Questões de Português para Vestibular

cód. #8882

Cepros - Português - 2018 - Prova de Medicina-2018.2- 1° DIA- PROVA TIPO 1

TEXTO 2


A “A língua dos índios é muito rudimentar”


Assim como outros mitos, esse aqui já começa completamente equivocado. Sua formulação já é, de saída, imprópria: não há uma “língua dos índios”. Há, na verdade, diversas línguas indígenas, faladas por diferentes comunidades indígenas. E nenhuma dessas línguas é “rudimentar”, em qualquer sentido que se possa pensar. As línguas indígenas são extremamente complexas – tão complexas quanto qualquer outra língua natural, como o português, o francês, o chinês ou o japonês.

Para tentar desconstruir a primeira parte deste mito (sobre haver apenas uma única “língua dos índios”), precisamos falar um pouco sobre a variedade linguística reinante entre as populações indígenas brasileiras.

Hoje, no Brasil, são faladas cerca de 180 línguas indígenas, por cerca de 220 povos indígenas. Por trás desse número, devo fazer algumas ressalvas. Em primeiro lugar, todo e qualquer método de contagem de línguas é impreciso por natureza, já que os limites entre língua e dialeto são corredios. O critério normalmente utilizado para afirmar que determinada língua é, de fato, uma língua e não um dialeto de uma outra – não é um critério de natureza estritamente linguística, mas de viés marcadamente político. Daí por que, entre os sociolinguistas, se diz que “uma língua é um dialeto com um exército e uma marinha”.

Além de o critério de contagem das línguas, em especial o de línguas indígenas, não ser preciso e uniforme, há ainda a questão que envolve a destruição das culturas indígenas, e, consequentemente, o desaparecimento de suas línguas. Se hoje temos cerca de 180 línguas indígenas faladas no Brasil, estima-se que, em 1500, à época da chegada portuguesa em terras brasileiras, o número era de 1.270 línguas, ou seja, um número sete vezes maior. Além de o número total de línguas ter sido drasticamente reduzido – e, com isso, o número de populações indígenas – todas as línguas indígenas brasileiras podem hoje ser consideradas línguas ameaçadas.

Isso significa que, a cada ano que passa, podemos perder uma língua no país. É uma perda terrível, não só para a linguística, mas para o patrimônio mundial cultural e humano. Quando uma língua deixa de existir, perdemos mais do que um sistema de comunicação complexo e estruturado; perdemos uma maneira de ver e de compreender o mundo.

Gabriel de Ávila Othero. Mitos de Linguagem. São Paulo: Editora Parábola, 2017, p. 109-111. (Adaptado). 

O Texto 2 aborda um tema que tem implicações interdisciplinares, como se mostra a seguir. Interessa à:

A) história da língua portuguesa, pois traz dados relevantes sobre a dimensão plurilinguística da realidade linguística nacional.

B) teoria sobre a comunicação, uma vez que esclarece pontos fundamentais sobre ‘o que são os dialetos’.

C) perspectiva acerca do futuro linguístico do Brasil, pois destaca as ameaças atuais que pairam sobre a língua portuguesa.

D) consolidação do patrimônio cultural e humano brasileiro, já que o número de populações indígenas revela-se estável.

E) prática de diferenciar línguas que mantêm falantes em contato direto, pois recorre a critérios mais objetivos e precisos.

A B C D E

cód. #9138

UEG - Português - 2018 - Vestibular - Prova objetiva - Jataí


Ela desatinou


Ela desatinou, viu chegar quarta-feira

                   Acabar brincadeira, bandeiras se desmanchando

E ela inda está sambando                  

                      Ela desatinou, viu morrer alegrias, rasgar fantasias

                      Os dias sem sol raiando e ela inda está sambando

Ela não vê que toda gente                 

  Já está sofrendo normalmente            

                                Toda a cidade anda esquecida, da falsa vida, da avenida

           Onde Ela desatinou, viu chegar quarta-feira

                    Acabar brincadeira, bandeiras se desmanchando

   E ela inda está sambando                    

                       Ela desatinou, viu morrer alegrias, rasgar fantasias

                       Os dias sem sol raiando e ela inda está sambando

 Quem não inveja a infeliz, feliz          

  No seu mundo de cetim, assim          

Debochando da dor, do pecado       

 Do tempo perdido, do jogo acabado.

