Questões de Português para Vestibular

cód. #682

VUNESP - Português - 2021 - Vestibular- Conhecimentos Gerais - Área de Biológicas

Leia o texto extraído da primeira parte, intitulada “A terra”, da obra Os sertões, de Euclides da Cunha. A obra resultou da cobertura jornalística da Guerra de Canudos, realizada por Euclides da Cunha para o jornal O Estado de S.Paulo de agosto a outubro de 1897, e foi publicada apenas em 1902.


    Percorrendo certa vez, nos fins de setembro [de 1897], as cercanias de Canudos, fugindo à monotonia de um canhoneio1 frouxo de tiros espaçados e soturnos, encontramos, no descer de uma encosta, anfiteatro irregular, onde as colinas se dispunham circulando um vale único. Pequenos arbustos, icozeiros2 virentes viçando em tufos intermeados de palmatórias3 de flores rutilantes, davam ao lugar a aparência exata de algum velho jardim em abandono. Ao lado uma árvore única, uma quixabeira alta, sobranceando a vegetação franzina.
     O sol poente desatava, longa, a sua sombra pelo chão e protegido por ela — braços largamente abertos, face volvida para os céus — um soldado descansava.
    Descansava... havia três meses.
    Morrera no assalto de 18 de julho [de 1897]. A coronha da Mannlicher 4 estrondada, o cinturão e o boné jogados a uma banda, e a farda em tiras, diziam que sucumbira em luta corpo a corpo com adversário possante. Caíra, certo, derreando- -se à violenta pancada que lhe sulcara a fronte, manchada de uma escara preta. E ao enterrarem-se, dias depois, os mortos, não fora percebido. Não compartira, por isto, a vala comum de menos de um côvado de fundo em que eram jogados, formando pela última vez juntos, os companheiros abatidos na batalha. O destino que o removera do lar desprotegido fizera-lhe afinal uma concessão: livrara-o da promiscuidade lúgubre de um fosso repugnante; e deixara-o ali há três meses – braços largamente abertos, rosto voltado para os céus, para os sóis ardentes, para os luares claros, para as estrelas fulgurantes...
    E estava intacto. Murchara apenas. Mumificara conservando os traços fisionômicos, de modo a incutir a ilusão exata de um lutador cansado, retemperando-se em tranquilo sono, à sombra daquela árvore benfazeja. Nem um verme — o mais vulgar dos trágicos analistas da matéria — lhe maculara os tecidos. Volvia ao turbilhão da vida sem decomposição repugnante, numa exaustão imperceptível. Era um aparelho revelando de modo absoluto, mas sugestivo, a secura extrema dos ares.

(Os sertões, 2016.)

1 canhoneio: descarga de canhões.

2 icozeiro: arbusto de folhas coriáceas, flores de tom verde-pálido e frutos bacáceos.

3 palmatória: planta da família das cactáceas, de flores amarelo-esverdeadas, com a parte inferior vermelha, ou róseas, e bagas vermelhas.

4 Mannlicher: rifle projetado por Ferdinand Ritter von Mannlicher.
Observa-se o emprego de voz passiva no trecho

A) “Descansava... havia três meses.” (3° parágrafo)

B) “Caíra, certo, derreando-se à violenta pancada que lhe sulcara a fronte, manchada de uma escara preta.” (4° parágrafo)

C) “Nem um verme — o mais vulgar dos trágicos analistas da matéria — lhe maculara os tecidos.” (5° parágrafo)

D) “Volvia ao turbilhão da vida sem decomposição repugnante, numa exaustão imperceptível.” (5° parágrafo)

E) “E ao enterrarem-se, dias depois, os mortos, não fora percebido.” (4° parágrafo)

A B C D E

cód. #681

VUNESP - Português - 2021 - Vestibular- Conhecimentos Gerais - Área de Biológicas

