Leia o excerto a seguir.
O grande e o pequeno
Todo o caso de amor tem sempre um grande e um pequeno. Essa não é uma ideia original, apenas uma adaptação da frase: “a chaque deux amoureux il y a toujours celui que aime et celui que se laisse aimer”. O pequeno ama, o grande se deixa amar, o grande fala, o pequeno escuta, o grande discorda, o pequeno concorda, o pequeno se preocupa, o grande divaga, o grande se atrasa, o pequeno se antecipa, o pequeno teme, o grande ameaça, o grande pede, ou nem precisa pedir, e o pequeno já está fazendo.
Às vezes o grande é um homem, às vezes é uma mulher. O grande pode ser o mais bonito e pode não ser. O pequeno pode ser o mais sensível, mas nem sempre é assim. Muitas vezes o grande é o mais esperto mas o pequeno também pode ser espertíssimo. Depende do caso. Ninguém descobriu até hoje nenhuma regra que permita determinar quem é o grande e quem é o pequeno de um casal. É necessária uma observação um pouco mais atenta. Numa festa, por exemplo, não é difícil identificar qual é qual. Geralmente o pequeno está torcendo para que a festa seja boa, principalmente se foi ele que sugeriu o programa. O grande se comportará de maneira mais blasé até se deixar embriagar pela música, pela bebida ou pelo ambiente, quando então ficará muito, mas muito mais entusiasmado do que o pequeno. O grande não se preocupa em conhecer pessoas, as pessoas é que sempre se aproximam dele, pelo menos na concepção do pequeno, mas mesmo que o pequeno atraia qualquer atenção, o fato vai passar desapercebido pelo grande. O pequeno evita o silêncio porque tem certeza de que a culpa é dele. Por isso tem sempre guardados na cabeça assuntos vários que possam ser úteis em diversas ocasiões. Mas se preocupa sempre em encaixá-los no momento mais apropriado, com cuidado, claro, para não perder a espontaneidade.
A calça nova do pequeno dificilmente lhe cai tão bem quanto a do grande, assim como o cabelo do grande sempre está melhor do que o pequeno, ainda que o resto do mundo pense exatamente o contrário. Mesmo que o pequeno dance bem, o grande sempre dançará melhor. O grande não é bom de decorar letras de músicas mas o pequeno sabe muitas decoradas, principalmente as mais românticas. O pequeno geralmente se comove com a lua calado enquanto o grande aponta, olha só que lua. No final da festa é sempre o pequeno que quer ir embora, a não ser que a festa seja ruim, neste caso o grande quis e eles já foram há muito tempo. Na saída, o pequeno sempre tem uma promessa nervosa e oculta para o resto da noite enquanto o grande se despede dos amigos displicentemente. Em casa, o pequeno faz tudo pra agradar, é macho, é gueixa, é incansável, e, se tocar o coração do grande, ainda deve comemorar com mais uma dose antes de cair no sono. No dia seguinte o pequeno estará inevitavelmente preocupado: será que eu fiz tudo certo? Será que eu devia ter dito aquilo? Por que será que toda vez sou eu que beijo primeiro? E provavelmente vai procurar o grande urgentemente apesar de ter se prometido que jamais faria isso.
Não precisa nem ser um caso de amor. Mesmo entre dois irmãos, dois amigos, dois o que seja, sempre haverá um que quer mais e outro que quer menos, o generoso e o pedinte, o fascinante e o fascinado. O grande e o pequeno podem ser de qualquer espécie, inclusive bichos, com exceção dos gatos que são todos grandes.
FALCÃO, Adriana. O doido da garrafa. São Paulo: Planeta, 2003, p. 11-13.
Em relação ao excerto, marque a alternativa CORRETA.
A) O assunto tratado no texto é o fato de, em alguns casos amorosos, existir um que “domina” e outro que se submete à vontade do primeiro, sendo, portanto, também um dominador.
B) Os adjetivos grande e pequeno são utilizados pela autora para representar o tipo de comportamento adotado pelo casal.
C) O grande do relacionamento é aquele que ama, que ouve, que concorda, que teme, que antecipa os desejos do parceiro.
D) O pequeno do relacionamento é aquele que é amado, que fala, que discorda, que ameaça, que pede e recebe.
E) A autora pretende claramente demonstrar que a caracterização de alguém como grande ou pequeno depende do gênero masculino ou feminino.
