Os automóveis invadem a cidade
Naqueles tempos, a vida em São Paulo era tranquila. Poderia ser ainda mais, não fosse a invasão cada vez maior dos automóveis importados, circulando pelas ruas da cidade; grossos tubos, situados nas laterais externas dos carros, desprendiam, em violentas explosões, gases e fumaça escura. Estridentes fonfons de buzinas, assustando os distraídos, abriam passagem para alguns deslumbrados motoristas que, em suas desabaladas carreiras, infringiam as regras de trânsito, muitas vezes chegando ao abuso de alcançar mais de 20 quilômetros à hora, velocidade permitida somente nas estradas. Fora esse detalhe, o do trânsito, a cidade crescia mansamente. Não havia surgido ainda a febre dos edifícios altos; nem mesmo o “Prédio Martinelli” – arranha-céu pioneiro em São Paulo, se não me engano do Brasil – fora ainda construído. Não existia rádio, e televisão, nem em sonhos. Não se curtia som em aparelhos de alta-fidelidade. Ouvia-se música em gramofones de tromba e manivela. Havia tempo para tudo, ninguém se afobava, ninguém andava depressa.
GATTAI, Z. Anarquistas, graças a Deus. Rio de Janeiro: Record, 1986.
A) a linguagem da população de São Paulo era pouco diversificada.
B) a linguagem utilizada indica um ritmo de vida acelerado na capital.
C) as palavras empregadas revelam traços linguísticos de uma determinada época.
D) as palavras usadas relacionam-se à indústria automobilística de São Paulo.
A) Somente a afirmativa 1 é verdadeira.
B) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
C) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
D) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
E) As afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
Questão
A) os estudos sobre a temática enfocada estão ainda em fase experimental e, por razões que envolvem questões diversas, a comprovação da eficiência de sua aplicabilidade na cura de enfermidades levará algum tempo.
B) as tentativas realizadas com células-tronco, até o presente, não surtiram o efeito desejado, pois foram usadas as células-tronco conhecidas como adultas e não as células-tronco embrionárias, que possuem um potencial maior.
C) as pessoas não colaboram com as pesquisas científicas porque desconhecem o verdadeiro significado que possuem e os benefícios que trarão para o bem-estar da humanidade.
D) a explicação dada pelo articulista sobre o embrião não tem respaldo científico e, portanto, não é suficientemente capaz de afastar a ideia de interrupção da vida da mente humana.
E) os cientistas apostam em novas descobertas, principalmente pelo desejo de notoriedade que lhes caberá com o sucesso de seu incessante trabalho.
CJ. Politicopatas. Disponível em: http://f.i.uol.com.br/folha/cartum/images/17214223.jpeg Acesso em ago. 2017
Nas três primeiras falas das personagens da tira Politicopatas, de CJ, o verbo ir é empregado em locuções verbais, ou seja, funciona como auxiliar do verbo principal.
Considerando os verbos principais estudar, brincar, dar, assinale a alternativa que equivale à substituição das locuções verbais da tirinha pelos verbos principais, de acordo com a norma padrão da língua portuguesa.
A) estudaria; brincaríamos; daríamos.
B) estudará; brinquemos; daremos.
C) estudará; brincamos; daríamos.
D) estudará; brinquemos; daríamos.
E) estudara; brinquemos; daremos.
Leia o fragmento, a seguir, retirado do livro Clara dos Anjos, de Lima Barreto, e responda à questão.
Cassi Jones, sem mais percalços, se viu lançado em pleno Campo de Sant’Ana, no meio da multidão que jorrava das portas da Catedral, cheia da honesta pressa de quem vai trabalhar. A sua sensação era que estava numa cidade estranha. No subúrbio tinha os seus ódios e os seus amores; no subúrbio, tinha os seus companheiros, e a sua fama de violeiro percorria todo ele, e, em qualquer parte, era apontado; no subúrbio, enfim, ele tinha personalidade, era bem Cassi Jones de Azevedo; mas, ali, sobretudo do Campo de Sant’Ana para baixo, o que era ele? Não era nada. Onde acabavam os trilhos da Central, acabava a sua fama e o seu valimento; a sua fanfarronice evaporava-se, e representava-se a si mesmo como esmagado por aqueles “caras” todos, que nem o olhavam. [...]
Na “cidade”, como se diz, ele percebia toda a sua inferioridade de inteligência, de educação; a sua rusticidade, diante daqueles rapazes a conversar sobre cousas de que ele não entendia e a trocar pilhérias; em face da sofreguidão com que liam os placards dos jornais, tratando de assuntos cuja importância ele não avaliava, Cassi vexava-se de não suportar a leitura; comparando o desembaraço com que os fregueses pediam bebidas variadas e esquisitas, lembrava-se que nem mesmo o nome delas sabia pronunciar; olhando aquelas senhoras e moças que lhe pareciam rainhas e princesas, tal e qual o bárbaro que viu, no Senado de Roma, só reis, sentia-se humilde; enfim, todo aquele conjunto de coisas finas, de atitudes apuradas, de hábitos de polidez e urbanidade, de franqueza no gastar, reduziam-lhe a personalidade de medíocre suburbano, de vagabundo doméstico, a quase cousa alguma.
BARRETO, Lima. Clara dos Anjos. Rio de Janeiro: Garnier, 1990. p. 130-131.
A) Em “ele percebia toda a sua inferioridade de inteligência, de educação; a sua rusticidade”, o ponto e vírgula é usado para enumeração dos complementos do termo “inferioridade”.
B) No trecho “e, em qualquer parte, era apontado”, a palavra “apontado” está no masculino para concordar com “subúrbio”.