Leia a narrativa “O leão, o burro e o rato”, de Millôr Fernandes,


    Um leão, um burro e um rato voltaram, afinal, da caçada que haviam empreendido juntos1 e colocaram numa clareira tudo que tinham caçado: dois veados, algumas perdizes, três tatus, uma paca e muita caça menor. O leão sentou-se num tronco e, com voz tonitruante que procurava inutilmente suavizar, berrou:
    — Bem, agora que terminamos um magnífico dia de trabalho, descansemos aqui, camaradas, para a justa partilha do nosso esforço conjunto. Compadre burro, por favor, você, que é o mais sábio de nós três, com licença do compadre rato, você, compadre burro, vai fazer a partilha desta caça em três partes absolutamente iguais. Vamos, compadre rato, até o rio, beber um pouco de água, deixando nosso grande amigo burro em paz para deliberar.
    Os dois se afastaram, foram até o rio, beberam água2 e ficaram um tempo. Voltaram e verificaram que o burro tinha feito um trabalho extremamente meticuloso, dividindo a caça em três partes absolutamente iguais. Assim que viu os dois voltando, o burro perguntou ao leão:
    — Pronto, compadre leão, aí está: que acha da partilha?
    O leão não disse uma palavra. Deu uma violenta patada na nuca do burro, prostrando-o no chão, morto.
    Sorrindo, o leão voltou-se para o rato e disse:
    — Compadre rato, lamento muito, mas tenho a impressão de que concorda em que não podíamos suportar a presença de tamanha inaptidão e burrice. Desculpe eu ter perdido a paciência, mas não havia outra coisa a fazer. Há muito que eu não suportava mais o compadre burro. Me faça um favor agora — divida você o bolo da caça, incluindo, por favor, o corpo do compadre burro. Vou até o rio, novamente, deixando-lhe calma para uma deliberação sensata.
    Mal o leão se afastou, o rato não teve a menor dúvida. Dividiu o monte de caça em dois: de um lado, toda a caça, inclusive o corpo do burro. Do outro, apenas um ratinho cinza morto por acaso. O leão ainda não tinha chegado ao rio, quando o rato o chamou:
    — Compadre leão, está pronta a partilha!
    O leão, vendo a caça dividida de maneira tão justa, não pôde deixar de cumprimentar o rato:
    — Maravilhoso, meu caro compadre, maravilhoso! Como você chegou tão depressa a uma partilha tão certa?
    E o rato respondeu:
    — Muito simples. Estabeleci uma relação matemática entre seu tamanho e o meu — é claro que você precisa comer muito mais. Tracei uma comparação entre a sua força e a minha — é claro que você precisa de muito maior volume de alimentação do que eu. Comparei, ponderadamente, sua posição na floresta com a minha — e, evidentemente, a partilha só podia ser esta. Além do que, sou um intelectual, sou todo espírito! — Inacreditável, inacreditável! Que compreensão! Que argúcia! — exclamou o leão, realmente admirado. — Olha, juro que nunca tinha notado, em você, essa cultura. Como você escondeu isso o tempo todo, e quem lhe ensinou tanta sabedoria?
    — Na verdade, leão, eu nunca soube nada. Se me perdoa um elogio fúnebre, se não se ofende, acabei de aprender tudo agora mesmo, com o burro morto.


Moral: Só um burro tenta ficar com a parte do leão.


1 A conjugação de esforços tão heterogêneos na destruição do meio ambiente é coisa muito comum.

2 Enquanto estavam bebendo água, o leão reparou que o rato estava sujando a água que ele bebia. Mas isso já é outra fábula.


(100 fábulas fabulosas, 2012.)


A narrativa de Millôr Fernandes afasta-se do modelo tradicional da fábula na medida em que emprega um tom

A) moralizante.

B) fantástico.

C) acônico.

D) ambíguo.

E) paródico.

A B C D E

cód. #680

VUNESP - Português - 2021 - Vestibular- Conhecimentos Gerais - Área de Biológicas

