Questões de Português para Vestibular

cód. #10375

FATEC - Português - 2018 - Vestibular - Segundo Semestre

Leia o texto para responder à questão.

13 de maio Hoje amanheceu chovendo. É um dia simpatico para mim. É o dia da Abolição. Dia que comemoramos a libertação dos escravos.

    ...Nas prisões os negros eram os bodes espiatorios. [....]

    Continua chovendo. E eu tenho só feijão e sal. A chuva está forte. Mesmo assim, mandei os meninos para a escola. Estou escrevendo até passar a chuva, para eu ir lá no senhor Manuel vender os ferros. Com o dinheiro dos ferros vou comprar arroz e linguiça. A chuva passou um pouco. Vou sair.

    ..Eu tenho tanto dó dos meus filhos. Quando eles vê as coisas de comer eles brada:

    – Viva a mamãe!

    A manifestação agrada-me. Mas eu já perdi o habito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais comida. Eu mandei o João pedir um pouquinho de gordura a Dona Ida. Ela não tinha. Mandei-lhe um bilhete assim:

    – “Dona Ida peço-te se pode me arranjar um pouco de gordura, para eu fazer uma sopa para os meninos. Hoje choveu e eu não pude ir catar papel. Agradeço. Carolina.”

    ...Choveu, esfriou. É o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera começou pedir comida. E eu não tinha. Era a reprise do espetaculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar um pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos.

    E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual – a fome!

    29 de maio [....]

    ...Há de existir alguem que lendo o que eu escrevo dirá...isto é mentira! Mas, as miserias são reais.

MARIA DE JESUS, Carolina. Quarto de Despejo: Diário de uma favelada. São Paulo: Editora Ática, 2017. Adaptado.

Considere a charge

Comparando a charge ao texto de Carolina Maria de Jesus, conclui-se corretamente que ambos se relacionam à temática

A) do subemprego, a exemplo das passagens “com o dinheiro dos ferros vou comprar arroz e linguiça” e “eu não pude ir catar papel”.

B) do racismo, a exemplo da passagem “Estou escrevendo até passar a chuva, para eu ir lá no senhor Manuel vender os ferros”

C) da solidariedade, a exemplo da passagem “eu mandei o João pedir um pouquinho de gordura a Dona Ida”.

D) da violência urbana, a exemplo da passagem “A manifestação agrada-me. Mas eu já perdi o hábito de sorrir”.

E) da adversidade climática, a exemplo da passagem “...Choveu, esfriou. É o inverno que chega”.