BUARQUE, Chico. Ela desatinou. In: Todas as canções.

Rio de Janeiro: Record, 2004. p. 210.

Embora tanto o poema-canção quanto a pintura apresentados se enquadrem como produções modernas, a pintura se constrói sob uma perspectiva

A) cubista

B) realista

C) dadaísta

D) futurista

E) neoclássica

A B C D E

cód. #6323

VUNESP - Português - 2018 - Vestibular

Leia o texto para responder a questão.

   Tentativa e erro, experimentar o novo, entender que algumas questões têm respostas complexas ou podem mesmo não ter uma resposta, cultivar a noção de que o fracasso é essencial para o progresso, aceitar que erros são o que nos faz eventualmente acertar, saber persistir quando as dificuldades parecem não acabar nunca.
   Esses são alguns dos componentes da pesquisa científica, uma espécie de sabedoria acumulada através dos tempos que, acredito, é também muito útil em vários aspectos da vida – de como enfrentar desafios individualmente até como reger empresas.
   Quem poderia adivinhar que a eletricidade e o magnetismo são manifestações de um campo eletromagnético que se propaga através do espaço com a velocidade da luz? Quem poderia adivinhar que as espécies animais evoluem devido a mutações genéticas aliadas ao processo de seleção natural? Esse conhecimento todo não veio do nada; exigiu muita coragem intelectual, disciplina de trabalho e tolerância ao erro.
    Se as coisas não funcionam, precisamos deixar o orgulho para trás e aceitar que falhamos. Todo cientista sabe muito bem que a maioria das suas ideias não vai funcionar. Resolutos, vamos em frente; mas devemos também estar abertos a críticas.
    Na ciência, e em qualquer outra área de trabalho, é bom ouvir as sábias palavras de Isaac Newton – mesmo se o próprio, durante a vida, não tenha sido o que chamaria de um modelo de humildade profissional: “Não sei o que possa parecer aos olhos do mundo, mas aos meus pareço apenas ter sido como um menino brincando à beira-mar, divertindo-me com o fato de encontrar de vez em quando um seixo mais liso ou uma concha mais bonita que o normal, enquanto o grande oceano da verdade permanece completamente por descobrir à minha frente”.

(Marcelo Gleiser. www.folha.uol.com.br. 10.12.2017. Adaptado)
Assinale a alternativa em que o trecho – … é bom ouvir as sábias palavras de Isaac Newton… (5º parágrafo) – está reescrito com o verbo em destaque na voz passiva e de acordo com a norma-padrão.

A) … é bom que ouça-se as sábias palavras de Isaac Newton…

B) … é bom que sejam ouvida as sábias palavras de Isaac Newton…

C) … é bom que sejam ouvidas as sábias palavras de Isaac Newton…

D) … é bom que seja ouvido as sábias palavras de Isaac Newton…

E) … é bom que ouça as sábias palavras de Isaac Newton…

A B C D E

cód. #7091

UNICENTRO - Português - 2018 - Vestibular - Português

Para responder à questão , considere a tira abaixo.



Na interação verbal entre Susanita e Mafalda, o humor é desencadeado pelo neologismo INVEJÓLOGO, criado para designar a futura especialidade médica do “filho da D. Susanita”. O processo de formação dessa palavra indica

A) a invariabilidade imanente da língua.

B) a fragilidade da língua colocada em risco de deterioração.

C) o dinamismo da língua na criação de novas palavras.

D) a impossibilidade de a língua se adaptar ao contexto social dos falantes.

E) a inadequação do uso do radical grego para indicar a nova profissão.

A B C D E

cód. #8883

Cepros - Português - 2018 - Prova de Medicina-2018.2- 1° DIA- PROVA TIPO 1

TEXTO 1


A realidade da saúde no Brasil.