Leia a narrativa “O leão, o burro e o rato”, de Millôr Fernandes,


    Um leão, um burro e um rato voltaram, afinal, da caçada que haviam empreendido juntos1 e colocaram numa clareira tudo que tinham caçado: dois veados, algumas perdizes, três tatus, uma paca e muita caça menor. O leão sentou-se num tronco e, com voz tonitruante que procurava inutilmente suavizar, berrou:
    — Bem, agora que terminamos um magnífico dia de trabalho, descansemos aqui, camaradas, para a justa partilha do nosso esforço conjunto. Compadre burro, por favor, você, que é o mais sábio de nós três, com licença do compadre rato, você, compadre burro, vai fazer a partilha desta caça em três partes absolutamente iguais. Vamos, compadre rato, até o rio, beber um pouco de água, deixando nosso grande amigo burro em paz para deliberar.
    Os dois se afastaram, foram até o rio, beberam água2 e ficaram um tempo. Voltaram e verificaram que o burro tinha feito um trabalho extremamente meticuloso, dividindo a caça em três partes absolutamente iguais. Assim que viu os dois voltando, o burro perguntou ao leão:
    — Pronto, compadre leão, aí está: que acha da partilha?
    O leão não disse uma palavra. Deu uma violenta patada na nuca do burro, prostrando-o no chão, morto.
    Sorrindo, o leão voltou-se para o rato e disse:
    — Compadre rato, lamento muito, mas tenho a impressão de que concorda em que não podíamos suportar a presença de tamanha inaptidão e burrice. Desculpe eu ter perdido a paciência, mas não havia outra coisa a fazer. Há muito que eu não suportava mais o compadre burro. Me faça um favor agora — divida você o bolo da caça, incluindo, por favor, o corpo do compadre burro. Vou até o rio, novamente, deixando-lhe calma para uma deliberação sensata.
    Mal o leão se afastou, o rato não teve a menor dúvida. Dividiu o monte de caça em dois: de um lado, toda a caça, inclusive o corpo do burro. Do outro, apenas um ratinho cinza morto por acaso. O leão ainda não tinha chegado ao rio, quando o rato o chamou:
    — Compadre leão, está pronta a partilha!
    O leão, vendo a caça dividida de maneira tão justa, não pôde deixar de cumprimentar o rato:
    — Maravilhoso, meu caro compadre, maravilhoso! Como você chegou tão depressa a uma partilha tão certa?
    E o rato respondeu:
    — Muito simples. Estabeleci uma relação matemática entre seu tamanho e o meu — é claro que você precisa comer muito mais. Tracei uma comparação entre a sua força e a minha — é claro que você precisa de muito maior volume de alimentação do que eu. Comparei, ponderadamente, sua posição na floresta com a minha — e, evidentemente, a partilha só podia ser esta. Além do que, sou um intelectual, sou todo espírito! — Inacreditável, inacreditável! Que compreensão! Que argúcia! — exclamou o leão, realmente admirado. — Olha, juro que nunca tinha notado, em você, essa cultura. Como você escondeu isso o tempo todo, e quem lhe ensinou tanta sabedoria?
    — Na verdade, leão, eu nunca soube nada. Se me perdoa um elogio fúnebre, se não se ofende, acabei de aprender tudo agora mesmo, com o burro morto.


Moral: Só um burro tenta ficar com a parte do leão.


1 A conjugação de esforços tão heterogêneos na destruição do meio ambiente é coisa muito comum.

2 Enquanto estavam bebendo água, o leão reparou que o rato estava sujando a água que ele bebia. Mas isso já é outra fábula.


(100 fábulas fabulosas, 2012.)


Uma moral para a narrativa de Millôr Fernandes em conformidade com uma fábula tradicional seria:

A) Para quem morrer está posto, é melhor a morte com reputação.

B) Alguns seres humanos, por causa das próprias espertezas, sem perceber se lançam em direção às desgraças.

C) Alguns homens fazem por mal o que por bem não querem aceitar.

D) Para os homens, os infortúnios do próximo se tornam um apelo à ponderação.

E) Os homens sensatos não desdenham nem mesmo as coisas modestas.

A B C D E

cód. #679

VUNESP - Português - 2021 - Vestibular- Conhecimentos Gerais - Área de Biológicas