A B C D E

cód. #7816

FAG - Português - 2018 - Vestibular - Segundo Semestre - Medicina

Texto 3


Ler pensamentos já é possível


    Pense em um objeto. Vale qualquer coisa mesmo, e nem precisa ser bem um objeto. Pode ser uma emoção, uma pessoa, um lugar. Agora, vamos tentar adivinhar o que é fazendo algumas perguntas e você só pode responder “sim” ou “não”. É possível que você já conheça essa brincadeira. Nos EUA, esse jogo leva o nome “20 questions”, porque quem tenta adivinhar o pensamento do outro só pode fazer 20 perguntas.
    Num estudo recente da Universidade de Washington, 10 pessoas foram convidadas a jogar. Os cinco pares chegaram às respostas certas 72% das vezes. A novidade é que os participantes não trocaram uma palavra sequer. Aliás, eles nem mesmo estavam na mesma sala. O que aconteceu foi um caso bem-sucedido de transmissão de pensamento. Em outras palavras, os participantes conseguiram ler o pensamento uns dos outros.
    Não é a primeira vez que tentam algo do tipo em laboratório. Mas, dessa vez, a ciência foi além. A experiência funcionou assim: os voluntários foram divididos em duas categorias: os “respondedores” e os “perguntadores”. Os respondedores usavam um capacete conectado com um eletroencefalógrafo, um instrumento que registra e grava as atividades cerebrais. Eles ficavam de frente para uma tela que mostrava objetos. Aí, era só eles escolherem um e aguardar as perguntas.
    Num outro laboratório, os perguntadores usavam um capacete equipado com uma bobina magnética e podiam escolher o que questionar, a partir de um banco de perguntas previamente estabelecido.
    Quando os respondentes recebiam as perguntas via computador, tinham que olhar para uma das duas luzes piscantes que ficavam ao lado da sua tela. Olhar para a da direita queria dizer “sim”. Olhar para a da esquerda era o mesmo que responder “não”. É aí que a mágica da ciência aconteceu. As luzes tinham frequências diferentes. Quando o respondente olha fixamente para o “sim”, o seu capacete cerebral registra essa atividade e envia para o perguntador. O mecanismo magnético do capacete do perguntador faz com que apareça um flash de luz em seus olhos. Resumindo: se aparecesse uma luz nos olhos do perguntador, significava que o cara do outro lado da cidade tinha respondido “sim” para a sua pergunta. Transmissão de pensamento de verdade.
    Se o seu lado stalker já ficou animado, acalme-se. O pessoal da Universidade de Washington deixou claro que o objetivo da coisa toda é bem mais nobre do que simplesmente sair por aí lendo o pensamento alheio. Assim que as pesquisas na área evoluírem, pode ser possível, por exemplo, transferir informações de um cérebro saudável para um que tenha algum tipo de problema, como o de uma pessoa com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade.
Otavio Cohen - https://super.abril.com.br/ideias/ler-pensamentos-ja-e-possivel/
O propósito do texto 3 é:

A) aguçar a curiosidade dos leitores para a leitura de pensamentos.

B) apresentar o novo estudo da Universidade de Washington.

C) avaliar a importância da nova descoberta para as pessoas em geral.

D) mostrar como se comportam as pessoas que são pesquisadas.

E) nenhuma das alternativas anteriores.

A B C D E

cód. #9864

IF Sudeste - MG - Português - 2018 - Vestibular - Segundo Semestre

Leia o seguinte fragmento de O filho eterno, de Cristovão Tezza:
É, talvez, ele refletirá logo depois, ainda em pânico, dando corda à sua rara vocação dramática, que agora lhe toma por inteiro, a pior sensação imaginável na vida – quase a mesma sensação terrível do momento em que o filho se revelou ao mundo, da qual ele jamais se recuperará completamente, repete-se agora ao espelho, com intensidade semelhante, mas não se trata mais do acaso.
TEZZA, Cristovão. O filho eterno. Rio de Janeiro: Record, 2007, p. 94.
Marque a alternativa CORRETA que expressa o momento no qual o narrador descobre a dependência que sentia pelo filho.

A) Quando Felipe é acometido por uma grave doença.

B) Quando Felipe sai de casa e se perde.

C) Quando Felipe entra para a escola.

D) Quando Felipe vai morar com os avós.

E) Quando Felipe falece.

A B C D E

cód. #10120

UNIMONTES - Português - 2018 - Vestibular - 2º Etapa

Veja a reprodução da obra O jantar, de Jean-Baptiste Debret, de 1827.


Realizando uma leitura dos elementos que compõem a tela, todas as alternativas estão corretas, EXCETO

A) Trata-se de uma cena cotidiana do Brasil escravocrata, opondo as classes sociais quanto à divisão do trabalho e do que é produzido por ele.

B) A centralidade da mesa de jantar sugere a larga produtividade agrícola do Brasil colônia, marcado pelas riquezas trazidas pela monocultura da cana de açúcar.

C) A posição dos personagens na tela reproduz simbolicamente o espaço ocupado por eles na sociedade do séc. XIX.

D) Debret, através da tela, documenta o cotidiano carioca, destacando uma cena simbólica no que se refere às relações entre os estamentos sociais.