(1) A crise da saúde no Brasil vem de longa data e continua presente. Frequentemente, nos deparamos com notícias de filas de pacientes nos hospitais públicos, além da falta de leitos, equipamentos etc. E, no meio da crise, está a população que precisa de atendimento, e estão os médicos que, quase sempre, atuam em condições precárias.
(2) Independente do jogo de empurra-empurra, há escassez de recursos financeiros, materiais e humanos, para manter os serviços de saúde operando com eficiência. Problemas, como atraso no repasse dos pagamentos do Ministério da Saúde, baixos valores pagos pelo SUS aos procedimentos médico-hospitalares consolidam o entrave no setor. O mundo econômico da saúde é cruel. Segundo estatísticas oficiais, são gastos R$ 31 bilhões para cuidar de 35 milhões de segurados, enquanto todo o SUS, para suprir o direito à saúde de mais de 145 milhões de brasileiros, gasta quase a mesma quantia. Por essas razões, nos encontramos no 124º lugar no ranking da OMS em qualidade de saúde.
(3) É difícil para qualquer especialista apontar apenas um motivo para tal crise. Mesmo com a evolução do contexto político-social pelo qual o Brasil passou, pouco mudou. Na realidade, em 500 anos de Brasil, independentemente do regime vigente, a saúde nunca ocupou lugar de destaque. Só se olhou atentamente para o setor quando certas epidemias representaram eminentes ameaças à sociedade.
(4) É assim desde o Brasil Colônia, quando o país não dispunha de um modelo de atenção à saúde e nem mesmo do interesse em criá-lo, por parte do governo colonizador. As noções empíricas (a cargo dos curandeiros) eram a opção. Com a vinda da família real ao Brasil, se fez necessária a organização de uma estrutura sanitária mínima, capaz de dar suporte ao poder que se instalava no Rio de Janeiro. A carência de médicos no Brasil Colônia e no Brasil Império era enorme. Para se ter uma ideia, no Rio, em 1789, só existiam quatro médicos exercendo a profissão. Em outros estados, eram mesmo inexistentes, o que fez com que proliferassem pelo país os Boticários, a quem cabia a manipulação das fórmulas prescritas pelos médicos.
(5) Veio a República, e o Brasil continuou o mesmo. No início do século passado, a cidade do Rio apresentava um quadro sanitário caótico, com doenças graves que acometiam a população, como varíola, malária e febre amarela. Isso gerou sérias consequências tanto para a saúde coletiva quanto para o comércio exterior, já que navios estrangeiros evitavam atracar no porto do Rio. Poderíamos escrever muito mais sobre o tema e chegaríamos à mesma conclusão: em pleno século XXI, no Brasil, pouco se evoluiu em política de saúde.
(6) Dados do Conselho Federal de Medicina revelam que a má distribuição de médicos no país ainda persiste. São 65,9% deles atuando nas regiões Sul e Sudeste, onde se concentra apenas cerca de 25% da população.
(7) É a saúde continuando um sistema embrionário e contraditório, pois nos destacamos mundialmente por nossas pesquisas pioneiras, no combate a Aids, por exemplo, mas não conseguimos dar atendimento básico à maioria do povo.
Disponível em: https://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/artigo/1466/a-realidadesaude-brasil.
No quinto parágrafo do Texto 1, o autor declara que: “Isso gerou sérias consequências tanto para a saúde coletiva quanto para o comércio exterior, já que navios estrangeiros evitavam atracar no porto do Rio”. A função do pronome destacado atesta o cuidado do autor para:

A) garantir que o texto esteja formulado de acordo com as normas sintáticas do português escrito culto.

B) evitar a repetição de uma palavra já referida, o que comprometeria a coesão e a coerência do texto.

C) respeitar as regularidades específicas da oralidade formal e, dessa forma, ser mais convincente.

D) marcar a continuidade semântica do texto, levando o leitor a buscar o sentido do que é referido em partes anteriores do texto.

