciência.

D) a superioridade da civilização sobre a natureza, pois só a ciência permite ao ser humano transpor seus limites.

A B C D E

cód. #10881

FGV - Português - 2018 - Vestibular - Administração Pública

                       “PIMBA NA GORDUCHINHA”* DATOU


      Empolgação já não basta. Comentaristas usam cada vez mais estatísticas e termos técnicos para traduzir o que acontece em campo.

      Por tradição, a tarefa de comentar uma partida de futebol sempre foi o oposto disso. A “crônica esportiva” pontificada por lendas como Nelson Rodrigues e Armando Nogueira, entre muitos outros, evocava heróis em campo e fazia da genialidade individual, do empenho coletivo e do imponderável instituições que comandavam o jogo. O belo texto valia tanto quanto – ou mais – que a observação de treinos e jogos. “O padrão para falar de futebol no Brasil costumava abordar aspectos como a qualidade individual do jogador e fatores emocionais”, afirma Carlos Eduardo Mansur, do jornal O Globo. “O desafio hoje é estudar o jogo taticamente.” Não havia no passado, obviamente, a ideia nem os recursos técnicos para compilar dados, que hoje sustentam as análises feitas durante os 90 minutos.

      O uso de softwares que ajudam a dissecar partidas em números se difundiu nos clubes e transbordou para as redações. Crescem grupos dedicados à tabulação e análise de dados. Estatísticas individuais e coletivas, como o número de finalizações de um atacante e a média de posse de bola de uma equipe, são dados prosaicos em palestras de treinadores e programas de TV, blogs ou jornais.

      Detratores desse modelo, no entanto, consideram essa tendência um modismo, uma chatice. “Há preconceito de quem ouve e exagero de quem usa”, afirma o comentarista PVC [Paulo Vinícius Coelho]. Excessos ou modismos à parte, não há como fugir da realidade. O uso de dados e estatísticas por clubes europeus para elaborar estratégias e jogadas é antigo e há anos chegou aos brasileiros, com maior ou menor simpatia. Não existe futebol bem jogado, em alto nível, sem isso.

      A tarefa de dissecar o jogo por números e dados ajuda a entender, mas não esgota o futebol, que, por sua dinâmica, segue como um esporte dos mais imprevisíveis.

                                                                Rafael Oliveira, Época, 29.01.2018. Adaptado.

* "ripa na chulipa e pimba na gorduchinha": bordão criado pelo narrador de futebol Osmar Santos e popularizado nos anos 1980.  

Segundo o texto, a análise de dados sobre uma partida colhidos por meio de recursos tecnológicos

A) diminuiu a importância dada à genialidade individual dos jogadores.

B) é empregada pelos atuais comentaristas de esporte para serem mais bem entendidos pelo público.

C) vem sendo utilizada no futebol há algum tempo, tanto por técnicos quanto por comentaristas de esporte.

D) era expressa pelos locutores do passado de forma jocosa e em linguagem popular.

E) sofria preconceito por parte dos antigos cronistas esportivos, que preferiam valorizar o talento dos grandes jogadores.

A B C D E

cód. #8834

Cepros - Português - 2018 - Processo Seletivo Tradicional- 2019.1- AGRESTE

TEXTO 2

Tempos ansiosos


(1) Saber lidar com as preocupações se tornou uma característica desejada, porque a ansiedade foi relegada ao posto de vilã do mundo moderno. Apesar de ser essencial para a sobrevivência, ela ganhou o estigma de atrapalhar as relações pessoais, a competência no trabalho e todo tipo de situação delicada.

“Se o candidato não consegue dominar a ansiedade na hora da seleção de emprego, já questionamos como ele agirá no ambiente de trabalho”, diz Adriana Vilela, analista de recursos humanos da RHBrasil, empesa que recruta candidatos para o mercado de trabalho. É muito comum, aliás, as pessoas reclamarem que são ansiosas demais e os especialistas chamarem os nossos tempos de “era da ansiedade”.

(2) Mas essa noção de que vivemos numa época especialmente estressante é coisa ultrapassada, na verdade. A ideia de “era da ansiedade” nasceu antes da internet e do computador. Apareceu pela primeira vez em 1947, num poema do inglês Hugh Auden, que, desiludido com a humanidade depois da 2ª. Guerra Mundial, criticou o homem e sua busca sem sentido por significado.

Desde então, há pelo menos uma obra por década que afirma que o ser humano está passando pelos tempos mais difíceis de sua história e que, coitados de nós, sofremos demais com a ansiedade.
(Hueck, Karin. Sobre a ansiedade. Revista Superinteressante. São Paulo: Abril, nov. 2008. Adaptado)
O Texto 2 atinge, preferencialmente, a área social própria:

A) de historiadores e filosofos.