A B C D E

cód. #10376

FATEC - Português - 2018 - Vestibular - Segundo Semestre

Leia o texto para responder à questão.

13 de maio Hoje amanheceu chovendo. É um dia simpatico para mim. É o dia da Abolição. Dia que comemoramos a libertação dos escravos.

    ...Nas prisões os negros eram os bodes espiatorios. [....]

    Continua chovendo. E eu tenho só feijão e sal. A chuva está forte. Mesmo assim, mandei os meninos para a escola. Estou escrevendo até passar a chuva, para eu ir lá no senhor Manuel vender os ferros. Com o dinheiro dos ferros vou comprar arroz e linguiça. A chuva passou um pouco. Vou sair.

    ..Eu tenho tanto dó dos meus filhos. Quando eles vê as coisas de comer eles brada:

    – Viva a mamãe!

    A manifestação agrada-me. Mas eu já perdi o habito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais comida. Eu mandei o João pedir um pouquinho de gordura a Dona Ida. Ela não tinha. Mandei-lhe um bilhete assim:

    – “Dona Ida peço-te se pode me arranjar um pouco de gordura, para eu fazer uma sopa para os meninos. Hoje choveu e eu não pude ir catar papel. Agradeço. Carolina.”

    ...Choveu, esfriou. É o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera começou pedir comida. E eu não tinha. Era a reprise do espetaculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar um pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos.

    E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual – a fome!

    29 de maio [....]

    ...Há de existir alguem que lendo o que eu escrevo dirá...isto é mentira! Mas, as miserias são reais.

MARIA DE JESUS, Carolina. Quarto de Despejo: Diário de uma favelada. São Paulo: Editora Ática, 2017. Adaptado.

Assinale a alternativa que, de acordo com o contexto, apresenta a figura de linguagem metáfora.

A) Dona Ida peço-te se pode arranjar um pouco de gordura, para eu fazer uma sopa para os meninos.

B) E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual – a fome!

C) Mesmo assim, mandei os meninos para a escola.

D) Dez minutos depois eles querem mais comida.

E) Hoje choveu e eu não pude ir catar papel.

A B C D E

cód. #7817

FAG - Português - 2018 - Vestibular - Segundo Semestre - Medicina

Texto 2


    Uma visão realista do papel da informação e do conhecimento nos atuais processos produtivos leva a crer que nem uma nem outro conduzem necessariamente à igualdade social. Isso implica considerar que as novas tecnologias da informação, embora representem avanços em diversas áreas, também conduzem a formas inéditas de exclusão social.
    Percebe-se, de um lado, o avanço da tecnologia, o desenvolvimento de recursos cada vez mais sofisticados.
    De outro lado, mais uma forma de disparidade social: a exclusão da sociedade do conhecimento, caracterizada pela distância entre os que dominam as novas tecnologias e aqueles que mal as compreendem ou até as desconhecem nas mais diferentes regiões do planeta.
    Os países também vivem de forma desigual o ingresso na sociedade do conhecimento. Exemplo mais evidente disso é a chamada rede mundial de computadores, a internet, que conseguiu interconectar, em poucos anos, milhões de pessoas nos lugares mais remotos do mundo. Contudo o acesso à rede é desigualmente distribuído: 75% dos usuários vivem nos países industrializados (14% da população mundial). Outra disparidade está no interior dos países: a maioria dos usuários da rede vive em zonas urbanas, possuem melhor escolaridade e condição socioeconômica, são jovens e a maior parte é do sexo masculino.
    No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) contou mais de 32 milhões de usuários da internet.
    A maioria desses usuários é do sexo masculino, tem média de idade de 28 anos, 10,7 de estudo e rendimento médio mensal familiar per capita de 1 milhão.
    O perfil de quem não utiliza a rede de computadores - ou seja, não navega na internet - é claramente distinto: mais de 37 anos de idade, entre 5 e 6 anos de tempo de estudo e rendimento médio mensal de R$ 300.
    Investir em educação - sobretudo no ensino de ciências desde o nível fundamental - está no ponto de partida para reverter a situação de quase letargia em que a América Latina se encontra se comparada aos países mais desenvolvidos, científica e tecnologicamente, de outras regiões do planeta.
    No âmbito da tecnologia, há, em todo o globo, iniciativas voltadas para a redução da crescente lacuna digital, como o desenvolvimento de software (programa) livre e de computadores de baixo custo.
    A revolução tecnológica, porém, não pode ser reduzida à mera incorporação ou ao acúmulo de maior número de máquinas e sistemas de informação e comunicação.
    A inovação deve ter caráter social (sustentada com políticas educativas e de desenvolvimento social).
    Somente a educação garantirá que as novas tecnologias da informação e da comunicação promovam qualidade de vida ao maior número possível de cidadãos.
Jorge Werthdn
Sobre o texto 2, uma das afirmações abaixo NÃO encontra respaldo no texto:

A) As ideias do terceiro parágrafo mantêm com as do segundo uma relação de confronto.

B) O articulista, na defesa de sua tese, aponta, além das novas tecnologias da informação, outras causas de exclusão social.

C) As transformações esperadas com a revolução tecnológica se efetivaram plenamente nos países desenvolvidos.

D) As informações veiculadas no texto levam à conclusão de que a revolução tecnológica demarcou fronteiras socioculturais no mundo globalizado.

E) Nenhuma das alternativas anteriores.

A B C D E

cód. #9865

IF Sudeste - MG - Português - 2018 - Vestibular - Segundo Semestre

Leia o poema e as afirmativas a seguir.

O filho do século


Nunca mais andarei de bicicleta

Nem conversarei no portão

Com meninas de cabelos cacheados

Adeus valsa "Danúbio Azul"

Adeus tardes preguiçosas

Adeus cheiros do mundo sambas

Adeus puro amor

Atirei ao fogo a medalhinha da Virgem

Não tenho forças para gritar um grande grito

Cairei no chão do século vinte

Aguardem-me lá fora

As multidões famintas justiceiras

Sujeitos com gases venenosos

É a hora das barricadas

É a hora da fuzilamento, da raiva maior

Os vivos pedem vingança

Os mortos minerais vegetais pedem vingança

É a hora do protesto geral

É a hora dos vôos destruidores

É a hora das barricadas, dos fuzilamentos

Fomes desejos ânsias sonhos perdidos, M

Misérias de todos os países uni-vos

Fogem a galope os anjos-aviões

Carregando o cálice da esperança

Tempo espaço firmes porque me abandonastes.


MENDES, Murilo. O Visionário. In: Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994, p. 239-240.


I. Pode-se dizer que o poema apresenta dois momentos distintos: o primeiro se refere à época anterior à chegada do novo século e o segundo, ao século XX.

II. Todas as situações mencionadas no poema evocam um mundo em que a vida é simples e prazerosa, parecendo ser proveniente da inocência e da ingenuidade.

III. O novo século é caracterizado ao longo do poema pela dor, pelo sofrimento, pela violência e pela morte e desmonta-se em cenas de desesperança.

IV. No verso “Atirei ao fogo a medalhinha da Virgem” representa-se a descrença espiritual ou o abandono da religião, já que a fé de nada adianta, considerando a realidade que se impõe.


Marque a alternativa CORRETA:

A) Somente as afirmativas I e II estão corretas.

B) Somente as afirmativas II e III estão corretas.

C) Somente as afirmativas III e IV estão corretas.

D) Somente as afirmativas I, III e IV estão corretas.

E) Somente a afirmativa IV está correta.

