Texto 2
IV
Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras, moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que de martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a manobra,
E após, fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."
[...]
ALVES, Castro. O Navio Negreiro. Excertos. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000068.pdf Acesso em: 12 set. 2020.
Texto 3
A) 1 e 2, apenas.
B) 1, 2 e 3, apenas.
C) 1, 3 e 4, apenas.
D) 2, 3 e 4, apenas.
E) 1, 2, 3 e 4.
Texto 2
IV
Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras, moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que de martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a manobra,
E após, fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."
[...]
ALVES, Castro. O Navio Negreiro. Excertos. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000068.pdf Acesso em: 12 set. 2020.
Texto 3
A) O enunciado "(o tombadilho) Era um sonho dantesco..." caracteriza e sintetiza o cenário a ser descrito em seguida; já as reticências têm o efeito de criar certo suspense antes da apresentação dos fatos.
B) O poeta destaca a individualidade das personagens que representam os escravos ao empregar substantivos coletivos (legiões, multidão) e ao fazer referências no plural (homens negros, negras mulheres, magras crianças).
C) Nos versos: "Um de raiva delira, outro enlouquece,/ Outro, que de martírios embrutece,/ Cantando, geme e ri!", as orações curtas, com repetição dos sujeitos verbais (um/ outro), mostram personagens apáticos, numa ação narrativa lenta.
D) Outras marcas próprias do texto narrativo presentes no texto são: marcação do espaço (tombadilho), marcação do tempo (ali), discurso indireto ("Vibrai rijo o chicote, marinheiros!/ Fazei-os mais dançar!...").
E) Na última estrofe do Texto 2, há uma evidente harmonia entre o cenário descrito (o céu que se desdobra puro sobre o mar) e a ordem dada aos marinheiros ("vibrai rijo o chicote").
Texto 7
XVII – DO TRAPÉZIO E OUTRAS COISAS
[...]
"... Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos. Meu pai, logo que teve aragem dos onze contos, sobressaltou-se deveras; achou que o caso excedia as raias de um capricho juvenil. [...]"
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ática, 1997. p. 44. Excertos.
Texto 8
XXVII – VIRGÍLIA?
A) Machado de Assis destacou-se na prosa do Realismo brasileiro, com narrativas de cunho psicológico, caracterizadas por uma visão própria do Determinismo, corrente que destaca as personagens como representações coletivas em conflito com os padrões sociais vigentes.
B) Os Textos 9 e 10 apresentam conexões dialógicas sobre a "traição amorosa", temática da obra "D. Casmurro". Neste romance, fica clara a ideia de que Capitu é uma mulher dissimulada e engana seu marido, Bentinho, tramando com José Dias, personagens representadas, de modo caricatural, na charge.
C) Virgília é descrita, no Texto 8, conforme os padrões do Realismo ("Era isto Virgília, e era clara, muito clara, faceira, ignorante, pueril, cheia de uns ímpetos misteriosos; muita preguiça e alguma devoção, — devoção, ou talvez medo; creio que medo"). O narrador elabora a crítica aos padrões estéticos do Romantismo ("isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas").
D) O Texto 7 mostra a visão do narrador onisciente sobre Marcela, personagem feminina que representava a elite da burguesia carioca e acompanhou toda a trajetória de Brás Cubas, da adolescência à morte.
E) A obra de Machado de Assis pode ser classificada em duas fases: romântica e realista/naturalista. As personagens femininas apresentadas nos Textos 7 e 8 são exemplos da fase realista/naturalista da prosa machadiana, ao passo que Capitu (Texto 10), com seus “olhos de cigana oblíqua e dissimulada", revela traços da fase romântica.
Texto 7
XVII – DO TRAPÉZIO E OUTRAS COISAS
[...]
"... Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos. Meu pai, logo que teve aragem dos onze contos, sobressaltou-se deveras; achou que o caso excedia as raias de um capricho juvenil. [...]"
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ática, 1997. p. 44. Excertos.
Texto 8
XXVII – VIRGÍLIA?