Leia a narrativa “O leão, o burro e o rato”, de Millôr Fernandes,


    Um leão, um burro e um rato voltaram, afinal, da caçada que haviam empreendido juntos1 e colocaram numa clareira tudo que tinham caçado: dois veados, algumas perdizes, três tatus, uma paca e muita caça menor. O leão sentou-se num tronco e, com voz tonitruante que procurava inutilmente suavizar, berrou:
    — Bem, agora que terminamos um magnífico dia de trabalho, descansemos aqui, camaradas, para a justa partilha do nosso esforço conjunto. Compadre burro, por favor, você, que é o mais sábio de nós três, com licença do compadre rato, você, compadre burro, vai fazer a partilha desta caça em três partes absolutamente iguais. Vamos, compadre rato, até o rio, beber um pouco de água, deixando nosso grande amigo burro em paz para deliberar.
    Os dois se afastaram, foram até o rio, beberam água2 e ficaram um tempo. Voltaram e verificaram que o burro tinha feito um trabalho extremamente meticuloso, dividindo a caça em três partes absolutamente iguais. Assim que viu os dois voltando, o burro perguntou ao leão:
    — Pronto, compadre leão, aí está: que acha da partilha?
    O leão não disse uma palavra. Deu uma violenta patada na nuca do burro, prostrando-o no chão, morto.
    Sorrindo, o leão voltou-se para o rato e disse:
    — Compadre rato, lamento muito, mas tenho a impressão de que concorda em que não podíamos suportar a presença de tamanha inaptidão e burrice. Desculpe eu ter perdido a paciência, mas não havia outra coisa a fazer. Há muito que eu não suportava mais o compadre burro. Me faça um favor agora — divida você o bolo da caça, incluindo, por favor, o corpo do compadre burro. Vou até o rio, novamente, deixando-lhe calma para uma deliberação sensata.
    Mal o leão se afastou, o rato não teve a menor dúvida. Dividiu o monte de caça em dois: de um lado, toda a caça, inclusive o corpo do burro. Do outro, apenas um ratinho cinza morto por acaso. O leão ainda não tinha chegado ao rio, quando o rato o chamou:
    — Compadre leão, está pronta a partilha!
    O leão, vendo a caça dividida de maneira tão justa, não pôde deixar de cumprimentar o rato:
    — Maravilhoso, meu caro compadre, maravilhoso! Como você chegou tão depressa a uma partilha tão certa?
    E o rato respondeu:
    — Muito simples. Estabeleci uma relação matemática entre seu tamanho e o meu — é claro que você precisa comer muito mais. Tracei uma comparação entre a sua força e a minha — é claro que você precisa de muito maior volume de alimentação do que eu. Comparei, ponderadamente, sua posição na floresta com a minha — e, evidentemente, a partilha só podia ser esta. Além do que, sou um intelectual, sou todo espírito! — Inacreditável, inacreditável! Que compreensão! Que argúcia! — exclamou o leão, realmente admirado. — Olha, juro que nunca tinha notado, em você, essa cultura. Como você escondeu isso o tempo todo, e quem lhe ensinou tanta sabedoria?
    — Na verdade, leão, eu nunca soube nada. Se me perdoa um elogio fúnebre, se não se ofende, acabei de aprender tudo agora mesmo, com o burro morto.


Moral: Só um burro tenta ficar com a parte do leão.


1 A conjugação de esforços tão heterogêneos na destruição do meio ambiente é coisa muito comum.

2 Enquanto estavam bebendo água, o leão reparou que o rato estava sujando a água que ele bebia. Mas isso já é outra fábula.


(100 fábulas fabulosas, 2012.)


Mal o leão se afastou, o rato não teve a menor dúvida.” (8° parágrafo)

Em relação à oração que a sucede, a oração sublinhada expressa ideia de

A) consequência.

B) tempo.

C) concessão.

D) condição.

E) causa.

A B C D E

cód. #678

VUNESP - Português - 2021 - Vestibular- Conhecimentos Gerais - Área de Biológicas