A B C D E

cód. #10121

UNIMONTES - Português - 2018 - Vestibular - 2º Etapa

Para responder à questão, considere a obra Iracema, de José de Alencar, e especialmente, o fragmento abaixo:
“O dia enegreceu; era noite já. O pajé tornara à cabana; sopesando de novo a grossa laje, fechou com ela a boca do antro. Caubi chegara também da grande taba, onde com seus irmãos guerreiros se recolhera depois que bateram a floresta, em busca do inimigo pitiguara. No meio da cabana, entre as redes armadas em quadro, estendeu Iracema a esteira da carnaúba, e sobre ela serviu os restos da caça, e a provisão de vinhos da última lua. Só o guerreiro tabajara achou sabor na ceia, porque o fel do coração que a tristeza espreme não amargava seu lábio. O pajé bebia no cachimbo o fumo sagrado de Tupã que lhe enchia as arcas do peito; o estrangeiro respirava ar às golfadas para refrescar-lhe o sangue efervescente; a virgem destilava sua alma como o mel de um favo, nos crebros soluços que lhe estalavam entre os lábios trêmulos.” Disponível em: <http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/Livros_eletronicos/iracema.pdf>. Acesso em: 4 out. 2018.
Todas as afirmativas abaixo sobre a obra Iracema, de José de Alencar, são verdadeiras, EXCETO

A) Essa prosa romântica indianista contribui para a construção de uma metáfora da transfiguração étnica da história da nação brasileira.

B) A personagem-título, anagrama de América, representa a tensão experimentada em uma nação mestiça.

C) O lirismo da composição alencariana não apaga o presságio de uma certa marginalização feminina.

D) Trata-se de uma adequada abordagem da representação do índio na literatura brasileira contemporânea.

A B C D E

cód. #10377

FATEC - Português - 2018 - Vestibular - Segundo Semestre

Leia o texto para responder à questão.

13 de maio Hoje amanheceu chovendo. É um dia simpatico para mim. É o dia da Abolição. Dia que comemoramos a libertação dos escravos.

    ...Nas prisões os negros eram os bodes espiatorios. [....]

    Continua chovendo. E eu tenho só feijão e sal. A chuva está forte. Mesmo assim, mandei os meninos para a escola. Estou escrevendo até passar a chuva, para eu ir lá no senhor Manuel vender os ferros. Com o dinheiro dos ferros vou comprar arroz e linguiça. A chuva passou um pouco. Vou sair.

    ..Eu tenho tanto dó dos meus filhos. Quando eles vê as coisas de comer eles brada:

    – Viva a mamãe!

    A manifestação agrada-me. Mas eu já perdi o habito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais comida. Eu mandei o João pedir um pouquinho de gordura a Dona Ida. Ela não tinha. Mandei-lhe um bilhete assim:

    – “Dona Ida peço-te se pode me arranjar um pouco de gordura, para eu fazer uma sopa para os meninos. Hoje choveu e eu não pude ir catar papel. Agradeço. Carolina.”

    ...Choveu, esfriou. É o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera começou pedir comida. E eu não tinha. Era a reprise do espetaculo. Eu estava com dois cruzeiros. Pretendia comprar um pouco de farinha para fazer um virado. Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me a banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos.

    E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual – a fome!

    29 de maio [....]

    ...Há de existir alguem que lendo o que eu escrevo dirá...isto é mentira! Mas, as miserias são reais.

MARIA DE JESUS, Carolina. Quarto de Despejo: Diário de uma favelada. São Paulo: Editora Ática, 2017. Adaptado.

O texto foi retirado do livro Quarto de Despejo, diário escrito por Carolina Maria de Jesus, moradora da favela do Canindé, em São Paulo, na década de 1950. A edição reproduz fielmente os manuscritos originais.

Analisando a linguagem apresentada no trecho, conclui-se corretamente que

A) a autora não apresenta reflexão crítica sobre suas experiências por desconhecer a variedade culta do português.

B) o fato de a autora não utilizar a variedade culta se deve ao gênero do texto, uma vez que diários não são escritos visando à publicação.

