Leia o trecho, a seguir, retirado do livro Quarenta dias, de Maria Valéria Rezende, e responda à questão.
Saí, em busca de Cícero Araújo ou sei lá de quê, mas sem despir-me dessa nova Alice, arisca e áspera, que tinha brotado e se esgalhado nesses últimos meses e tratava de escamotear-se, perder-se num mundo sem porteira, fugir ao controle de quem quer que fosse. Tirei o interfone do gancho e o deixei balançando, pendurado no fio, bati a porta da cozinha e desci correndo pela escada de serviço, esperando que o porteiro se enfiasse na guarita pra responder ao interfone de frente pro saguão, de modo que eu pudesse sair de fininho, por trás dos pilotis, e escapar sem ser vista. Não me importava nada o que haveria de acontecer com o interfone nem com o porteiro.
Ganhei a rua e saí a esmo, querendo dar o fora dali o mais depressa possível, como se alguém me vigiasse ou me perseguisse, mas saí andando decidida, como se soubesse perfeitamente aonde ia, pisando duro, como nunca tinha pisado em parte alguma da minha antiga terra, lá onde eu sempre soube ou achava que sabia que rumo tomar. Saí, sem perguntar nada ao guri da banca da esquina nem a ninguém, até que me visse a uma distância segura daquele endereço que me impingiram e onde eu me sentia espionada, sabe-se lá que raio de combinação eles tinham com os porteiros, com os vizinhos? Olhe só, Barbie, como eu chegava perigosamente perto da paranoia e ainda falo “deles” como se fossem meus inimigos, minha filha e meu genro
REZENDE, Maria Valéria. Quarenta dias. 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014. p. 95-96.
A) “mundo sem porteira”
B) “saí a esmo”
C) “dar o fora dali”
D) “pisando duro”
E) “raio de combinação”
O Lavrador
Esse homem deve ser de minha idade – mas sabe muito mais coisas. Era colono em terras mais altas, se aborreceu com o fazendeiro, chegou aqui ao Rio Doce quando ainda se podia requerer duas colônias de cinco alqueires “na beira da água grande” quase de graça. Brocou a mata com a foice, depois derrubou, queimou, plantou seu café.
Explica-me: “Eu trabalho sozinho, mais o menino meu.” Seu raciocínio quando veio foi este: “Vou tratar de cair na mata; a mata é do governo, e eu sou fio do Estado, devo ter direito.” Confessa que sua posse até hoje não está legalizada: “Tenho de ir a Linhares, mas eu magino esse aguão...”
BRAGA, R. 200 crônicas escolhidas. Rio Janeiro: Record, 2004.
A) etária, pois os homens tinham a mesma idade.
B) de região, pois o fato ocorreu em Linhares.
C) de registro, pois indicam falas informais.
D) social, pois se referem ao dialeto caipira.
A) Além disso, tratam-se de setores para os quais cronicamente faltam recursos, visto que, o custo de equipamentos relativos à saúde, costumam subir mais que a inflação, devido, em parte, aos grandes avanços que a medicina têm conquistado.
B) Trata-se, além disso, de setores para os quais cronicamente faltam recursos, visto que o custo de equipamentos relativos à saúde costuma subir mais que a inflação, devido, em parte, aos grandes avanços que têm sido conquistados pela medicina.
C) Tratam-se, além disso, de setores em que falta, cronicamente, recursos, visto que o custo de equipamentos relativos à saúde costuma subir mais que a inflação, em parte devido aos grandes avanços que têm sido conquistados pela medicina.
D) São, além disso, setores aos quais falta, cronicamente, recursos, visto que o custo de equipamentos relativos à saúde, costumam subir mais que a inflação, devidos, em parte, aos grandes avanços que a medicina tem conquistado.
E) Todas as frases acima estão no padrão da norma culta.
A) invasão.
B) interrupção.
C) exploração.
D) demonstração.
E) erradicação.
A) O emprego da crase em “Malala luta pelo acesso à escola de meninas” é facultativo.
B) A forma verbal “sobreviveu” está no pretérito, indicando uma ação inconclusa, assim como “percorreu”.
C) O vocábulo “veemente”, quanto ao processo de formação, faz parte do grupo de derivados impróprios.
D) A palavra “Europeia”, segundo o Novo Acordo Ortográfico, não é mais acentuada por ser oxítona.
E) A vírgula em “Em 2017, Malala foi nomeada” tem por objetivo isolar um termo circunstancial deslocado.
Maurício de Sousa. Disponível em aliteranda.files.w ordpress.com. Acesso em: nov. 2015.
Na leitura da tirinha há uma quebra de expectativa que produz um efeito humorístico.
Assinale a alternativa que corresponde a este funcionamento.
A) O efeito humorístico é estabelecido a partir das características dos personagens Cascão, Mônica e Magali.
B) A relação autor-leitor é construída por gêneros textuais que fazem parte do cotidiano infantil.
C) O conteúdo dos textos que as mães leem para os filhos pertence ao mesmo gênero textual.
D) Nos três quadrinhos, as histórias contadas pelas mães pertencem às narrativas infantis clássicas do mundo ocidental.
E) O gênero textual do último quadrinho diverge dos anteriores e relaciona-se ao cotidiano da personagem.
Leia o fragmento, a seguir, retirado do livro Clara dos Anjos, de Lima Barreto, e responda à questão.