Leia a narrativa “O leão, o burro e o rato”, de Millôr Fernandes,


    Um leão, um burro e um rato voltaram, afinal, da caçada que haviam empreendido juntos1 e colocaram numa clareira tudo que tinham caçado: dois veados, algumas perdizes, três tatus, uma paca e muita caça menor. O leão sentou-se num tronco e, com voz tonitruante que procurava inutilmente suavizar, berrou:
    — Bem, agora que terminamos um magnífico dia de trabalho, descansemos aqui, camaradas, para a justa partilha do nosso esforço conjunto. Compadre burro, por favor, você, que é o mais sábio de nós três, com licença do compadre rato, você, compadre burro, vai fazer a partilha desta caça em três partes absolutamente iguais. Vamos, compadre rato, até o rio, beber um pouco de água, deixando nosso grande amigo burro em paz para deliberar.
    Os dois se afastaram, foram até o rio, beberam água2 e ficaram um tempo. Voltaram e verificaram que o burro tinha feito um trabalho extremamente meticuloso, dividindo a caça em três partes absolutamente iguais. Assim que viu os dois voltando, o burro perguntou ao leão:
    — Pronto, compadre leão, aí está: que acha da partilha?
    O leão não disse uma palavra. Deu uma violenta patada na nuca do burro, prostrando-o no chão, morto.
    Sorrindo, o leão voltou-se para o rato e disse:
    — Compadre rato, lamento muito, mas tenho a impressão de que concorda em que não podíamos suportar a presença de tamanha inaptidão e burrice. Desculpe eu ter perdido a paciência, mas não havia outra coisa a fazer. Há muito que eu não suportava mais o compadre burro. Me faça um favor agora — divida você o bolo da caça, incluindo, por favor, o corpo do compadre burro. Vou até o rio, novamente, deixando-lhe calma para uma deliberação sensata.
    Mal o leão se afastou, o rato não teve a menor dúvida. Dividiu o monte de caça em dois: de um lado, toda a caça, inclusive o corpo do burro. Do outro, apenas um ratinho cinza morto por acaso. O leão ainda não tinha chegado ao rio, quando o rato o chamou:
    — Compadre leão, está pronta a partilha!
    O leão, vendo a caça dividida de maneira tão justa, não pôde deixar de cumprimentar o rato:
    — Maravilhoso, meu caro compadre, maravilhoso! Como você chegou tão depressa a uma partilha tão certa?
    E o rato respondeu:
    — Muito simples. Estabeleci uma relação matemática entre seu tamanho e o meu — é claro que você precisa comer muito mais. Tracei uma comparação entre a sua força e a minha — é claro que você precisa de muito maior volume de alimentação do que eu. Comparei, ponderadamente, sua posição na floresta com a minha — e, evidentemente, a partilha só podia ser esta. Além do que, sou um intelectual, sou todo espírito! — Inacreditável, inacreditável! Que compreensão! Que argúcia! — exclamou o leão, realmente admirado. — Olha, juro que nunca tinha notado, em você, essa cultura. Como você escondeu isso o tempo todo, e quem lhe ensinou tanta sabedoria?
    — Na verdade, leão, eu nunca soube nada. Se me perdoa um elogio fúnebre, se não se ofende, acabei de aprender tudo agora mesmo, com o burro morto.


Moral: Só um burro tenta ficar com a parte do leão.


1 A conjugação de esforços tão heterogêneos na destruição do meio ambiente é coisa muito comum.

2 Enquanto estavam bebendo água, o leão reparou que o rato estava sujando a água que ele bebia. Mas isso já é outra fábula.


(100 fábulas fabulosas, 2012.)


“E o rato respondeu:
— Muito simples. Estabeleci uma relação matemática entre seu tamanho e o meu — é claro que você precisa comer muito mais.” (12° e 13° parágrafos)

Ao se transpor esse trecho para o discurso indireto, o termo sublinhado assume a seguinte forma:

A) teria estabelecido.

B) estabeleceria.

C) estabelecia.

D) estabeleceu.

E) tinha estabelecido.

A B C D E

cód. #607

UPENET/IAUPE - Português - 2021 - Vestibular - 2º Fase - 1º Dia

Texto 1 


13 DE MAIO


Foi quando eu era seminarista no interior de São Paulo. Era 13 de maio de 1966 e os meus colegas de seminário, quase todos descendentes de italianos ou alemães, resolveram homenagear o dia da abolição dos escravos com um almoço. Nós, os poucos negros ou pardos da turma, fomos "convidados" a sentar na mesa central do refeitório, decorada com as palavras 'Navio Negreiro'. Quando vi aquilo me recusei e me sentei numa mesa lateral, com todos os outros colegas. Pois os organizadores daquilo me pegaram à força, me arrastaram e me fizeram sentar na marra junto aos outros negros, no que considerei uma ofensa gravíssima. Arrumei as malas para ir embora, mas fui convencido a ficar pelo padre do local. Ele me recomendou que deixasse o ódio passar e que tomasse aquele episódio como bandeira de luta para um mundo melhor. E, de fato, aquele episódio alterou radicalmente a direção da minha vida. Foi a partir de então que tirei a foto do meu pai, que era negro, do fundo da minha mala, e coloquei-a ao lado da fotografia da minha mãe, branca, com os meus objetos pessoais.