A) [...] a definição que José Dias dera deles [...].
B) [...] se nunca os vira [...].
C) A demora da contemplação creio que lhe deu [...]
D) [...] um pretexto para mirá-los [...].
E) [...] enfiados neles [...].
Texto 7
XVII – DO TRAPÉZIO E OUTRAS COISAS
[...]
"... Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos. Meu pai, logo que teve aragem dos onze contos, sobressaltou-se deveras; achou que o caso excedia as raias de um capricho juvenil. [...]"
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ática, 1997. p. 44. Excertos.
Texto 8
XXVII – VIRGÍLIA?
A) Em: "o caso excedia as raias de um capricho juvenil" (Texto 7), o emprego da crase em "as raias" é facultativo, isto é, também estaria em conformidade com a norma-padrão: "o caso excedia às raias de um capricho juvenil".
B) No trecho: "a senhora que em 1869 devia assistir aos meus últimos dias" (Texto 8), a opção por "assistir aos", em vez de "assistir os", conforme a norma-padrão, indica que o autor quer dizer: "A senhora que em 1869 devia presenciar os meus últimos dias".
C) O trecho "fecha os olhos às sardas e espinhas" (Texto 8) também estaria em conformidade com as regras de uso da crase em: "fecha os olhos à manchas e erupções".
D) O trecho: "Virgília era cheia de uns ímpetos misteriosos" (Texto 8) também atenderia às normas da regência nominal em: "Virgília era tomada com uns ímpetos misteriosos".
E) O trecho: "e a isto atribuo que entrassem a ficar crescidos" (Texto 10) mantém o mesmo sentido em: "e após isto atribuo que entrassem a ficar crescidos".
Texto 11
"Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.
Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada, sete horas de chumbo. Como que se sentiam ainda na indolência de neblina as derradeiras notas da última guitarra da noite antecedente, dissolvendo-se à luz loura e tenra da aurora, que nem um suspiro de saudade perdido em terra alheia."
AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. São Paulo: Ática, 1994. p. 35. Excertos
Texto 12
"E Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe toda a alma pelos olhos enamorados.
A) Em conformidade com a visão idealizada de mundo proposta pelas correntes do Simbolismo e do Determinismo, as personagens do romance “O Cortiço” moldam-se ao meio e transformam-se na relação de passividade com o espaço social.
B) No romance de Aluísio Azevedo, o Cortiço ganha vida e assume destaque como personagem principal, tendo em vista o processo de personificação do espaço (Cortiço), em diversas passagens da narrativa, como se nota no Texto 11.
C) O Texto 12 mostra que a visão de Jerônimo sobre Rita Baiana deve ser considerada zoomorfismo, característica que consiste na desvalorização das personagens femininas e que perpetua o machismo típico da sociedade representada na obra de Aluísio Azevedo.
D) A descrição de Rita Baiana (Texto 12) mostra elementos da cultura brasileira, resgatando-se traços da primeira geração do Romantismo no Brasil, por meio da idealização feminina que exalta a identidade nacional.
E) A obra “O Cortiço” evidencia como a mistura de diferentes raças e etnias, em um mesmo meio, propicia a degradação humana, ressaltando-se que as personagens precisam se acomodar aos papéis sociais determinados no Realismo brasileiro.
Texto 13
LIVRE
Cruz e Sousa
Livre! Ser livre da matéria escrava,
Arrancar os grilhões que nos flagelam
E livre, penetrar nos Dons que selam
A alma e lhe emprestam toda a etérea lava.
Livre da humana, da terrestre bava
Dos corações daninhos que regelam,
Quando os nossos sentidos se rebelam
Contra a Infâmia bifronte que deprava.
Livre! bem livre para andar mais puro,
Mais junto à Natureza e mais seguro
Do seu Amor, de todas as justiças.
Livre! para sentir a Natureza,
para gozar, na universal Grandeza,
Fecundas e arcangélicas preguiças.
CRUZ E SOUSA. Livre. Disponível em:
https://www.escritas.org/pt/t/10984/livre
Acesso em: 13/09/2020.