B) de escritores e jornalistas.

C) da publicação de obras médicas.

D) da definição da atualidade moderna.

E) das relações profissionais.

A B C D E

cód. #10370

UENP Concursos - Português - 2018 - Vestibular - 1º Dia

Leia o texto a seguir e responda à questão.
Racismo em tempos modernos
Democracia racial costuma ser um termo utilizado no Brasil por quem, infelizmente, acredita na inexistência de preconceito de cor. Atualmente, as redes sociais são, por excelência, uma amostragem da presença dessa crença muito debatida no século anterior. Dentro da lenda da democracia racial, seus adeptos, consciente ou inconscientemente, reclamam que a ausência de preconceito é justificada pela atmosfera pacífica da convivência social, sem guerras civis, onde quem diz ter um “amigo negro” é absolvido automaticamente após qualquer piada racista ou comentário degradante. E assim foi argumentada por homens como Florestan Fernandes, décadas atrás, ao responder a muitas das questões postas hoje, mas que aparentemente são ignoradas pelos paladinos da negação do racismo sob os interesses dos mais obscuros.
No habitat virtual emerge um antigo modelo de discurso que, se antes estava reservado a lugares próprios e passíveis de camuflagens, agora está despido para quem quiser ver. Basta uma notícia de constatação de preconceito racial, que uma burricada surge para reafirmar que o racismo é uma ilusão confeccionada por elementos X ou Y. Isso, é claro, quando não sentenciam os próprios negros por sofrerem racismo. É como acusar os judeus pelo holocausto ou grupos indígenas pelo seu próprio extermínio. Mas há quem faça.
Em suas mastodônticas moralidades, acham que cotas raciais, por exemplo, legitimam o preconceito. Ignoram a estrutura das relações do pós-Abolição, que fortificou uma sociedade desigual não apenas socioeconômica, mas pela cor, como subterfúgio da manutenção das divisões sociais. Divisões que sobrevivem.
Em uma sociedade em que, segundo o IBGE (2014), mais de 53% se declaram negros ou pardos, as tentativas de destacar as exceções confirmam o grau de disparidade. Enquanto o acesso profissional e universitário não representar o cotidiano, qualquer discurso de meritocracia é vazio. Não tão distante, ainda sobrevive a frase de George Bernard Shaw: “Faz-se o negro passar a vida a engraxar sapatos e depois prova-se a inferioridade do negro pelo fato de ele ser engraxate”.
(Adaptado de: <https://oglobo.globo.com/opiniao/racismo-em-tempos-modernos-18605034. Acesso em: 22 jun. 2018.)
Com base nos trechos a seguir, assinale a alternativa em que o termo sublinhado exprime, explicitamente, posicionamento por parte do autor.

A) Democracia racial costuma ser um termo utilizado no Brasil por quem, infelizmente, acredita na inexistência de preconceito de cor.

B) Atualmente, as redes sociais são, por excelência, uma amostragem da presença dessa crença.

C) No habitat virtual emerge um antigo modelo de discurso [...] para quem quiser ver.

D) Basta uma notícia de constatação de preconceito racial [...] confeccionada por elementos X ou Y.

E) Em suas mastodônticas moralidades, acham que cotas sociais, por exemplo, legitimam o preconceito.

A B C D E

cód. #8835

Cepros - Português - 2018 - Processo Seletivo Tradicional- 2019.1- AGRESTE

TEXTO 1

A valorização da ética


(1) Há um paradoxo na nossa relação com a ética. Pais, filósofos e educadores concordam quanto aos valores a serem transmitidos e preservados. A questão é que a crença nos valores se dá no atacado e no abstrato, enquanto sua transmissão se faz no concreto das relações cotidianas. Aí se instala a contradição.
(2) Ficam desacreditadas as solenes exposições pedagógicas sobre disciplina e respeito aos direitos do outro quando a escola é conivente com brincadeiras agressivas. Os repetidos sermões sobre limites ficam sob suspeita se os pais passam pelo acostamento quando a estrada está congestionada ou param em fila dupla na frente da escola. Nossas conversas sobre integridade ficam comprometidas quando compramos vídeos e discos pirateados ou fazemos ligações clandestinas de TV a cabo.
(3) Talvez a coerência não seja um atributo dos humanos: sentimentos contraditórios convivem tranquilamente dentro de nós. Infelizmente, também somos muito distraídos: a maior parte do tempo, funcionamos sob o comando de um ‘piloto automático’, que nos empurra para o caminho mais fácil, esquecidos dos valores que deveriam nortear nossas escolhas.
(4) Mas a hipocrisia está a um passo à frente do cinismo, na medida em que o hipócrita sabe qual é o caminho do bem, reconhece que deveria percorrê-lo, mas não consegue pôr em prática sua crença teórica. Diferentemente do cínico, que nega a validade de qualquer escolha e adota o princípio do “não tenho nada com isso”, com um alienado encolher de ombros.
(5) Talvez seja essa a verdadeira ameaça a nos desviar do caminho de um futuro melhor. Uma geração de jovens cínicos e alienados poderia, de fato, pôr tudo a perder. O mundo será melhor quando cuidarmos para que nosso comportamento reflita nossos princípios e transformarmos os discursos sobre fraternidade em gestos de solidariedade. Aí, então, a opção pelo caminho da ética se fará não por temor à punição ou à censura, mas como exercício de amor-próprio, como um componente da dignidade.
(Aratangy, Lídia Rosenberg. Claudia. São Paulo: Abril, jun. 2004, p. 148-151. Adaptado)
As normas da concordância verbal são, socialmente, bastante valorizadas na definição da língua portuguesa ‘’culta’. Está conforme tais normas a seguinte alternativa:

A) Nenhuma das sociedades atuais podem se livrar das demandas da ética baseada na solidariedade.

B) Qual das sociedades atuais conseguem dispensar a exigência ética da solidariedade?

C) Haveriam sociedades mais justas se a ética da solidariedade se impusesse no mundo.

D) Sociedades mais justas haviam- se consolidado no mundo se os ideais da solidariedade tivessem crescido.

E) Quais dos grupos brasileiros esteve à frente das questões levantadas a favor da ética?

A B C D E

cód. #10371

UENP Concursos - Português - 2018 - Vestibular - 1º Dia

Leia o texto a seguir e responda à questão.
Racismo em tempos modernos
Democracia racial costuma ser um termo utilizado no Brasil por quem, infelizmente, acredita na inexistência de preconceito de cor. Atualmente, as redes sociais são, por excelência, uma amostragem da presença dessa crença muito debatida no século anterior. Dentro da lenda da democracia racial, seus adeptos, consciente ou inconscientemente, reclamam que a ausência de preconceito é justificada pela atmosfera pacífica da convivência social, sem guerras civis, onde quem diz ter um “amigo negro” é absolvido automaticamente após qualquer piada racista ou comentário degradante. E assim foi argumentada por homens como Florestan Fernandes, décadas atrás, ao responder a muitas das questões postas hoje, mas que aparentemente são ignoradas pelos paladinos da negação do racismo sob os interesses dos mais obscuros.
No habitat virtual emerge um antigo modelo de discurso que, se antes estava reservado a lugares próprios e passíveis de camuflagens, agora está despido para quem quiser ver. Basta uma notícia de constatação de preconceito racial, que uma burricada surge para reafirmar que o racismo é uma ilusão confeccionada por elementos X ou Y. Isso, é claro, quando não sentenciam os próprios negros por sofrerem racismo. É como acusar os judeus pelo holocausto ou grupos indígenas pelo seu próprio extermínio. Mas há quem faça.
Em suas mastodônticas moralidades, acham que cotas raciais, por exemplo, legitimam o preconceito. Ignoram a estrutura das relações do pós-Abolição, que fortificou uma sociedade desigual não apenas socioeconômica, mas pela cor, como subterfúgio da manutenção das divisões sociais. Divisões que sobrevivem.
Em uma sociedade em que, segundo o IBGE (2014), mais de 53% se declaram negros ou pardos, as tentativas de destacar as exceções confirmam o grau de disparidade. Enquanto o acesso profissional e universitário não representar o cotidiano, qualquer discurso de meritocracia é vazio. Não tão distante, ainda sobrevive a frase de George Bernard Shaw: “Faz-se o negro passar a vida a engraxar sapatos e depois prova-se a inferioridade do negro pelo fato de ele ser engraxate”.
(Adaptado de: <https://oglobo.globo.com/opiniao/racismo-em-tempos-modernos-18605034. Acesso em: 22 jun. 2018.)
A partir da leitura do texto, considere as afirmativas a seguir. I. O objetivo principal do texto é denunciar o preconceito, bem como a falta de democracia racial no Brasil. II. O autor do texto critica os órgãos governamentais e cobra políticas públicas para o combate ao racismo. III. Segundo o autor, as divisões sociais não têm relação com o preconceito de cor. IV. Ao dizer “Mas há quem faça”, o autor demonstra indignação com aquilo que expõe em seu texto.
Assinale a alternativa correta.

A) Somente as afirmativas I e II são corretas.

B) Somente as afirmativas I e IV são corretas.

C) Somente as afirmativas III e IV são corretas.

D) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.

E) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

A B C D E

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