Considere os fragmentos que se seguem, de Gonçalves Dias:
TEXTO I
I-JUCA-PIRAMA
No meio das tabas de amenos verdores,
Cercadas de troncos — cobertos de flores,
Alteiam-se os tetos d’altiva nação;
São muitos seus filhos, nos ânimos fortes,
Temíveis na guerra, que em densas coortes
Assombram das matas a imensa extensão.
[...]
TEXTO II
CANÇÃO DO TAMOIO
[...]
O forte, o cobarde
Seus feitos inveja
De o ver na peleja
Garboso e feroz;
E os tímidos velhos
Nos graves concelhos,
Curvadas as frontes,
Escutam-lhe a voz!
[...]
Sobre os poemas “I-Juca Pirama” e “Canção do Tamoio”, assinale a ÚNICA afirmativa verdadeira.
A) O índio representado em “I Juca-Pirama” pode ser considerado a perfeita representação de atributos e virtudes da cultura branca, de que o seu autor é tributário.
B) Em “Canção do Tamoio”, notam-se aspectos de identificação etnológica com índios brasileiros de tempos e espaços geográficos ilimitados.
C) O conteúdo das composições enfatiza valores e qualidades simbólicos do índio, próprios ao objetivo de heroicização do orgulho nacional nascente dos oitocentos.
D) A expressão poética das composições fundamenta-se nas convenções da lírica ocidental dos poemas de amor.
A) O aproveitamento do lixo é solução sofisticada, e, portanto, inviável para o desperdício no Brasil.
B) O aproveitamento do lixo urbano é de natureza versátil e economicamente recomendável.
C) A sofisticação na transformação do lixo urbano torna essa operação um exemplo de desperdício.
D) A utilização do lixo para fins de urbanização é muito perigosa.
E) Nenhuma alternativa anterior esta correta.
Observe a imagem e leia o texto a seguir para responder à questão.
AMARAL, Tarsila do. Os operários, 1931. Disponível em: <http://www.arteeartistas.com.br/operarios-tarsila-do-amaral/>. Acesso em: 01 out. 2018.
Mulher proletária – única fábrica que o operário tem, (fabrica filhos)
tu
na tua superprodução de máquina humana
forneces anjos para o Senhor Jesus,
forneces braços para o senhor burguês.
Mulher proletária,
o operário, teu proprietário
há de ver, há de ver:
a tua produção ao contrário das máquinas burguesas
salvar o teu proprietário.
LIMA, Jorge de. Mulher proletária. In: Antologia poética. São Paulo: José Olympio, 1978, p. 21.
A) seres humanos e mecanismo fabril.
B) seres humanos e processos agrários.
C) indivíduos campesinos e superpopulação.
D) seres humanos e apologia ao mundo burguês.
E) indivíduos campesinos e processos tecnológicos.
A) A confusão provavelmente aconteceu por conta da ocorrência do termo sargento nos títulos de Memórias de um sargento de milícias e Sargento Getúlio.
B) Fica evidenciado, ao longo do fragmento, que João Ubaldo Ribeiro escreveu Memórias de um sargento de milícias.
C) João Ubaldo Ribeiro pretende ressaltar que ele não é o escritor a quem seu interlocutor se refere, mas gostaria de sê-lo.
D) João Ubaldo Ribeiro afirma ser “um escritor”, porque não se considera um bom profissional em sua área.
E) João Ubaldo Ribeiro não afirma ser “o escritor”, visto que considera Sargento Getúlio um de seus piores romances.
INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir e responda a questão que a ele se referem ou que o tomam como ponto de partida.
Sem os jovens, futuro da política é sombrio
(Marcos da Costa, O Estadão)
Disponível em: <https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/sem-os-jovens-futuro-da-politica-e-sombrio/>. Publicado em: 6 jun. 2018. Acesso em: 26 jun. 2018.
A) Em “filhos e netos da oligarquia”, poderíamos escolher entre fazer a concordância com “oligarquia” ou com “filhos e netos”, porque isso não alteraria o sentido que quer nos trazer o autor, nesse fragmento.
B) Os vocábulos terminados com o sufixo -ismo, como aparece em sete ocorrências ao final desse trecho, conduzem-nos ao entendimento de que vocábulos com esse acréscimo representam um costume prejudicial, algo consagrado e repetido, por isso devemos evitar o uso de -ismo, mesmo em palavras como, por exemplo, atletismo.