Frei David Raimundo dos Santos, 63 anos, frade, fundador da ONG Educafro. Disponível em: www.educafro.org.br Acesso em: 15 set. 2020. Adaptado.

O Texto 1 é o relato, infelizmente comum na nossa realidade, de uma experiência de racismo. Com base nos elementos de sua organização narrativa e nas conclusões (inferências) autorizadas pelo texto, assinale a alternativa CORRETA.

A) O trecho inicial, entre: "Foi quando eu era seminarista [...]" e "[...] homenagear o dia da abolição dos escravos com um almoço." apresenta o conflito que dá origem ao relato.

B) O narrador não participa da ação narrativa, mas conhece todos os fatos, ou seja, trata-se de um narrador onisciente.

C) O ponto mais tenso da narrativa, isto é, o clímax, situa-se entre "Arrumei as malas [...]" e "[...] para um mundo melhor.".

D) Há uma passagem de discurso direto no segmento destacado em: "[...] mas fui convencido a ficar pelo padre do local. Ele me recomendou que deixasse o ódio passar [...]".

E) O ato de o narrador expor a foto de seu pai negro ao lado da foto de sua mãe, que era branca, simboliza o início de sua luta contra o racismo, e por um mundo mais justo.

A B C D E

cód. #606

UPENET/IAUPE - Português - 2021 - Vestibular - 2º Fase - 1º Dia

Texto 1 


13 DE MAIO


Foi quando eu era seminarista no interior de São Paulo. Era 13 de maio de 1966 e os meus colegas de seminário, quase todos descendentes de italianos ou alemães, resolveram homenagear o dia da abolição dos escravos com um almoço. Nós, os poucos negros ou pardos da turma, fomos "convidados" a sentar na mesa central do refeitório, decorada com as palavras 'Navio Negreiro'. Quando vi aquilo me recusei e me sentei numa mesa lateral, com todos os outros colegas. Pois os organizadores daquilo me pegaram à força, me arrastaram e me fizeram sentar na marra junto aos outros negros, no que considerei uma ofensa gravíssima. Arrumei as malas para ir embora, mas fui convencido a ficar pelo padre do local. Ele me recomendou que deixasse o ódio passar e que tomasse aquele episódio como bandeira de luta para um mundo melhor. E, de fato, aquele episódio alterou radicalmente a direção da minha vida. Foi a partir de então que tirei a foto do meu pai, que era negro, do fundo da minha mala, e coloquei-a ao lado da fotografia da minha mãe, branca, com os meus objetos pessoais.


Frei David Raimundo dos Santos, 63 anos, frade, fundador da ONG Educafro. Disponível em: www.educafro.org.br Acesso em: 15 set. 2020. Adaptado.

Quanto aos recursos lexicais, gramaticais e gráficos empregados no Texto 1 e seus efeitos nos sentidos, analise as afirmativas a seguir.
1) As aspas em "convidados" revelam que o narrador ficou surpreso ao ser convidado para o evento do dia 13 de Maio. 2) A designação 'Navio Negreiro‘ para a mesa de refeição foi ofensiva ao narrador, porque simboliza a opressão e a violência que vitimam os negros, há séculos. 3) Em: "Quando vi aquilo", o pronome (destacado) se refere ao trecho "mesa central do refeitório, decorada com as palavras 'Navio Negreiro'"; o uso de 'aquilo', nesse caso, reforça que o narrador despreza a ação de seus colegas e discorda dela. 4) O termo "bandeira de luta" sinaliza a ideia de "ir à forra", "passar por cima", isto é, destruir a supremacia branca.
Estão CORRETAS:

A) 1 e 2, apenas.

B) 1, 2 e 3, apenas.

C) 1, 3 e 4, apenas.

D) 2 e 3, apenas.

E) 3 e 4, apenas.