E) deixar o texto mais convincente, pois o uso do pronome indefinido o deixa mais claro e persuasivo.

A B C D E

cód. #9139

UEG - Português - 2018 - Vestibular - Prova objetiva - Jataí


Ela desatinou


Ela desatinou, viu chegar quarta-feira

                   Acabar brincadeira, bandeiras se desmanchando

E ela inda está sambando                  

                      Ela desatinou, viu morrer alegrias, rasgar fantasias

                      Os dias sem sol raiando e ela inda está sambando

Ela não vê que toda gente                 

  Já está sofrendo normalmente            

                                Toda a cidade anda esquecida, da falsa vida, da avenida

           Onde Ela desatinou, viu chegar quarta-feira

                    Acabar brincadeira, bandeiras se desmanchando

   E ela inda está sambando                    

                       Ela desatinou, viu morrer alegrias, rasgar fantasias

                       Os dias sem sol raiando e ela inda está sambando

 Quem não inveja a infeliz, feliz          

  No seu mundo de cetim, assim          

Debochando da dor, do pecado       

 Do tempo perdido, do jogo acabado.

BUARQUE, Chico. Ela desatinou. In: Todas as canções.

Rio de Janeiro: Record, 2004. p. 210.

Em termos imagéticos tem-se, na pintura e na letra da canção apresentadas, respectivamente, a representação do

A) grupal e pictórico.

B) individual e do grupal.

C) pictórico e coletivo.

D) individual e pictórico.

E) coletivo e do individual.

A B C D E

cód. #9651

UERJ - Português - 2018 - Vestibular - Primeiro Exame - Francês

Três teses sobre o avanço da febre amarela  

NATHALIA PASSARINHO
Adaptado de bbc.com
, 06/02/2018.  

Para apresentação das teses que explicam o avanço da febre amarela, a autora do texto recorre, principalmente, à seguinte estratégia:

A) referências a dilemas

B) alusão a subentendidos

C) construção de silogismo

D) argumentos de autoridade

A B C D E

cód. #10931

VUNESP - Português - 2018 - Vestibular

Leia o trecho inicial do conto “A doida”, de Carlos Drummond de Andrade, para responder à questão.


      A doida habitava um chalé no centro do jardim maltratado. E a rua descia para o córrego, onde os meninos costumavam banhar-se. Era só aquele chalezinho, à esquerda, entre o barranco e um chão abandonado; à direita, o muro de um grande quintal. E na rua, tornada maior pelo silêncio, o burro que pastava. Rua cheia de capim, pedras soltas, num declive áspero. Onde estava o fiscal, que não mandava capiná-la?

      Os três garotos desceram manhã cedo, para o banho e a pega de passarinho. Só com essa intenção. Mas era bom passar pela casa da doida e provocá-la. As mães diziam o contrário: que era horroroso, poucos pecados seriam maiores. Dos doidos devemos ter piedade, porque eles não gozam dos benefícios com que nós, os sãos, fomos aquinhoa dos. Não explicavam bem quais fossem esses benefícios, ou explicavam demais, e restava a impressão de que eram todos privilégios de gente adulta, como fazer visitas, receber cartas, entrar para irmandades. E isso não comovia ninguém. A loucura parecia antes erro do que miséria. E os três sentiam-se inclinados a lapidar1 a doida, isolada e agreste no seu jardim.

      Como era mesmo a cara da doida, poucos poderiam dizê-lo. Não aparecia de frente e de corpo inteiro, como as outras pessoas, conversando na calma. Só o busto, recortado numa das janelas da frente, as mãos magras, ameaçando. Os cabelos, brancos e desgrenhados. E a boca inflamada, soltando xingamentos, pragas, numa voz rouca. Eram palavras da Bíblia misturadas a termos populares, dos quais alguns pareciam escabrosos, e todos fortíssimos na sua cólera.