C) os problemas de ortografia, como em “espiatorio”, e de concordância, como em “quando eles vê”, ocorrem por predominar no texto o sentido denotativo.

D) o texto é predominantemente conotativo, o que se nota por expressões como “hoje amanheceu chovendo” e “a chuva passou”.

E) o texto aborda, de forma crítica e empregando linguagem informal, temas relevantes à sociedade, como fome e pobreza.

A B C D E

cód. #7818

FAG - Português - 2018 - Vestibular - Segundo Semestre - Medicina

Texto 2


    Uma visão realista do papel da informação e do conhecimento nos atuais processos produtivos leva a crer que nem uma nem outro conduzem necessariamente à igualdade social. Isso implica considerar que as novas tecnologias da informação, embora representem avanços em diversas áreas, também conduzem a formas inéditas de exclusão social.
    Percebe-se, de um lado, o avanço da tecnologia, o desenvolvimento de recursos cada vez mais sofisticados.
    De outro lado, mais uma forma de disparidade social: a exclusão da sociedade do conhecimento, caracterizada pela distância entre os que dominam as novas tecnologias e aqueles que mal as compreendem ou até as desconhecem nas mais diferentes regiões do planeta.
    Os países também vivem de forma desigual o ingresso na sociedade do conhecimento. Exemplo mais evidente disso é a chamada rede mundial de computadores, a internet, que conseguiu interconectar, em poucos anos, milhões de pessoas nos lugares mais remotos do mundo. Contudo o acesso à rede é desigualmente distribuído: 75% dos usuários vivem nos países industrializados (14% da população mundial). Outra disparidade está no interior dos países: a maioria dos usuários da rede vive em zonas urbanas, possuem melhor escolaridade e condição socioeconômica, são jovens e a maior parte é do sexo masculino.
    No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) contou mais de 32 milhões de usuários da internet.
    A maioria desses usuários é do sexo masculino, tem média de idade de 28 anos, 10,7 de estudo e rendimento médio mensal familiar per capita de 1 milhão.
    O perfil de quem não utiliza a rede de computadores - ou seja, não navega na internet - é claramente distinto: mais de 37 anos de idade, entre 5 e 6 anos de tempo de estudo e rendimento médio mensal de R$ 300.
    Investir em educação - sobretudo no ensino de ciências desde o nível fundamental - está no ponto de partida para reverter a situação de quase letargia em que a América Latina se encontra se comparada aos países mais desenvolvidos, científica e tecnologicamente, de outras regiões do planeta.
    No âmbito da tecnologia, há, em todo o globo, iniciativas voltadas para a redução da crescente lacuna digital, como o desenvolvimento de software (programa) livre e de computadores de baixo custo.
    A revolução tecnológica, porém, não pode ser reduzida à mera incorporação ou ao acúmulo de maior número de máquinas e sistemas de informação e comunicação.
    A inovação deve ter caráter social (sustentada com políticas educativas e de desenvolvimento social).
    Somente a educação garantirá que as novas tecnologias da informação e da comunicação promovam qualidade de vida ao maior número possível de cidadãos.
Jorge Werthdn
O texto 2 defende a ideia de que:

A) os avanços tecnológicos e científicos têm oportunizado, de uma forma ou de outra, a melhoria da qualidade de vida da maior parte da população mundial.

B) a sofisticação dos recursos tecnológicos vem cumprindo, na prática o seu papel social ao exigir a implementação de políticas que priorizem a educação e o desenvolvimento do país.

C) o ingresso na sociedade do conhecimento está muito mais relacionada com o desenvolvimento do país em que a pessoa vive do que propriamente com suas condições socioeconômicas.

D) as possibilidades de a América Latina sair do marasmo em que se encontra, do ponto de vista tecnocientífico em relação a outras reações, dependem de os países que a compõem reverem seus valores educacionais.

E) Nenhuma das alternativas anteriores.

A B C D E

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