A B C D E

cód. #605

UPENET/IAUPE - Português - 2021 - Vestibular - 2º Fase - 1º Dia

Texto 1 


13 DE MAIO


Foi quando eu era seminarista no interior de São Paulo. Era 13 de maio de 1966 e os meus colegas de seminário, quase todos descendentes de italianos ou alemães, resolveram homenagear o dia da abolição dos escravos com um almoço. Nós, os poucos negros ou pardos da turma, fomos "convidados" a sentar na mesa central do refeitório, decorada com as palavras 'Navio Negreiro'. Quando vi aquilo me recusei e me sentei numa mesa lateral, com todos os outros colegas. Pois os organizadores daquilo me pegaram à força, me arrastaram e me fizeram sentar na marra junto aos outros negros, no que considerei uma ofensa gravíssima. Arrumei as malas para ir embora, mas fui convencido a ficar pelo padre do local. Ele me recomendou que deixasse o ódio passar e que tomasse aquele episódio como bandeira de luta para um mundo melhor. E, de fato, aquele episódio alterou radicalmente a direção da minha vida. Foi a partir de então que tirei a foto do meu pai, que era negro, do fundo da minha mala, e coloquei-a ao lado da fotografia da minha mãe, branca, com os meus objetos pessoais.


Frei David Raimundo dos Santos, 63 anos, frade, fundador da ONG Educafro. Disponível em: www.educafro.org.br Acesso em: 15 set. 2020. Adaptado.

No trecho: "E, de fato, aquele episódio alterou radicalmente a direção da minha vida." (Texto 1), o termo destacado acrescenta ao trecho em questão um/uma:

A) confirmação.

B) atenuação.

C) contraste.

D) dúvida.

E) ironia.

A B C D E

cód. #604

UPENET/IAUPE - Português - 2021 - Vestibular - 2º Fase - 1º Dia

Texto 1 


13 DE MAIO


Foi quando eu era seminarista no interior de São Paulo. Era 13 de maio de 1966 e os meus colegas de seminário, quase todos descendentes de italianos ou alemães, resolveram homenagear o dia da abolição dos escravos com um almoço. Nós, os poucos negros ou pardos da turma, fomos "convidados" a sentar na mesa central do refeitório, decorada com as palavras 'Navio Negreiro'. Quando vi aquilo me recusei e me sentei numa mesa lateral, com todos os outros colegas. Pois os organizadores daquilo me pegaram à força, me arrastaram e me fizeram sentar na marra junto aos outros negros, no que considerei uma ofensa gravíssima. Arrumei as malas para ir embora, mas fui convencido a ficar pelo padre do local. Ele me recomendou que deixasse o ódio passar e que tomasse aquele episódio como bandeira de luta para um mundo melhor. E, de fato, aquele episódio alterou radicalmente a direção da minha vida. Foi a partir de então que tirei a foto do meu pai, que era negro, do fundo da minha mala, e coloquei-a ao lado da fotografia da minha mãe, branca, com os meus objetos pessoais.


Frei David Raimundo dos Santos, 63 anos, frade, fundador da ONG Educafro. Disponível em: www.educafro.org.br Acesso em: 15 set. 2020. Adaptado.

Em: "Foi a partir de então [...]" (Texto 1), o articulador destacado pode ser substituído, sem alterações significativas nos sentidos do texto, por:

A) "depois que entrei pro seminário".

B) "após aquele triste acontecimento do dia 13 de maio de 1966".

C) "depois de ser convencido a ficar pelo padre do local".

D) "após o meu ódio ter passado".

E) "depois que tirei a foto do meu pai do fundo da mala".

A B C D E

cód. #603

UPENET/IAUPE - Português - 2021 - Vestibular - 2º Fase - 1º Dia

              Texto 2


IV


Era um sonho dantesco... o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho,

Em sangue a se banhar.

Tinir de ferros... estalar de açoite...

Legiões de homens negros como a noite,

Horrendos a dançar... 


Negras mulheres, suspendendo às tetas

Magras crianças, cujas bocas pretas

Rega o sangue das mães:

Outras, moças, mas nuas e espantadas,

No turbilhão de espectros arrastadas,

Em ânsia e mágoa vãs!


E ri-se a orquestra irônica, estridente...

E da ronda fantástica a serpente

Faz doudas espirais...

Se o velho arqueja, se no chão resvala,

Ouvem-se gritos... o chicote estala.

E voam mais e mais...


Presa nos elos de uma só cadeia,

A multidão faminta cambaleia,

E chora e dança ali!

Um de raiva delira, outro enlouquece,

Outro, que de martírios embrutece,

Cantando, geme e ri!


No entanto o capitão manda a manobra,

E após, fitando o céu que se desdobra,

Tão puro sobre o mar,

Diz do fumo entre os densos nevoeiros:

"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!