      Sabia-se confusamente que a doida tinha sido moça igual às outras no seu tempo remoto (contava mais de sessenta anos, e loucura e idade, juntas, lhe lavraram o corpo). Corria, com variantes, a história de que fora noiva de um fazendeiro, e o casamento uma festa estrondosa; mas na própria noite de núpcias o homem a repudiara, Deus sabe por que razão. O marido ergueu-se terrível e empurrou-a, no calor do bate-boca; ela rolou escada abaixo, foi quebrando ossos, arrebentando-se. Os dois nunca mais se veriam. Já outros contavam que o pai, não o marido, a expulsara, e esclareciam que certa manhã o velho sentira um amargo diferente no café, ele que tinha dinheiro grosso e estava custando a morrer – mas nos racontos2 antigos abusava-se de veneno. De qualquer modo, as pessoas grandes não contavam a história direito, e os meninos deformavam o conto. Repudiada por todos, ela se fechou naquele chalé do caminho do córrego, e acabou perdendo o juízo. Perdera antes todas as relações. Ninguém tinha ânimo de visitá-la. O padeiro mal jogava o pão na caixa de madeira, à entrada, e eclipsava-se. Diziam que nessa caixa uns primos generosos mandavam pôr, à noite, provisões e roupas, embora oficialmente a ruptura com a família
 se mantivesse inalterável. Às vezes uma preta velha arriscava-se a entrar, com seu cachimbo e sua paciência educada no cativeiro, e lá ficava dois ou três meses, cozinhando. Por fim a doida enxotava-a. E, afinal, empregada nenhuma queria servi-la. Ir viver com a doida, pedir a bênção à doida, jantar em casa da doida, passaram a ser, na cidade, expressões de castigo e símbolos de irrisão3.

      Vinte anos de uma tal existência, e a legenda está feita. Quarenta, e não há mudá-la. O sentimento de que a doida carregava uma culpa, que sua própria doidice era uma falta grave, uma coisa aberrante, instalou-se no espírito das crianças. E assim, gerações sucessivas de moleques passavam pela porta, fixavam cuidadosamente a vidraça e lascavam uma pedra. A princípio, como justa penalidade. Depois, por prazer. Finalmente, e já havia muito tempo, por hábito. Como a doida respondesse sempre furiosa, criara-se na mente infantil a ideia de um equilíbrio por compensação, que afogava o remorso.

      Em vão os pais censuravam tal procedimento. Quando meninos, os pais daqueles três tinham feito o mesmo, com relação à mesma doida, ou a outras. Pessoas sensíveis l amentavam o fato, sugeriam que se desse um jeito para internar a doida. Mas como? O hospício era longe, os parentes não se interessavam. E daí – explicava-se ao forasteiro que porventura estranhasse a situação – toda cidade tem seus doidos; quase que toda família os tem. Quando se tornam ferozes, são trancados no sótão; fora disto, circulam pacificamente pelas ruas, se querem fazê-lo, ou não, se preferem ficar em casa. E doido é quem Deus quis que ficasse doido... Respeitemos sua vontade. Não há remédio para loucura; nunca nenhum doido se curou, que a cidade soubesse; e a cidade sabe bastante, ao passo que livros mentem.

                                                                                  (Contos de aprendiz, 2012.)

1 lapidar: apedrejar.

2 raconto: relato, narrativa.

3 irrisão: zombaria.

Derivação regressiva: formação de palavras novas pela redução de uma palavra já existente. A redução se faz mediante supressão de elementos terminais (sufixos, desinências).

(Celso Pedro Luft. Gramática resumida, 2004.)


Constitui exemplo de palavra formada pelo processo de derivação regressiva o termo sublinhado em:

A) “Sabia-se confusamente que a doida tinha sido moça igual às outras no seu tempo remoto” (4° parágrafo)

B) “E a boca inflamada, soltando xingamentos, pragas, numa voz rouca.” (3° parágrafo)

C) “Os três garotos desceram manhã cedo, para o banho e a pega de passarinho.” (2° parágrafo)

D) “A doida habitava um chalé no centro do jardim maltratado.” (1° parágrafo)

E) “O sentimento de que a doida carregava uma culpa, que sua própria doidice era uma falta grave” (5° parágrafo)

A B C D E

cód. #6324

VUNESP - Português - 2018 - Vestibular

Leia o texto para responder a questão.