Texto 14
VIOLÕES QUE CHORAM
A) A obra de Cruz e Sousa apresenta traços da poesia parnasiano-simbolista, com foco na "arte pela arte", ou seja, na busca pela perfeição das estruturas poéticas, na descrição detalhada de objetos e no rigor sintático-estético, características permeadas por valores clássicos.
B) A poesia de Cruz e Sousa evidencia influências da biografia do poeta, filho de escravos alforriados. Sua poesia mostra, predominantemente, a temática do racismo e a situação dos escravos no Brasil, dando continuidade aos preceitos do Condoreirismo, conforme os Textos 13 e 15.
C) O racismo é a temática predominante da poética de Cruz e Sousa, poeta que dá destaque à figura do negro na literatura, como nos Textos 13, 14 e 15. Esse destaque na representação da identidade negra também está presente no Texto 16, em que "Pantera Negra" traduz a representatividade de um herói negro, especialmente para o público infantil.
D) O Texto 13 é um exemplo típico da poesia parnasiano-simbolista de Cruz e Sousa, visto que mostra a preocupação do sujeito lírico com a liberdade formal e a busca da perfeição poética, com destaque para descrições objetivas, negação do sentimentalismo e para a rigidez dos versos brancos.
E) O Texto 14 apresenta características da poesia simbolista, a exemplo da musicalidade que aproxima a poesia da música, por meio de "aliteração" e "assonância" nos versos: “Vozes veladas, veludosas vozes,/Volúpias dos violões, vozes veladas,/Vagam nos velhos vórtices velozes/Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas”.
A) O emprego de vocábulos como “vige”, “mercê” e as inversões sintáticas nos autorizam a afirmar que o texto é marcado por um certo arcaísmo.
B) Somente o contexto da situação comunicativa permite que classifiquemos “cidadão” como aposto ou vocativo.
C) A próclise em “Me declare tudo” confere ao texto marcas de oralidade e deve ser entendida como um fenômeno do estilo e não como desvio sintático.
D) A palavra “crespos” retoma a ideia de interioridade contida em “dentro”, acrescentando à ideia de interioridade o contexto semântico de malignidade, contido em diabo.
E) O emprego do verbo ter, em lugar de haver, é uma marca da rigorosa atenção que o autor dedica ao respeito das convenções da norma escrita padrão.
A) É característico do gênero discursivo “notícia de jornal” o recurso a informações que permitem ao leitor contextualizar aspectos da notícia. A referência ao prédio de “alto luxo” funciona segundo este princípio, sublinhando a riqueza dos moradores.
B) A citação da manifestação da historiadora Larissa Ibúmi ajuda o texto a defender uma linha argumentativa que associa o racismo ao problema da desigualdade econômica.
C) A descrição da qualificação da pesquisadora citada no texto confere ao trecho citado um reforço de autoridade, por se tratar de uma declaração proferida por uma estudiosa que desenvolve pesquisa aprofundada sobre um tema.
D) A referência ao filme Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, evidencia que o texto busca expressar pontos de vista divergentes, o que se compreende pelo fato de o gênero “notícia de jornal” pautar-se pela imparcialidade.
E) A ocorrência dos termos “criança negra” e “crianças pretas” demonstra que o emprego dos dois adjetivos é legítimo, sendo errôneo deduzir que todo emprego do adjetivo preto/preta implica uma conotação racista.
A) A ausência de personagens negras na cena fortalece a tese defendida pela personagem mais jovem.
B) O contexto permite afirmar que a expressão “Um absurdo!” revela divergência entre as personagens que se expressam.
C) O discurso imagético, que indica um ambiente requintado, sugere que o privilégio social de que desfrutam as pessoas brancas dificulta a interpretação do racismo que afeta pessoas negras.
D) As personagens que estão cabisbaixas expressam constrangimento diante do diálogo das duas mulheres.
E) A paisagem entrevista pela janela é um recurso meramente visual e não desempenha função na construção do argumento do quadrinho.
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