C) No fragmento “Onde acabavam os trilhos da Central”, o verbo está no plural para concordar com seu complemento “trilhos”.
D) Em “acabava a sua fama e o seu valimento”, o verbo está no singular para concordar com o sujeito “Campo de Sant’Ana”.
E) Em “tinha os seus companheiros, e a sua fama de violeiro”, a vírgula é utilizada para separar sujeitos diferentes.
A incapacidade de ser verdadeiro
Paulo tinha fama de mentiroso. Um dia chegou em casa dizendo que vira no campo dois dragões da independência cuspindo fogo e lendo fotonovelas.
A mãe botou-o de castigo, mas na semana seguinte ele veio contando que caíra no pátio da escola um pedaço de lua, todo cheio de buraquinhos, feito queijo, e ele provou e tinha gosto de queijo.
Desta vez Paulo não só ficou sem sobremesa, como foi proibido de jogar futebol durante quinze dias. Quando o menino voltou falando que todas as borboletas da terra passaram pela chácara de Siá Elpídia e queriam formar um tapete voador para transportá-lo ao sétimo céu, a mãe decidiu levá-lo ao médico.
Após o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça:
— Não há nada a fazer, Dona Coló. Esse menino é mesmo um caso de poesia.
ANDRADE, C. D. Rick e a girafa. São Paulo: Ática, 2001.
A) "mentiroso", "voador" e "sétimo".
B) "borboletas", "chácara" e "tapete".
C) "Um dia", "na semana seguinte" e "Quando".
D) "Siá Elpídia", "Dr. Epaminondas" e "Dona Coló".
A) a canoa e o canoeiro são metáforas do narrador e da personagem, respectivamente.
B) a voz do narrador se mistura ao pensamento da personagem.
C) não ter filho ou filha é algo bom para o coração e para o espírito.
D) o coração e o espírito morrem, apesar do abismo entre eles.
A) questionar o porquê das diferentes mudanças climáticas vistas no hemisfério Norte e no hemisfério Sul.
B) alertar os leitores sobre o acompanhamento e prevenção de desastres decorrentes de inundações.
C) demonstrar a relação existente entre o nível de desenvolvimento de um país e o reconhecimento de suas tragédias em âmbito global.
D) noticiar as consequências estruturais das mudanças climáticas que vêm acontecendo em ambos os hemisférios.
E) exemplificar como países diferentes lidam de formas diferentes com seus desastres naturais.
Questão
A) O operador argumentativo “Como”, em “Como sexo é algo desconhecido no universo do adolescente”, expressa causa e pode, assim, ser substituído, sem prejuízo semântico, por “Uma vez que”.
B) O vocábulo “ainda”, em “Em nossa sociedade, o tema sexualidade ainda se encontra”, insere, no contexto frásico, a ideia de inclusão.
C) A expressão “no mundo”, em “Dados revelam que, no mundo”, constitui um termo circunstancial que denota origem.
D) O conectivo “Entretanto”, em “Entretanto, além de a família não oferecer informações necessárias”, estabelece uma relação com o parágrafo anterior.
E) A palavra denotativa “também”, em “existe também a forte influência de elementos”, introduz uma explicação, reforçando o que foi antes afirmado.
Leia o fragmento, a seguir, retirado do livro Clara dos Anjos, de Lima Barreto, e responda à questão.
Cassi Jones, sem mais percalços, se viu lançado em pleno Campo de Sant’Ana, no meio da multidão que jorrava das portas da Catedral, cheia da honesta pressa de quem vai trabalhar. A sua sensação era que estava numa cidade estranha. No subúrbio tinha os seus ódios e os seus amores; no subúrbio, tinha os seus companheiros, e a sua fama de violeiro percorria todo ele, e, em qualquer parte, era apontado; no subúrbio, enfim, ele tinha personalidade, era bem Cassi Jones de Azevedo; mas, ali, sobretudo do Campo de Sant’Ana para baixo, o que era ele? Não era nada. Onde acabavam os trilhos da Central, acabava a sua fama e o seu valimento; a sua fanfarronice evaporava-se, e representava-se a si mesmo como esmagado por aqueles “caras” todos, que nem o olhavam. [...]
Na “cidade”, como se diz, ele percebia toda a sua inferioridade de inteligência, de educação; a sua rusticidade, diante daqueles rapazes a conversar sobre cousas de que ele não entendia e a trocar pilhérias; em face da sofreguidão com que liam os placards dos jornais, tratando de assuntos cuja importância ele não avaliava, Cassi vexava-se de não suportar a leitura; comparando o desembaraço com que os fregueses pediam bebidas variadas e esquisitas, lembrava-se que nem mesmo o nome delas sabia pronunciar; olhando aquelas senhoras e moças que lhe pareciam rainhas e princesas, tal e qual o bárbaro que viu, no Senado de Roma, só reis, sentia-se humilde; enfim, todo aquele conjunto de coisas finas, de atitudes apuradas, de hábitos de polidez e urbanidade, de franqueza no gastar, reduziam-lhe a personalidade de medíocre suburbano, de vagabundo doméstico, a quase cousa alguma.
BARRETO, Lima. Clara dos Anjos. Rio de Janeiro: Garnier, 1990. p. 130-131.
A) Ambos os termos “que” e “sua” fazem referência à personagem Cassi Jones.
B) O primeiro termo “ele” refere-se ao subúrbio; o segundo “ele” refere-se a Cassi Jones.
C) A palavra “seu” em destaque refere-se ao termo subsequente “valimento”.
D) O pronome “o” faz referência ao local Campo de Sant’Ana.
E) O termo “lhe” faz referência a “aquelas senhoras e moças”.
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