Cassi Jones, sem mais percalços, se viu lançado em pleno Campo de Sant’Ana, no meio da multidão que jorrava das portas da Catedral, cheia da honesta pressa de quem vai trabalhar. A sua sensação era que estava numa cidade estranha. No subúrbio tinha os seus ódios e os seus amores; no subúrbio, tinha os seus companheiros, e a sua fama de violeiro percorria todo ele, e, em qualquer parte, era apontado; no subúrbio, enfim, ele tinha personalidade, era bem Cassi Jones de Azevedo; mas, ali, sobretudo do Campo de Sant’Ana para baixo, o que era ele? Não era nada. Onde acabavam os trilhos da Central, acabava a sua fama e o seu valimento; a sua fanfarronice evaporava-se, e representava-se a si mesmo como esmagado por aqueles “caras” todos, que nem o olhavam. [...]
Na “cidade”, como se diz, ele percebia toda a sua inferioridade de inteligência, de educação; a sua rusticidade, diante daqueles rapazes a conversar sobre cousas de que ele não entendia e a trocar pilhérias; em face da sofreguidão com que liam os placards dos jornais, tratando de assuntos cuja importância ele não avaliava, Cassi vexava-se de não suportar a leitura; comparando o desembaraço com que os fregueses pediam bebidas variadas e esquisitas, lembrava-se que nem mesmo o nome delas sabia pronunciar; olhando aquelas senhoras e moças que lhe pareciam rainhas e princesas, tal e qual o bárbaro que viu, no Senado de Roma, só reis, sentia-se humilde; enfim, todo aquele conjunto de coisas finas, de atitudes apuradas, de hábitos de polidez e urbanidade, de franqueza no gastar, reduziam-lhe a personalidade de medíocre suburbano, de vagabundo doméstico, a quase cousa alguma.
BARRETO, Lima. Clara dos Anjos. Rio de Janeiro: Garnier, 1990. p. 130-131.
Com base no trecho e no romance, considere as afirmativas a seguir.
I. A frase “Não era nada” estabelece conexão entre Cassi e o desfecho vivido por Clara, embora os motivos dessas avaliações tenham graus de relevância e sentidos diferentes para cada personagem.
II. Clara e Cassi são superprotegidos por suas mães; contudo, Clara é mantida em sua ingenuidade, sem exposição à realidade, enquanto Cassi é acobertado a cada maldade cometida.
III. O assassinato de Marramaque afeta Clara e Cassi sob perspectivas diferentes: Clara sofre com a morte do padrinho, enquanto Cassi é o mentor daquele crime.
IV. A ideia de “polidez” acentua diferenças entre Clara e Cassi: enquanto ele ostenta essa qualidade no subúrbio e no centro, ela, como autêntica suburbana, é tosca, carente de lapidação.
Assinale a alternativa correta.
A) Somente as afirmativas I e II são corretas.
B) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
C) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
D) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
E) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
TEXTO I
Disponível em: www.facebook/minsaude. Acesso em: 12 mar. 2018.
TEXTO II
A polêmica da amamentação
Mães têm sido punidas por amamentar seus filhos em público
Na Espanha, uma jovem de 22 anos perdeu a guarda de sua filha, de 1 ano e 3 meses, sob a acusação de amamentá-la demais. Aqui no Brasil, uma mãe foi proibida de amamentar seu bebê enquanto visitava uma exposição, na capital paulista. Mas, se o aleitamento materno é uma característica natural da humanidade, por que esse tema gera tanta polêmica atualmente?
Segundo a historiadora de uma universidade paulista, “o ato de amamentar sempre está ligado a algo sagrado e, portanto, deve ser reservado e preservado. Por isso tanta gente se incomoda ao ver uma mãe amamentando em público.” Na opinião de um psicoterapeuta e professor da PUC-SP, “com a maior exposição atual do corpo feminino, o seio passou a ter mais apelo erótico do que alimentar.” O que as mamães mais desejam é reverter essa situação.
Disponível em: http://istoe.com.br. Acesso em: 13 mar. 2018 (adaptado).
A) visto de modo equivocado na campanha e também na reportagem.
B) exaltado como algo recomendável na reportagem e como crime na campanha.
C) tratado do ponto de vista da saúde na reportagem e da perspectiva estatal na campanha.
D) interpretado como prática sagrada pela reportagem e como medicinal pela campanha.
A) o narrador lança um olhar impiedoso sobre a miséria humana e sobre o cotidiano dos cangaceiros e seus crimes no sertão.
B) a descrição minuciosa do cenário e das personagens colabora para contextualizar a investigação de um crime.
C) na linguagem há marcas estéticas e estilísticas, com invenções vocabulares e translações de significados.
D) a narrativa é linear, cíclica, com vários estratos de significação e superposição de cenas.
A) A área social específica de que trata a denúncia é responsável por se atribuir uma conotação ainda mais grave para o teor da reportagem veiculada.
B) Demonstra-se preocupação com a forma como certos pais agem na educação dos filhos: às vezes ensina-se que o crime é uma atividade como qualquer outra.
C) Esperava-se uma contestação corporativa, já que a denúncia sobre os métodos utilizados pelas empresas denunciadas teria indiretamente atingido todo o segmento.
D) Por ser da índole do brasileiro, deve-se aceitar de bom grado que cada um, com responsabilidade, cometa pequenos ilícitos desde que não se afetem outras pessoas.
E) Todas as alternativas anteriores foram defendidas pelo autor e podem ser confirmadas no texto.
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