C) A palavra “obviamente” traz consigo uma carga semântico-discursiva que extrapola a questão sintática, por revelar uma certeza manifestada pelo autor, quando este opta pela ênfase nesse modalizador, para nos dizer que entre os pesquisados não se encontra uma certa categoria de jovens brasileiros.
D) Os “filhos e netos da oligarquia” já nascem fadados aos vícios, por serem estigmatizados, ou seja, marcados social e politicamente, o que comprova o fato de bons costumes não virem de berço.
Observe a imagem e leia o texto a seguir para responder à questão.
AMARAL, Tarsila do. Os operários, 1931. Disponível em: <http://www.arteeartistas.com.br/operarios-tarsila-do-amaral/>. Acesso em: 01 out. 2018.
Mulher proletária – única fábrica que o operário tem, (fabrica filhos)
tu
na tua superprodução de máquina humana
forneces anjos para o Senhor Jesus,
forneces braços para o senhor burguês.
Mulher proletária,
o operário, teu proprietário
há de ver, há de ver:
a tua produção ao contrário das máquinas burguesas
salvar o teu proprietário.
LIMA, Jorge de. Mulher proletária. In: Antologia poética. São Paulo: José Olympio, 1978, p. 21.
A) impressionista
B) neoclássica
C) futurista
D) dadaísta
E) cubista
Leia atentamente a tirinha e as afirmativas a seguir.
WALKER, Greg Mort. Recruta Zero. O Estado de São Paulo. São Paulo, 11 mar. 2010
I. O uso do termo para determinar salva-vidas em oposição àquele utilizado por Quindim contribui para a construção do efeito de humor da tira.
II. O jogo linguístico de que fazem uso na tira só se concretiza pela exploração das diferentes funções dos artigos indefinido e definido.
III. A jovem da tira não está interessada em Quindim, visto que já conta com o próprio namorado para salvá-la.
Marque a alternativa CORRETA:
A) As afirmativas I, II e III estão corretas.
B) Somente as afirmativas I e II estão corretas.
C) Somente as afirmativas II e III estão corretas.
D) Somente a afirmativa I está correta.
E) Somente a afirmativa III está correta.
INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir e responda a questão que a ele se referem ou que o tomam como ponto de partida.
Sem os jovens, futuro da política é sombrio
(Marcos da Costa, O Estadão)
Disponível em: <https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/sem-os-jovens-futuro-da-politica-e-sombrio/>. Publicado em: 6 jun. 2018. Acesso em: 26 jun. 2018.
A) Há uma demanda social para que “gratuito” seja pronunciado como hiato em vez de ditongo, e as instituições normatizadoras já permitem que os usos da língua pelos falantes passem a acatar esse uso.
B) Para que a pronúncia de “gratuito” passe a ser diferente do prescrito na norma gramatical tradicional (que é trissílaba, paroxítona, com formação de ditongo -ui), seria necessário que se passasse a aceitar que essa palavra teria um hiato em -ui e que o -i passasse a ser acentuado.
C) Aceitar que seja possível uma pronúncia que foge à norma gramatical tradicional (que é “gratuito” com ditongo em -ui) é ferir a hierarquia linguística da supremacia da escrita sobre a fala e da norma padrão sobre a norma não padrão da língua.
D) Assim como ocorre com “gratuito”, observamos que, em “intuito”, é também recorrente a dúvida sobre o -ui ser ditongo ou hiato na escrita, havendo uma dúvida entre acentuar ou não o -i dessas palavras.
Observe a imagem e leia o texto a seguir para responder à questão.
AMARAL, Tarsila do. Os operários, 1931. Disponível em: <http://www.arteeartistas.com.br/operarios-tarsila-do-amaral/>. Acesso em: 01 out. 2018.
Mulher proletária – única fábrica que o operário tem, (fabrica filhos)
tu
na tua superprodução de máquina humana
forneces anjos para o Senhor Jesus,
forneces braços para o senhor burguês.
Mulher proletária,
o operário, teu proprietário
há de ver, há de ver:
a tua produção ao contrário das máquinas burguesas
salvar o teu proprietário.
LIMA, Jorge de. Mulher proletária. In: Antologia poética. São Paulo: José Olympio, 1978, p. 21.
A) imaterialidade sentimental
B) supervalorização familiar
C) reprodução humana
D) romantização social
E) nulidade do ser
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