Fazei-os mais dançar!..."

 [...]


ALVES, Castro. O Navio Negreiro. Excertos. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000068.pdf Acesso em: 12 set. 2020.


Texto 3



Texto 4

PAI CONTRA MÃE
Machado de Assis

   A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido a outras instituições sociais. Não cito alguns aparelhos senão por se ligarem a certo ofício. Um deles era o ferro ao pescoço, outro o ferro ao pé; havia também a máscara de folha-de-flandres. A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos escravos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dous para ver, um para respirar, e era fechada atrás da cabeça por um cadeado. [...] Era grotesca tal máscara, mas a ordem social e humana nem sempre se alcança sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, à venda, na porta das lojas. Mas não cuidemos de máscaras. O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões. Imaginai uma coleira grossa, com a haste grossa também à direita ou à esquerda, até ao alto da cabeça e fechada atrás com chave. Pesava, naturalmente, mas era menos castigo que sinal. [...]

ASSIS, Machado de. Pai contra mãe. Excertos. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/literafro/autores/11intro-textos-dos-autores/451-machado-de-assisintro-textos-selecionados Acesso em: 12/09/2020.

Texto 5 



Texto 6

   A onda de protestos após a morte de George Floyd por um policial de Mineápolis, nos Estados Unidos, fez a hashtag #BlackLivesMatter (Vidas Negras Importam, em tradução livre) ganhar manifestações nas ruas e nas redes sociais. Famosos e anônimos têm usado o termo nos últimos dias, no online e no offline, como forma de apoio ao movimento antirracista e para cobrar das autoridades que resguardem vidas negras.

   O Black Lives Matter, às vezes citado nos cartazes como BLM, é uma organização que nasceu em 2013 por três ativistas norte-americanas: Alicia Garza, da aliança nacional de trabalhadoras domésticas; Patrisse Cullors, da coalizão contra a violência policial em Los Angeles; e Opal Tometi, da aliança negra pela imigração justa. Hoje, é uma fundação global cuja missão é "erradicar a supremacia branca e construir poder local para intervir na violência infligida às comunidades negras" pelo Estado e pela polícia.

Disponível em: https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2020/06/03/black-livesmatter-conheca-o-movimento-fundado-por-tresmulheres.htm?cmpid=copiaecola Acesso em: 12/09/2020.

Em diálogo com as questões sociais, a literatura configura-se como um meio importante na representação de temas, como a escravidão e o racismo, por exemplo. Na leitura da coletânea (Textos de 2 a 6), atente para: o contexto histórico-social e literário em que cada texto foi produzido; as relações temáticas entre os textos; e as características estilísticas da poesia de Castro Alves e da prosa de Machado de Assis. Acerca dos textos que formam a coletânea, assinale a afirmativa CORRETA.

A) Entre os cinco textos da coletânea, há relações intertextuais implícitas do tipo paródia, já que todos os textos abordam o racismo estrutural no Brasil, desde o processo de escravidão do negro até os movimentos antirracistas, como o "Black Lives Matter" ("Vidas Negras Importam").

B) O preconceito racial é um tema recorrente na literatura brasileira e está presente nos Textos 2 e 4, os quais abordam o racismo e a escravidão na poesia simbolista de Castro Alves e na prosa naturalista de Machado de Assis.

C) Castro Alves ficou conhecido como o "poeta dos escravos" e sua produção poética é um exemplo da primeira geração da poesia do Romantismo no Brasil, com a representação dos negros na construção da identidade nacional do povo brasileiro.

D) "O Navio Negreiro" (Texto 2), exemplo da poesia condoreira de Castro Alves, mostra o sofrimento dos africanos, vítimas do tráfico de escravos nas viagens de navio da África para o Brasil, revelando a difícil situação dos negros, aprisionados no navio, famintos e açoitados pelos marinheiros.

E) Os Textos 2, 3 e 4 têm em comum a temática da escravidão no Brasil: o Texto 2 mostra a dança sensual e naturalista dos escravos no navio negreiro; a tela de Debret (Texto 3) retrata a crueldade dos castigos físicos no processo de escravidão; o Texto 4 revela a ironia romântica de Machado de Assis na representação dos instrumentos de tortura utilizados durante a escravidão.

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