   Tentativa e erro, experimentar o novo, entender que algumas questões têm respostas complexas ou podem mesmo não ter uma resposta, cultivar a noção de que o fracasso é essencial para o progresso, aceitar que erros são o que nos faz eventualmente acertar, saber persistir quando as dificuldades parecem não acabar nunca.
   Esses são alguns dos componentes da pesquisa científica, uma espécie de sabedoria acumulada através dos tempos que, acredito, é também muito útil em vários aspectos da vida – de como enfrentar desafios individualmente até como reger empresas.
   Quem poderia adivinhar que a eletricidade e o magnetismo são manifestações de um campo eletromagnético que se propaga através do espaço com a velocidade da luz? Quem poderia adivinhar que as espécies animais evoluem devido a mutações genéticas aliadas ao processo de seleção natural? Esse conhecimento todo não veio do nada; exigiu muita coragem intelectual, disciplina de trabalho e tolerância ao erro.
    Se as coisas não funcionam, precisamos deixar o orgulho para trás e aceitar que falhamos. Todo cientista sabe muito bem que a maioria das suas ideias não vai funcionar. Resolutos, vamos em frente; mas devemos também estar abertos a críticas.
    Na ciência, e em qualquer outra área de trabalho, é bom ouvir as sábias palavras de Isaac Newton – mesmo se o próprio, durante a vida, não tenha sido o que chamaria de um modelo de humildade profissional: “Não sei o que possa parecer aos olhos do mundo, mas aos meus pareço apenas ter sido como um menino brincando à beira-mar, divertindo-me com o fato de encontrar de vez em quando um seixo mais liso ou uma concha mais bonita que o normal, enquanto o grande oceano da verdade permanece completamente por descobrir à minha frente”.

(Marcelo Gleiser. www.folha.uol.com.br. 10.12.2017. Adaptado)
Considere a frase do 4º parágrafo: Se as coisas não funcionam, precisamos deixar o orgulho para trás e aceitar que falhamos.
Quanto ao restante da frase, o trecho destacado expressa uma

A) causa e, conforme a norma-padrão, pode ser substituído por: Porque as coisas não funcionem.

B) finalidade e, conforme a norma-padrão, pode ser substituído por: A fim de que as coisas não funcionem.

C) concessão e, conforme a norma-padrão, pode ser substituído por: Embora as coisas não funcionam.

D) consequência e, conforme a norma-padrão, pode ser substituído por: Tanto que as coisas não funcionam

E) condição e, conforme a norma-padrão, pode ser substituído por: Caso as coisas não funcionem.

A B C D E

cód. #7092

UNICENTRO - Português - 2018 - Vestibular - Português

Texto para a questão:
Não há vagas
Ferreira Gullar
O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
 Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão

O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras

- porque o poema, senhores,
está fechado:
"não há vagas

Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço

O poema, senhores,
não fede
nem cheira

Gullar, Ferreira in 'Antologia Poética'. Disponível em Acesso em 08 de ago. 2018.
Analise, no contexto do poema, os dois procedimentos distintos utilizados para a concordância entre o verbo caber e o sujeito a ele posposto. Em relação à concordância feita na quarta estrofe, é correto afirmar que

A) o verbo está corretamente no singular, porque o núcleo do sujeito é poema.

B) a forma singular se justifica, porque o sujeito posposto é simples e denota uma singularidade em relação ao “homem sem estômago”.

C) o desrespeito à regra da concordância ocorre em função da licença poética, ou seja, o poeta se desprendeu da normatividade das regras gramaticais para destacar somente o sujeito “homem sem estômago”.

D) o verbo está corretamente no singular, porque concorda apenas com o núcleo do sujeito mais próximo, como que se referindo, implicitamente, a cada um dos demais núcleos separadamente, singularizandoos.

E) o verbo está erroneamente no singular, pois ele se refere a um sujeito composto, devendo obrigatoriamente estar no plural.

A B C D E

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